A relação entre bactérias ruins e ultraprocessados: o que todo pai deve saber

O que os bebês comem no primeiro ano de vida pode ter um impacto duradouro na saúde intestinal. Um estudo recente revelou que o consumo de alimentos ultraprocessados nessa fase pode favorecer o crescimento de bactérias ruins no intestino, enquanto o aleitamento materno ajuda a proteger contra esses efeitos negativos.

O intestino humano abriga trilhões de microrganismos que desempenham um papel essencial na digestão, no sistema imunológico e até na saúde mental.

Nos primeiros anos de vida, essa microbiota ainda está se formando, tornando a alimentação um fator determinante para seu equilíbrio.

Os pesquisadores observaram que bebês que ingeriam ultraprocessados apresentavam uma microbiota mais vulnerável, com maior presença de bactérias ruins, enquanto aqueles que eram amamentados tinham um perfil intestinal mais saudável.

Mas como esses alimentos impactam o intestino dos bebês? Por que a amamentação tem um efeito protetor? E o que os pais podem fazer para garantir um desenvolvimento intestinal equilibrado? Essas questões serão respondidas ao longo deste texto.

Bactérias Ruins o Que Diz a Pesquisa

A pesquisa, realizada com 728 bebês de até um ano de idade, mostrou que aqueles que consumiam alimentos ultraprocessados tinham uma composição diferente de microbiota intestinal.

Os pesquisadores identificaram uma maior presença de bactérias ruins nesses bebês, microrganismos associados a problemas de saúde, como obesidade e doenças gastrointestinais.

Por outro lado, os bebês que ainda recebiam leite materno apresentaram maior abundância de Bifidobacterium, um tipo de bactéria benéfica para o intestino.

O estudo, publicado na revista Clinical Nutrition, faz parte do projeto MINA – Materno-Infantil no Acre e contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Os cientistas analisaram as amostras fecais dos bebês para entender como a alimentação impactava a microbiota intestinal.

Os resultados foram claros: o consumo de ultraprocessados esteve relacionado ao aumento de gêneros bacterianos como Selimonas e Finegoldia.

Essas bactérias são menos comuns em bebês amamentados e já foram associadas a problemas metabólicos e intestinais na adolescência e na fase adulta.

Ultraprocessados e o Crescimento de Bactérias Ruins

Os alimentos ultraprocessados incluem produtos como biscoitos recheados, salgadinhos, refrigerantes, sucos artificiais, bebidas achocolatadas, macarrão instantâneo, sorvetes entre outros.

Eles contêm altos níveis de açúcar, gordura saturada, sal e aditivos químicos, que podem alterar negativamente o equilíbrio da microbiota intestinal.

O estudo mostrou que o impacto desses alimentos foi ainda maior nos bebês que não recebiam mais leite materno.

Isso sugere que a amamentação tem um papel fundamental na proteção da saúde intestinal dos pequenos, ajudando a conter a proliferação de bactérias ruins.

Segundo Lucas Faggiani, pesquisador envolvido no estudo, os bebês que foram amamentados e não consumiram ultraprocessados apresentaram uma microbiota mais equilibrada e saudável.

Isso reforça a importância da amamentação exclusiva nos primeiros meses e da introdução de alimentos naturais na alimentação infantil, evitando os ultraprocessados.

Por Que a Microbiota Intestinal é Importante?

Como mencionamos de início, dentro do intestino humano existe um universo microscópico formado por trilhões de microrganismos.

Essa comunidade, conhecida como microbiota intestinal, é responsável por diversas funções essenciais, como a digestão dos alimentos, a regulação do sistema imunológico e até a influência na saúde mental.

Nos primeiros anos de vida, a microbiota intestinal ainda está se formando. Por isso, qualquer influência negativa nessa fase pode ter consequências a longo prazo.

O excesso de bactérias ruins pode levar a um desequilíbrio chamado disbiose, que tem sido associado a doenças como obesidade, diabetes, alergias e problemas intestinais.

O estudo revelou que, além das bactérias já citadas, os bebês que não eram amamentados e consumiam ultraprocessados apresentavam um aumento de Firmicutes, um grupo de bactérias que pode indicar um amadurecimento precoce da microbiota intestinal.

Isso pode parecer positivo à primeira vista, mas na verdade pode estar relacionado a um maior risco de doenças metabólicas no futuro.

Como Evitar o Crescimento de Bactérias Ruins no Intestino dos Bebês?

Diante desses resultados, os pesquisadores reforçam a importância de evitar o consumo de ultraprocessados na infância e priorizar uma alimentação baseada em alimentos naturais.

Aqui estão algumas recomendações para garantir um intestino mais saudável para os bebês:

  • Amamentação exclusiva até os seis meses: O leite materno é rico em nutrientes e microrganismos benéficos que ajudam a construir uma microbiota saudável.
  • Evitar ultraprocessados: Alimentos industrializados podem alterar o equilíbrio das bactérias no intestino, favorecendo bactérias ruins.
  • Oferecer alimentos naturais: Frutas, legumes, cereais integrais e proteínas naturais são ideais para o desenvolvimento saudável do bebê.
  • Introdução alimentar equilibrada: A partir dos seis meses, é importante oferecer uma variedade de alimentos saudáveis para estimular a diversidade da microbiota.

O Impacto a Longo Prazo

Os pesquisadores pretendem continuar acompanhando as crianças do estudo para entender como as mudanças na microbiota intestinal nos primeiros anos de vida podem afetar a saúde ao longo do tempo.

Um dos pontos que chamaram a atenção dos cientistas foi o fato de que mais de 80% das crianças analisadas já consumiam ultraprocessados no primeiro ano de vida.

Esse dado preocupa, pois a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que esses alimentos sejam evitados ao máximo até pelo menos os dois anos de idade.

Ao manter uma alimentação saudável desde cedo, os pais podem ajudar a fortalecer a microbiota intestinal dos filhos e reduzir o risco de problemas de saúde no futuro.

Pequenas escolhas hoje podem fazer uma grande diferença para a saúde intestinal e geral das crianças ao longo da vida.

Esse estudo é mais um alerta sobre os impactos da alimentação infantil na saúde.

Com uma dieta equilibrada e a redução do consumo de ultraprocessados, é possível evitar o crescimento de bactérias ruins e garantir um desenvolvimento mais saudável para os pequenos.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

Artigos: 222
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