Dor nas costas: um dos relatos mais comuns nesta pandemia
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizou um estudo, que apontou aumento de queixas por dor nas costas, durante a quarentena. Em conjunto com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
De acordo com os dados levantados, pela pesquisa, no Brasil, antes da pandemia do novo Coronavírus, aproximadamente 18,5% das pessoas sente dor na coluna. Agora, há pouco mais de 4 meses de isolamento domiciliar, este número saltou para estrondosos 41%.
A coordenadora do estudo e também professora do curso de enfermagem da UFMG, Deborah Malta, aponta este aumento nos números, se deu devido à redução de atividades físicas, sedentarismo e ao estresse que a repentina mudança de rotina e de confinamento causou nas pessoas.
Malta ainda explicou que as dores na coluna tem relação direta com o estresse, uma vez que esta região fica muito tensionada e responde por meio de sinais e estímulos à dor. Ainda conforme ela, um outro fator agravante tem sido o aumento significativo do tempo gasto em frente a televisores e computadores, no caso de quem trabalha em home office.
Pandemia e exposição ao eletrônicos
A pesquisa ainda constatou que, nesta pandemia, em média as pessoas passaram a assistir 3,3 horas diárias de TV e a passar 5,3 horas em frente ao tablet ou celular. Estes números quase dobraram, após o início da pandemia.
Antes, o consumo das telas de TV médio era de 1,8 horas por dia, enquanto o de tablet ou celular era de 3,8 horas por dia. No entanto, a pesquisa ainda concluiu que antes do novo Coronavírus, cerca de 36% das pessoas praticavam atividade física. Mas, atualmente, este percentual caiu para apenas 14%.
Pesquisa do Google: “dor nas costas”
Por incrível que pareça, até as pesquisas no maior mecanismo de buscas da internet, o Google.com, pelo termo “dor nas costas”, aumentou quase 80%, desde o início da pandemia. Isto é, de acordo com o Google Trends, serviço de análise de tendências do buscador.
Segundo o médico ortopedista especialista em coluna do Hospital Aeroporto, Dr. Alexandre Andrade, o sedentarismo no isolamento não só tem agravado o estado físico das pessoas, mas bem como o psicológico, trazendo ansiedade, entre outras doenças.
“Existem alguns fatores que estão levando ao surgimento ou persistência da dor lombar, o primeiro deles é que, devido à pandemia, as pessoas estão passando mais tempo em casa e reduzindo ou deixando de fazer atividade física. Além disso, as pessoas estão mais ansiosas e na hora de dormir estão com o sono irregular, então aquela virada de um lado para o outro pode desencadear dores nas costas”, frisou.
Ansiedade e dor nas costas em tempos de pandemia
Conforme explica o psiquiatra e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcelo Kimati, a ansiedade é um quadro muito comum de todo ser humano. Ela se apresenta, como mecanismo de defesa, muitas vezes encarado como algo a ser controlado, ou ‘contornado’ pelas pessoas. contra mudanças bruscas, que causam estresse e tiram as pessoas de seus ritmos habituais de vida.
“A ansiedade é uma resposta natural do corpo. Mas, muitas vezes, acaba sendo encarada como algo patológico a ser evitado, devido à necessidade de controlar constantemente as emoções”, explicou.
Além disso, a doença não só afeta a qualidade do sono. Outrossim, também pode provocar o aumento de peso, além de outros distúrbios. Kimati ainda esclareceu que isso acontece porque as pessoas ansiosas acabam comendo mais. O que pode fazer com que ganhem peso e elevem a sobrecarga na coluna causando sérios danos à região.
Por fim, a combinação da redução de atividades físicas junto da ansiedade, são fatores marcantes. E falta de rotina, muitas vezes, má qualidade qualidade do sono e ganho de peso acabam ocasionando ou intensificando as dores na lombar. E este é um grande resumo, das mudanças pelas quais muitas pessoas tem passado, durante este isolamento.