O Prêmio Nobel de Medicina deste ano foi concedido ao trio de cientistas que descobriram o vírus da Hepatite C, que causa uma inflamação do fígado que pode se tornar crônica e causar câncer, levando à morte.
Assim, Harvey J. Alter, Michael Houghton e Charles M. Rice, foram os nomeados para receber esta conquista histórica, conforme anunciou a Academia Sueca nesta segunda (05.10).
Porém, cada um deles colaborou com uma parte importante dos estudos e pesquisas acerca da hepatite C, conquistando o Nobel de medicina. O virologista americano e pesquisador do National Institutes of Health (NIH), Harvey J. Alter, por exemplo, fez experimentos de hepatite associada a transfusões de sangue. E assim, chegou à conclusão de que o vírus até então desconhecido, era uma causa comum de hepatite crônica.
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Por outro lado, o também virologista britânico, Michael Houghton, usou uma estratégia não testada para isolar o genoma do novo vírus, que passou a ser conhecido como o vírus da hepatite C. Atualmente, ele é diretor do Instituto de Virologia Aplicada da Universidade de Alberta, no Canadá.
Assim como os colegas, Charles M. Rice, outro estudioso americano, forneceu a evidência que estava faltando, para comprovar que o vírus da hepatite C podia, ser o causador da doença, sozinho. Ele também é professor de virologia na Universidade Rockefeller, nos EUA.

Prêmio pela descoberta de Hepatite C: 30 anos depois
Sobretudo, vale lembrar que todos os três cientistas hoje são idosos com mais de 60 anos de idade. E que seus estudos começaram no final da década de 1980. Ou seja, o reconhecimento só veio agora, para eles.
Questionado sobre a demora destes anos todos para homenagear os envolvidos no estudo de Hepatite C, o secretário do comitê do Nobel, Thomas Perlmann, disse que é normal o processo levar tempo, até ter certeza das informações conseguidas.
“Depois de 1989, quando o vírus foi clonado, tornou-se aparente bem rápido que era [uma descoberta] útil para a serologia, mas houve desenvolvimentos adicionais que levaram a medicamentos antivirais que se provaram imensamente importantes. E isso é muito mais recente”, esclareceu.
Em outras palavras, ele também afirma que apesar da longa espera, os vencedores estão animados com a vitória. E também frisou que “o comitê do Nobel é muito cuidadoso antes de chegar a uma decisão”.
Os vencedores dividirão, em partes iguais, o valor de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,3 milhões).

A importância da descoberta que ganhou o Nobel de Medicina
Nos anos 1940, a comunidade científica já havia observado que haviam dois tipos de hepatite infecciosa: hepatite A, que era transmitida por água ou comida contaminadas.
E a outra, (que veio a ser chamada de C), que era transmitida pelo sangue ou outros fluidos corporais e era bem mais séria que a primeira, podendo levar a um problema crônico de saúde.
Já em 1976, B. Blumberg venceu o Nobel de Medicina, ao determinar que o meio de transmissibilidade da doença era o sangue. Ainda assim, a maioria dos casos de hepatite transmitida pelo sangue continuava sem motivo claro.
E foi justamente aí que entrou a revelação do trio, em 1989: O vírus C, que era a causa dos casos restantes de hepatite crônica e possibilitou exames de sangue e novos medicamentos que salvaram milhões de vidas.
O que é hepatite?
Hepatite é a degeneração do fígado causada por infecções virais, consumo excessivo de álcool e uso de medicamentos com substâncias tóxicas para o corpo.
No entanto, existem cinco tipos de hepatite: A, B, C, D, e E. Mas só existem vacinas contra apenas dois deles: A e B (no Brasil, elas são cobertas pelo Sistema Único de Saúde – SUS). Já para o tipo E, há uma imunização desenvolvida e licenciada na China, mas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ainda não está disponível em todo o mundo.
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No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, entre os anos de 1999 a 2018, foram notificados 359.673 casos da doença. Mas, maior parte dos infectados desconhece que tem a doença. Isto é, porque, cerca de 80% dos que têm o vírus não apresentam manifestação da doença.
Contudo, os sintomas mais comuns costumam ser cansaço, tontura, febre, mal-estar, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Quanto à prevenção, o Ministério da Saúde recomenda não compartilhar com outras pessoas, objetos pessoais que tenham entrado em contato com sangue ou fluidos (seringas, agulhas, alicates, escova de dente etc.) e usar preservativo nas relações sexuais.
Já o tratamento é feito com antivirais de ação direta, por 8 ou 12 semanas. O SUS disponibiliza acesso ao tratamento, a todos os hepáticos, de maneira gratuita.
Fonte: Nobel Prize
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