Vamos falar sobre a esclerose múltipla?

Neurologista da Rede Mater Dei de Saúde fala sobre doença crônica e autoimmune, que atinge pessoas jovens, geralmente mulheres, e ainda é estigmatizada

A atriz Ludmila Dayer, conhecida pela participação em “Malhação”, no ano 2000, revelou o diagnóstico de esclerose múltipla. Ela contou sobre a doença durante uma transmissão ao vivo em seu Instagram. A Esclerose Múltipla é uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso central, podendo provocar sintomas neurológicos incapacitantes, como alterações de marcha, incontinência urinária, alterações visuais e de equilíbrio da pessoa. Apesar de rara, é a segunda principal causa de incapacidade entre jovens, ficando atrás apenas de traumas. A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem) estima que 40 mil brasileiros tenham a doença.

Esclerose Múltipla

De acordo com o neurologista da Rede Mater Dei de Saúde, Henrique Freitas, a Esclerose Múltipla é extremamente estigmatizada por sua denominação. “O termo esclerose é muitas vezes associado ao processo de envelhecimento com uma conotação pejorativa, o que dificulta o entendimento da doença pelos portadores, jovens em sua grande maioria. Sua nomenclatura também se confunde com doenças degenerativas com nomes semelhantes, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA), que tem processo patológico completamente distinto”, esclarece Freitas.

Embora a doença ainda não tenha suas causas bem esclarecidas, a Esclerose Múltipla tem sido foco de muitos estudos no mundo todo, o que tem possibilitado significativa evolução na qualidade de vida dos pacientes, geralmente jovens, sendo a maioria de mulheres com idade entre 20 e 40 anos.

“É sempre bom ressaltar que os pacientes com Esclerose Múltipla têm uma expectativa de vida semelhante à da maioria da população. A doença neurológica e crônica é considerada autoimune, pois as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares. Ainda sem cura, ela pode se manifestar por diversos sintomas e ser controlada com medicamentos”, comenta o neurologista. Fadiga intensa, depressão, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio da coordenação motora, dores articulares, disfunção intestinal e da bexiga são alguns sinais da doença.

Muitos anos sem tratamento

Segundo o médico, a doença permaneceu muitos anos sem tratamentos efetivos. Descrito pelo neurologista Jean-Martin Charcot em 1868, o primeiro tratamento da Esclerose Múltipla foi disponibilizado somente em 1993, com o lançamento dos interferons beta primeira. “Durante todo este período convivemos com um cenário pouco acalentador para pacientes e médicos, em que assistimos inertes o surgimento de incapacidade em pessoas jovens, no auge das suas potencialidades. A falta de alternativas terapêuticas foi por muito tempo um terreno fértil para tratamentos não ortodoxos e sem comprovação científica”, recorda-se Freitas.

A partir da aplicação dos interferons, o tratamento da Esclerose Múltipla passou por uma revolução, potencializada nas últimas décadas pela aplicação das terapias imunobiológicas. “Hoje, há mais de dez alternativas farmacológicas disponíveis, com muitas outras em fase avançada de pesquisa. A doença com nome assustador e sem tratamento se tornou uma doença crônica tratável”, comenta o médico.

Tratamento individualizado

Com o surgimento de novas terapias e com as mudanças de critérios diagnósticos, a abordagem do portador da esclerose múltipla se tornou multiprofissional e individualizado. “Nesse contexto de grande transformação é necessário que os médicos se atualizem rapidamente para que a informação adequada seja transmitida aos pacientes e que as melhores escolhas sejam tomadas”, acrescenta Henrique Freitas.

A equipe de neurologia da Rede Mater Dei, com todo o apoio da diretoria e das outras clínicas, iniciou o acompanhamento especializado em esclerose múltipla, disponibilizando dois neurologistas especializados na doença com horários ambulatórias no programa Mais Saúde Mater Dei, com agendas exclusivas para o acompanhamento da doença. Além disso, foi montado o Centro de Infusão para o tratamento de doenças não oncológicas, também no Mais Saúde.

“Cada paciente é atendido de maneira individualizada, com medicamentos prescritos para seu estágio da doença. Muitas vezes o desconhecimento dos fluxos do tratamento gera uma judicialização inadequada ou mesmo impede que o paciente tenha acesso ao tratamento indicado. Nosso maior objetivo é acolher o paciente no momento do diagnóstico, centralizar o cuidado e trazer segurança para ele e sua família, para que possamos, cada vez mais, tirar o peso do estigma da esclerose múltipla”, complementa o neurologista.

Colaboração: Rede Mater Dei de Saúde 

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