Redução do consumo de sal no Japão: um modelo de sucesso para combater doenças cardiovasculares

O Japão, conhecido por sua longevidade e dieta tradicional, enfrenta um desafio paradoxal: o alto consumo de sal, que contribui para o aumento de doenças cardiovasculares (DCVs) e custos crescentes em saúde.

No entanto, um estudo recente publicado na revista Hypertension Research revela como políticas públicas, colaboração com a indústria alimentícia e reformulação de produtos têm sido fundamentais para reduzir o consumo de sal no país, salvando vidas e economizando bilhões de ienes.

O problema do sal no Japão: Um legado cultural e de saúde pública

O consumo excessivo de sal é um dos principais fatores de risco para hipertensão e doenças cardiovasculares, que respondem por 19% dos gastos totais em saúde no Japão.

Apesar de uma redução gradual nas últimas décadas, o consumo médio diário de sal no país ainda é de 10,1 gramas, mais que o dobro da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 5 gramas por dia.

Diferentemente de países ocidentais, onde alimentos processados são a principal fonte de sódio, no Japão, mais de 50% do sal consumido vem de fontes “discrecionárias”, como molho de soja, missô e peixes salgados.

Esses condimentos tradicionais representam 44% do consumo total de sal, enquanto temperos em geral contribuem com 66%. No entanto, entre os jovens, o cenário está mudando: mais da metade do sódio consumido vem de alimentos processados e refeições prontas, refletindo mudanças nos hábitos alimentares.

Políticas públicas e colaboração com a indústria: O caminho para a redução

O Japão tem sido um pioneiro em políticas de redução de sal desde a década de 1950. Esses esforços já evitaram cerca de 298.000 mortes em homens e 118.000 em mulheres, segundo estimativas do estudo.

A Sociedade Japonesa de Hipertensão (JSH) tem desempenhado um papel crucial, colaborando com a indústria alimentícia para desenvolver produtos com baixo teor de sódio. Desde 2013, 108 produtos foram certificados como “baixo sódio”, evitando que 9.678 toneladas de sal entrassem na dieta dos japoneses em uma década.

Além disso, o país implementou iniciativas como o programa Health Japan 21, que estabeleceu metas progressivas para reduzir o consumo de sal para menos de 7 gramas por dia até 2032.

O Japão também adotou rotulagem obrigatória de sódio e regulamentações para merendas escolares, alcançando o nível 3 no scorecard de sódio da OMS. No entanto, o país ainda está atrás de nações como Espanha e México, que implementaram políticas mais rigorosas para limitar o sódio em alimentos industrializados.

Impacto econômico: Reduzir o sal para salvar vidas e economizar recursos

O estudo utilizou modelos de simulação para prever os impactos econômicos e de saúde da redução do consumo de sal. Os resultados são impressionantes: atingir as metas de redução de sal poderia diminuir os casos de doenças cardiovasculares em 1-3% e reduzir os custos relacionados em até 2% em uma década.

Além disso, estima-se que os esforços históricos de redução de sal desde 1950 tenham evitado centenas de milhares de mortes, destacando os benefícios de longo prazo dessas políticas.

Lições para o mundo: Um modelo de sucesso

O Japão oferece um modelo valioso para outros países que enfrentam desafios semelhantes. A combinação de políticas públicas, educação do consumidor e colaboração com a indústria mostra que é possível equilibrar objetivos de saúde pública com as realidades econômicas e culturais.

No entanto, o estudo também ressalta a necessidade de intensificar os esforços, especialmente em relação à reformulação de alimentos e à conscientização pública.

O que podemos aprender com o Japão?

  • Educação e conscientização: Campanhas públicas podem ajudar a mudar hábitos alimentares, especialmente em relação ao uso de condimentos tradicionais.
  • Colaboração com a indústria: Parcerias com fabricantes de alimentos são essenciais para desenvolver produtos mais saudáveis sem comprometer o sabor.
  • Políticas robustas: Regulamentações mais rigorosas, como limites obrigatórios de sódio em alimentos processados, podem acelerar a redução do consumo de sal.
  • Monitoramento e avaliação: Ferramentas como o scorecard de sódio da OMS ajudam a medir o progresso e identificar áreas que precisam de melhorias.

A redução do consumo de sal no Japão é um exemplo de como políticas públicas bem planejadas e colaboração multissetorial podem gerar impactos significativos na saúde e na economia.

Enquanto o país ainda enfrenta desafios, seu progresso oferece lições valiosas para outras nações que buscam combater doenças cardiovasculares e reduzir custos em saúde.

A mensagem é clara: pequenas mudanças na dieta, como reduzir o uso de sal, podem ter um grande impacto na saúde do coração e no bem-estar geral.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

Artigos: 206
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