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Soja fermentada e memória: estudo aponta efeito promissor em mulheres dessa idade
Um novo estudo científico da Universidade de Loma Linda, nos Estados Unidos, aponta que o consumo diário de soja fermentada pode ter um efeito modesto, mas promissor sobre a memória de pessoas idosas, especialmente mulheres com mais de 70 anos.
A pesquisa, publicada na revista científica Nutrients, acompanhou 61 adultos com mais de 65 anos durante 12 semanas.
Metade consumiu um pó à base de soja fermentada, enquanto a outra metade recebeu um placebo (sem ingredientes ativos).
Ao final do período, o grupo que tomou a bebida com soja fermentada apresentou pequena melhora na memória, em comparação com o grupo controle.
Entre as mulheres com mais de 70 anos, o efeito foi mais evidente: houve aumento de cerca de 8% nas pontuações de memória e uma melhora discreta na cognição global.
Os autores ressaltam, porém, que se trata de um resultado preliminar, obtido em um grupo pequeno e por um período curto.
Novas pesquisas com mais participantes e acompanhamento mais longo serão necessárias para confirmar esses achados.
Um aliado natural para o cérebro
A soja fermentada é um alimento tradicional em países asiáticos, como Japão e Indonésia.
Ela está presente em produtos como o missô (pasta usada em sopas e caldos), o natto (grãos inteiros de soja com textura pegajosa e sabor intenso, comum no café da manhã japonês) e o tempeh (bloco firme feito com soja fermentada, muito usado como substituto da carne).
Durante o processo de fermentação, microrganismos transformam os compostos da soja, aumentando a quantidade de substâncias antioxidantes e anti-inflamatórias.
Essa transformação também converte as isoflavonas (compostos naturais da soja) em uma forma que o corpo absorve com mais facilidade.
Essas moléculas têm efeitos semelhantes aos do estrogênio e atuam em áreas do cérebro ligadas ao aprendizado e à memória, como o hipocampo.
Esse mecanismo pode explicar o impacto observado principalmente em mulheres após a menopausa, quando há queda natural nos níveis hormonais.
Benefícios que vão além da memória
Pesquisas anteriores com o mesmo tipo de soja fermentada já haviam mostrado reduções no colesterol, melhora em marcadores de inflamação e efeitos positivos na microbiota intestinal (fatores que também influenciam a saúde cerebral).
O intestino e o cérebro estão mais conectados do que se imagina.
Uma microbiota equilibrada pode contribuir para o humor, a memória e até ajudar na prevenção de doenças neurodegenerativas.
Por que o efeito foi maior em mulheres acima dos 70 anos
Uma das hipóteses dos cientistas é que as isoflavonas da soja possam compensar parte da queda do estrogênio após a menopausa, oferecendo uma espécie de “proteção natural” para o cérebro.
Os pesquisadores observam que os resultados apontam um possível papel da soja fermentada na preservação da memória em mulheres idosas; uma tendência promissora, mas que ainda precisa ser confirmada em estudos maiores e de longa duração.
Eles lembram que o ensaio foi curto e envolveu poucos participantes, por isso ainda é cedo para tirar conclusões definitivas.
Pequenas mudanças que podem fazer diferença
Embora a pesquisa tenha usado uma versão em pó da soja fermentada, os cientistas destacam que alimentos tradicionais como o tempeh, o missô e o natto também contêm compostos semelhantes, e podem fazer parte de uma dieta equilibrada.
Ainda assim, faltam estudos diretos que confirmem se eles produzem os mesmos efeitos sobre a memória.
Vale lembrar que nenhum alimento age sozinho.
O cérebro responde melhor a um conjunto de hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, prática de atividade física, sono de qualidade e estímulos mentais, como leitura e aprendizado de novas habilidades.
Mesmo assim, o novo estudo reforça uma mensagem importante de que o que colocamos no prato pode influenciar diretamente nossa mente. E nesse contexto, a soja fermentada pode ter um papel de destaque.
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