Teste do pezinho: Especialista fala da importância da medicina preventiva para recém-nascidos

O exame detecta seis tipo de doenças graves e assintomáticas em recém-nascidos

O teste do pezinho é um exame que detecta doenças graves e assintomáticas em recém-nascidos. Porém, para que o teste tenha sucesso, é importante realizar a coleta no tempo ideal, que é entre o terceiro e o quinto dia de vida do bebê. O teste é realizado gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde.

Segundo o médico e pesquisador, fundador do laboratório especializado em triagem neonatal dos Erros Inatos da Imunidade através do teste do pezinho, Antonio Condino-Neto, este é um exemplo da importância da medicina preventiva em bebês.

O teste é realizado a partir de algumas gotas de sangue coletadas do calcanhar do bebê. Através dele é permitindo identificar doenças graves assintomáticas no nascimento, mas que podem causar sérios danos à saúde se não forem diagnosticadas e tratadas precocemente.

Doenças detectadas com o teste do pezinho

Conheça algumas doenças diagnosticadas no teste do pezinho:

  • Fenilcetonúria:

O problema está relacionado com a deficiência em metabolizar determinadas proteínas. O paciente não consegue processar fenilalanina, presente em alguns alimentos. Logo, a substância tóxica se acumula no organismo e, em altos níveis, afeta o sistema nervoso central podendo causar danos cerebrais.

  • Hipotireoidismo Congênito:

Ausência ou produção reduzida do hormônio da tireoide. Porém, o hormônio é importante para o amadurecimento e funcionamento de vários órgãos, em especial o Sistema Nervoso Central. A falta do hormônio pode provocar retardo neuropsicomotor acompanhado de lesões neurológicas irreversíveis, por exemplo.

consulta pediátrica teste do pezinho
O acompanhamento pediátrico também é indispensável (Foto: Canva PRO)
  • Doença Falciforme (Hemoglobinopatias):

Nesta condição, os glóbulos vermelhos, diante de certas condições, mudam de forma e fica parecida com uma foice, por isso o nome falciforme. Os glóbulos alterados aderem uns nos outros, dificultando a passagem do sangue nos pequenos vasos causando dor e inchaço nas juntas, anemia, bem como infecções.

  • Fibrose Cística:

A desordem genética provoca infecções crônicas nas vias aéreas afetando especialmente os pulmões e o pâncreas. A produção de muco aumenta, tornando-o mais viscoso, o que causa obstrução dos órgãos. A doença ainda tem morbimortalidade elevada, apenas 34% dos pacientes chegam à idade adulta e menos de 10% ultrapassam os 30 anos de idade.

  • Hiperplasia adrenal congênita (HAC):

Este é um distúrbio raro do desenvolvimento da glândula adrenal, que se caracteriza por diferentes deficiências enzimáticas na síntese dos esteroides adrenais. Entretanto, se houver o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, é possível melhorar o padrão de crescimento, ou mesmo ser normalizado, na maior parte dos casos.

  • Deficiência de biotinidase:

A doença costuma aparecer a partir da sétima semana de vida, com distúrbios neurológicos e cutâneos, como crises epilépticas, hipotonia (diminuição do tônus muscular e da força). Assim como atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, alopecia (perda de pelos e/ou cabelos) e dermatite eczematoide. Se houver demora no diagnóstico, o paciente pode ter distúrbios visuais e auditivos, assim como atraso motor e de linguagem.

Atualmente, o exame foi ampliado e envolve até 50 novas doenças raras, incluindo a triagem das imunodeficiências.  O Governo Federal sancionou o Projeto de Lei em maio de 2021 e o Sistema Único de Saúde (SUS) ficou responsável pela implementação, que entretanto, deve durar quatro anos.

Teste do pezinho para melhor qualidade de vida

O diagnóstico precoce é importantíssimo para quem sofre com essas doenças e quanto antes for o início do tratamento, melhor. Quando falamos sobre medicina preventiva para os recém-nascidos, a primeira atitude essencial é o teste do pezinho. Desta maneira, pode-se reduzir a mortalidade, sequelas, sofrimento e custo social, por exemplo, para administrar doenças congênitas graves.

Além do teste do pezinho, outras formas de medicina preventiva para recém-nascidos é o acompanhamento pediátrico mensal. Aliás, o Ministério da Saúde sugere um calendário mínimo de consultas, sendo o total de sete nos primeiros 18 meses de vida. Concomitantemente, o calendário de vacinação deve ser cumprido com responsabilidade e rigor.

Os primeiros 1000 dias de vida do ser humano são determinantes no desenvolvimento.” A sociedade brasileira deve exigir dos governantes o cumprimento da lei de ampliação do teste do pezinho, que passou de seis para 50 doenças detectadas, dentre as quais a triagem dos erros inatos da imunidade”, concluiu Condino-Neto.

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