Conhecida pela interação entre doenças, a Sindemia é um agravante na atual pandemia, que estamos vivendo desde meados de março. Foi o que afirmou o periódico científico The Lancet nesta terça (13.10).
No entanto, para a comunidade médico-científica mundial tem sido muito difícil controlar as adversidades e comorbidades que envolvem a doença. Apesar da atual estratégia de combate ser limitada demais para deter o avanço da doença.
Para o editor-chefe do The Lancet, Richard Horton, “Todas as intervenções se concentraram em cortar as rotas de transmissão viral para controlar a disseminação do patógeno”.
Contudo, Horton ainda completa dizendo que por um lado existe o Sars-CoV-2 (agente causador da covid-19) e, por outro, uma série de doenças não transmissíveis. E a sindemia entre estes dois elementos na sociedade é muito grave.

Saiba mais sobre sindemia
O termo sindemia foi criado pelo médico e antropólogo americano, Merrill Singer, na década de 1990. Em suma, é uma mescla das palavras “pandemia” e “sinergia”, que significa interação. Para ser mais preciso, é quando “duas ou mais doenças interagem de tal forma que causam danos maiores do que a mera soma delas”.
Todavia, o conceito surgiu quando o cientista e seus colegas estavam pesquisando o uso de drogas em comunidades de baixa renda nos Estados Unidos. Na ocasião, descobriram que muitos dos usuários de drogas injetáveis sofriam de várias outras doenças, como tuberculose, DST’s e outras.
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Da mesma maneira, a Covid-19 trouxe consigo muitos distúrbios, como o agravamento de doenças respiratórias, depressão, ansiedade, surtos de pneumonia, etc. Mas, vale lembrar que o pacote de problemas da sindemia não é ligado apenas a doenças, mas sim aos fatores socioeconômicos gerais, das nações.
Conforme Singer, “O impacto dessa interação também é facilitado pelas condições sociais e ambientais que, de alguma forma, aproximam essas duas doenças ou tornam a população mais vulnerável ao seu impacto”, completou.

Outros fatores ligados à interação
Nesse sentido, existem fatores biológicos, sociais e econômicos que colaboraram para que o mundo chegasse até este ponto de sindemia.
No caso da enfermidade, ela interage com uma variedade de condições pré-existentes, mas há uma taxa desproporcional, nas localidades de baixa renda e minorias étnicas. Assim como é de praxe, para os grupos sociais que não têm uma infraestrutura sólida de educação, saúde e higiene.
Por outro lado, Singer ainda alerta para o risco de novas pandemias, caso mudanças pontuais não seja feitas de imediato, com doenças já existentes que não têm recebido atenção e estratégias assertivas, como Dengue, Zika, Aids, etc.
“O risco de não fazer isso é enfrentar outra pandemia como a covid-19 no tempo que leva para uma doença existente escapar do mundo animal e passar para os humanos, como foi o caso do Ebola e do Zika, e que continuará a ocorrer à medida que continuarmos a invadir o espaço das espécies selvagens, ou como resultado da mudança climática e do desmatamento”, esclareceu o especialista.
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Fonte: BBC /The Lancet
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