Mulher com HIV é curada com células-tronco de cordão umbilical
Atualmente, o tratamento da aids se dá por medicamentos antirretrovirais (ARV)
Belo Horizonte, 23 de maio de 2022, por Fernanda Veiga – Uma mulher com HIV foi curada com células-tronco de cordão umbilical nos Estados Unidos da América. O caso repercutiu na imprensa e será registrado como a primeira cura em mulheres no mundo. Saiba mais aqui no Saudelab os detalhes dessa notícia.
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Atualmente, o tratamento da aids se dá por medicamentos antirretrovirais (ARV) que surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo.
Então, esses remédios ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Por isso, o uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas.
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Do câncer ao HIV
Inicialmente, a paciente convivia com o HIV quando foi diagnosticada com leucemia mieloide aguda (LMA), um câncer com risco de morte, em 2017. Os pesquisadores obtiveram células-tronco do sangue do cordão umbilical de um doador anônimo.
O objetivo da equipe, todavia, era tratar o câncer e, ao mesmo tempo, gerar um novo sistema imunológico composto por células resistentes ao HIV. Foi a primeira mulher a seguir o modelo que produziu três outros casos conhecidos de prováveis curas do HIV em homens.
Uma diferença com casos anteriores é que as células-tronco do sangue do cordão umbilical são menos eficientes na geração de um novo sistema imunológico após o transplante, então a mulher também recebeu células-tronco do sangue periférico de um parente adulto que não possuía a mutação defeituosa.
Logo após o transplante, a maioria das células imunes que puderam ser detectadas eram derivadas das células-tronco do sangue adulto. Entretanto, com o tempo a proporção de células derivadas do transplante de sangue do cordão umbilical aumentou.
A comprovação da cura
A partir do centésimo dia de acompanhamento, conforme relatado na Reunião Anual da Sociedade Americana de Hematologia, a remissão da LMA foi alcançada e a mulher inicialmente continuou em terapia antirretroviral (TARV) com a carga viral do HIV permanecendo suprimida.
Agora, mesmo com a TARV interrompida três anos após o transplante, não houve rebote da carga viral do HIV. A paciente, que é descrita como de meia-idade, está sem TAR há mais de 14 meses com carga viral de HIV persistentemente indetectável. Ela recebeu, durante esse período, a vacina contra Covid-19 sem nenhum efeito indesejável. Os pesquisadores testaram as células da mulher em laboratório e descobriram que eram resistentes ao HIV.
Logo, o caso reforça a evidência de que a cura do HIV é alcançável e demonstra que, para pessoas com HIV e certos tipos de câncer com risco de vida, o transplante de células-tronco de doadores pode funcionar em mulheres e homens.
O estudo destacou que os bancos de células-tronco do sangue do cordão umbilical podem ser testados quanto à presença da mutação cancerígena, e a abordagem usada neste caso pode aumentar as chances de identificar doadores para pessoas com que necessitam de transplantes de células-tronco para câncer.
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