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Donanemabe: Anvisa aprova medicamento inovador para retardar avanço do Alzheimer
Anvisa aprova o donanemabe, medicamento inovador que retarda o avanço do Alzheimer em estágio inicial. Entenda como o TRAILBLAZER-ALZ 2 comprovou sua eficácia, indicações e efeitos colaterais. Saiba como essa terapia pode mudar o tratamento da doença no Brasil.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu um passo significativo no combate ao Alzheimer ao aprovar o registro do Kisunla (donanemabe), um medicamento inovador destinado a pacientes nos estágios iniciais da doença.
A decisão representa uma esperança para milhares de brasileiros e familiares que enfrentam os desafios dessa condição neurodegenerativa, ainda sem cura.
O donanemabe é um anticorpo monoclonal que atua diretamente sobre os aglomerados da proteína beta-amiloide, uma das principais responsáveis pelo avanço do Alzheimer.
Essas placas, que se acumulam no cérebro, estão associadas à degeneração neuronal e à perda progressiva de funções cognitivas. Ao se ligar a esses depósitos, o medicamento ajuda a reduzir sua presença, retardando a progressão da doença.
Estudos clínicos comprovam eficácia
A aprovação do donanemabe pela Anvisa foi baseada em um ensaio clínico robusto, envolvendo 1.736 pacientes com diagnóstico de Alzheimer em fase inicial – aqueles que apresentavam comprometimento cognitivo leve ou demência leve, além de evidências de patologia amiloide.
O estudo, conduzido em duas etapas, comparou os efeitos do medicamento com um placebo.
Os participantes receberam 700 mg de donanemabe a cada quatro semanas nas três primeiras doses, seguidos por 1.400 mg a cada quatro semanas (para 860 pacientes), enquanto o grupo controle (876 pacientes) recebeu apenas infusões simuladas. O acompanhamento durou 76 semanas.
Os resultados foram estatisticamente significativos: pacientes tratados com donanemabe apresentaram progressão mais lenta da doença em comparação ao grupo placebo.
Isso significa que, embora o medicamento não reverta os danos já existentes, ele pode ganhar tempo precioso para os pacientes, mantendo por mais tempo suas capacidades cognitivas e qualidade de vida.
Restrições e efeitos adversos
Apesar dos benefícios, o donanemabe não é indicado para todos os pacientes. A Anvisa alerta que seu uso é contraindicado em pessoas que:
- Estejam em tratamento com anticoagulantes, como varfarina;
- Tenham diagnóstico de angiopatia amiloide cerebral (AAC), detectada por ressonância magnética.
- Nesses casos, os riscos superam os benefícios, exigindo avaliação médica criteriosa antes da prescrição.
Quanto aos efeitos colaterais, os mais comuns estão relacionados à infusão intravenosa, incluindo:
- Febre e sintomas semelhantes aos da gripe;
- Dor de cabeça;
- Reações no local da aplicação.
A Anvisa reforçou que monitorará continuamente a segurança e a eficácia do medicamento, seguindo um Plano de Minimização de Riscos para garantir que eventuais adversidades sejam rapidamente identificadas e controladas.
O Alzheimer e seu impacto no Brasil
O Alzheimer é a forma mais comum de demência neurodegenerativa, responsável por mais da metade dos casos em idosos.
Segundo o Ministério da Saúde, a doença se caracteriza pela perda progressiva de neurônios, especialmente em regiões como o hipocampo (relacionado à memória) e o córtex cerebral (essencial para linguagem, raciocínio e reconhecimento).
Ainda não se sabe exatamente o que desencadeia a doença, mas acredita-se que fatores genéticos e alterações no processamento de proteínas cerebrais estejam envolvidos.
Com o tempo, os pacientes enfrentam dificuldades crescentes em realizar atividades cotidianas, exigindo cuidados integrais e contínuos por parte de familiares e profissionais de saúde.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento multidisciplinar e medicamentos para retardar os sintomas. No entanto, o diagnóstico precoce e o acesso a terapias inovadoras, como o donanemabe, são fundamentais para mudar o curso da doença.
O que esperar do futuro?
A aprovação do donanemabe pela Anvisa é um marco, mas ainda há desafios. O custo do tratamento e sua disponibilidade no SUS são questões que precisam ser discutidas. Além disso, pesquisas continuam em busca de medicamentos que não apenas retardem, mas interrompam ou revertam os danos do Alzheimer.
Enquanto isso, a mensagem é clara: o diagnóstico precoce faz diferença. Quanto antes a doença for identificada, maiores as chances de intervenções eficazes. Para pacientes e familiares, a notícia traz um alento – a ciência está avançando, e cada nova aprovação é um passo em direção a um futuro com mais esperança.