Comer bem pode, literalmente, render mais anos de vida.

Um novo estudo publicado na revista Nutrients mostra que a expectativa de vida tende a ser significativamente maior entre pessoas que mantêm uma dieta saudável; mesmo naquelas que já apresentam algum grau de fragilidade física, uma condição comum entre idosos e que costuma elevar o risco de doenças e morte precoce.

A pesquisa analisou dados de mais de 150 mil britânicos de meia-idade e idosos acompanhados por mais de uma década.

Quanto melhor a qualidade da alimentação, menor o risco de morrer mais cedo e maior o tempo de vida esperado, apontou o resultado.

Segundo os cientistas, uma alimentação equilibrada não só ajuda a prevenir doenças, mas também pode reduzir os impactos da fragilidade, um dos grandes desafios do envelhecimento.

O poder de uma dieta saudável para envelhecer bem

Os pesquisadores avaliaram sete padrões alimentares, incluindo o estilo mediterrâneo, o DASH (criado para controlar a pressão arterial) e dietas à base de plantas.

Em comum, todas tinham um ponto central, que era o consumo frequente de frutas, verduras, legumes, grãos integrais, castanhas, peixes e azeite de oliva, com menor presença de alimentos ultraprocessados, gorduras saturadas e açúcar.

Quem seguia esse tipo de dieta saudável apresentou uma expectativa de vida até cerca de cinco anos maior em comparação com pessoas que comiam mal.

Entre os participantes mais frágeis, os benefícios também foram expressivos.

Os homens com alimentação equilibrada viveram, em média, de dois a quatro anos a mais, enquanto as mulheres ganharam de um ano e meio a cinco anos de vida adicional.

Em outras palavras, mesmo quando o corpo já começa a dar sinais de cansaço (como perda de força, lentidão ou fadiga) ajustar o que vai ao prato ainda pode fazer muita diferença.

Por que a boa alimentação protege tanto

A explicação está nos efeitos que os alimentos têm sobre o corpo.

Uma dieta saudável ajuda a controlar a inflamação, o estresse oxidativo e o metabolismo (processos diretamente ligados ao envelhecimento).

O contrário também é verdadeiro. Uma alimentação rica em ultraprocessados e pobre em nutrientes aumenta os níveis de inflamação e desgasta o organismo mais rapidamente.

Os autores do estudo destacam que pessoas frágeis, justamente por terem menos reservas físicas, são mais sensíveis aos impactos da comida.

“O tipo de alimentação que adotamos pode ampliar ou reduzir os efeitos da fragilidade”, observam os pesquisadores.

Ou seja, o cardápio de cada dia é uma ferramenta poderosa não só para prevenir doenças, mas também para proteger quem já enfrenta limitações físicas.

É uma mensagem otimista. Nunca é tarde para mudar os hábitos.

O que colocar no prato para viver mais

O padrão alimentar associado a maior expectativa de vida não exige fórmulas mirabolantes; ele se baseia em escolhas simples e acessíveis. Eis algumas delas:

Comer mais frutas e verduras todos os dias;
Priorizar grãos integrais (como arroz integral, aveia e pão de centeio);
Dar preferência a proteínas magras, como peixes e leguminosas;
Usar azeite de oliva como principal fonte de gordura;
Evitar embutidos, refrigerantes e alimentos ultraprocessados.

Esses ajustes não precisam acontecer de uma vez.

Pequenas mudanças consistentes são capazes de gerar grandes resultados ao longo do tempo.

Nunca é tarde para cuidar da alimentação

Um dos achados mais inspiradores da pesquisa é que os benefícios de uma dieta saudável aparecem em todas as faixas etárias, inclusive em pessoas mais velhas.

Mesmo em idades avançadas, manter uma boa alimentação pode contribuir para viver mais e melhor.

Com o avanço da população idosa no mundo, os cientistas reforçam que investir em uma dieta saudável é uma das estratégias mais eficazes, e acessíveis, para prolongar a expectativa de vida e envelhecer com mais autonomia.

Portanto, o que você come hoje influencia quantos — e principalmente como — serão seus próximos anos.

Expectativa de vida: estudo mostra que até os mais frágeis podem viver mais com esse tipo de dieta