Como o excesso de exercícios físicos pode sobrecarregar o coração

A ideia de que “quanto mais exercício, melhor” pode não ser tão simples assim. Um novo estudo publicado na revista científica JACC: Advances reacendeu o debate sobre os limites do corpo e os possíveis efeitos do excesso de exercícios físicos no coração, especialmente em atletas de elite.

Os pesquisadores analisaram ciclistas profissionais e jovens atletas para entender como o treino intenso afeta o número de batimentos cardíacos ao longo do dia, algo que eles chamaram de “consumo de batimentos cardíacos”.

A proposta era avaliar se gastar milhares de batimentos a mais em treinos diários poderia, a longo prazo, representar uma sobrecarga para o sistema cardiovascular.

O coração trabalha mais (mas nem sempre isso é ruim)

Durante o exercício, é normal que a frequência cardíaca suba para atender à demanda de oxigênio do corpo.

O curioso é que, em pessoas fisicamente ativas, o coração tende a bater mais devagar em repouso, tornando-se mais “eficiente”.

Esse equilíbrio, segundo os cientistas, é um dos mecanismos que protegem o coração de quem se exercita com regularidade.

Mas o estudo mostrou que, quando o treino é extremo e prolongado (como no caso dos ciclistas do Tour de France, que pedalam várias horas por dia), essa vantagem pode se perder.

O esforço contínuo faz com que o número total de batimentos diários aumente significativamente, superando a economia obtida pela frequência cardíaca mais baixa em repouso.

Existe um limite saudável?

O grupo de pesquisa, liderado pelo Dr. Tim Van Puyvelde, calculou que atletas profissionais chegam a gastar mais de 35 mil batimentos cardíacos por etapa de prova.

Isso sugere que, embora o exercício seja essencial para a saúde, volumes muito intensos ou prolongados podem representar uma carga extra para o coração, principalmente quando o corpo não tem tempo suficiente para se recuperar.

Segundo os autores, isso não significa que praticar esportes seja perigoso. O problema surge quando o treino é levado ao limite, sem pausas adequadas ou acompanhamento médico.

Nessas situações, o coração pode apresentar adaptações conhecidas como “coração de atleta”, que nem sempre são totalmente inofensivas (e merecem acompanhamento especializado).

Menos é mais quando se trata de equilíbrio

Os pesquisadores destacam que o novo conceito de “consumo de batimentos cardíacos” pode ajudar a entender melhor qual é a dose ideal de exercício.

Com o avanço dos relógios e aplicativos que monitoram a frequência cardíaca, é possível observar como o coração reage ao esforço e ao descanso e, assim, identificar sinais de sobrecarga antes que se tornem um problema.

Dicas práticas para proteger o coração:

  • Respeite pausas e períodos de recuperação entre treinos intensos.
  • Use aplicativos ou relógios para acompanhar sua frequência cardíaca.
  • Consulte um médico ou cardiologista esportivo antes de aumentar a intensidade do treino.
  • Para a maioria das pessoas, 30 a 60 minutos de atividade física moderada por dia são suficientes para manter o coração saudável.

A mensagem que o estudo deixa é a de que se movimentar faz bem, mas é importante respeitar os limites do corpo.

O excesso de exercícios físicos, especialmente em treinos extenuantes e sem descanso, pode transformar um hábito saudável em um fator de risco.

Encontrar o equilíbrio entre desempenho e recuperação é a chave para cuidar do coração a longo prazo.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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