O que o lixo eletrônico tem a ver com a pressão alta em crianças? Mais do que parece

A pressão alta em crianças é um problema que vem chamando atenção de pesquisadores do mundo todo. Ela acontece quando o sangue circula com força maior do que o normal nas artérias, o que pode sobrecarregar o coração e os vasos sanguíneos.

Embora seja mais comum em adultos, o quadro tem surgido cada vez mais cedo, e pode passar despercebido por muito tempo.

Agora, um novo estudo publicado na revista Environment & Health traz um alerta importante.

A exposição ao lixo eletrônico (como celulares, computadores e outros equipamentos descartados de forma inadequada) pode estar contribuindo para o aumento da pressão arterial infantil.

Um perigo invisível que vem do lixo

Quando se fala em lixo eletrônico, normalmente pensamos em sustentabilidade e reciclagem.

Mas pouca gente imagina que esse tipo de resíduo pode afetar diretamente a saúde, especialmente das crianças.

Durante o processo de desmontagem e queima de componentes eletrônicos, são liberadas substâncias tóxicas, como metais tóxicos (cobalto, níquel, estanho, chumbo, cádmio) e compostos orgânicos voláteis (gases invisíveis que se espalham pelo ar e acabam contaminando o solo, a água e os alimentos).

Essas substâncias entram no organismo e podem causar uma série de efeitos a longo prazo.

O estudo chinês analisou 426 crianças que vivem em regiões de reciclagem de lixo eletrônico e descobriu que a prevalência de hipertensão era quatro vezes maior do que a média nacional.

Enquanto a taxa esperada seria de cerca de 3%, nessas áreas chegou a 12,7%.

Como o lixo eletrônico afeta o corpo

Os cientistas investigaram como essa exposição altera o funcionamento do organismo.

Eles encontraram evidências de que a combinação de metais e gases tóxicos provoca mudanças no metabolismo e na microbiota intestinal, interferindo na regulação da pressão arterial.

Em termos simples, essas substâncias podem causar inflamação nos vasos sanguíneos, aumentar a produção de radicais livres e até desregular hormônios que controlam o equilíbrio do sangue.

Com o tempo, o corpo passa a funcionar sob tensão constante, e a pressão alta em crianças se torna uma consequência precoce.

Para identificar os riscos, os pesquisadores também usaram técnicas avançadas de análise de urina e inteligência artificial para prever quais crianças poderiam desenvolver hipertensão no futuro.

O modelo teve 83% de precisão, mostrando potencial para ajudar em programas de triagem e prevenção.

O que isso significa para pais e comunidades

Segundo os autores, o estudo reforça a necessidade de controle ambiental e descarte adequado do lixo eletrônico.

Muitas comunidades em países em desenvolvimento ainda fazem reciclagem de forma informal, sem proteção e com queima a céu aberto.

As crianças, por estarem mais próximas desses locais e terem o organismo em desenvolvimento, são as mais vulneráveis.

Além disso, a pesquisa reacende a importância de hábitos de vida saudáveis.

Uma alimentação rica em frutas, verduras e alimentos naturais ajuda a proteger os vasos sanguíneos e equilibrar a pressão, mesmo em ambientes de maior exposição.

Portanto, prevenir começa muito antes dos primeiros sintomas.

Cuidar da pressão alta em crianças também é cuidar do meio ambiente e repensar o destino dos nossos eletrônicos, afinal, o que vai para o lixo pode acabar voltando, de forma invisível, na saúde das próximas gerações.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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