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O que acontece no cérebro a cada cabeceio? A ciência começa a responder
Você já parou para pensar no que acontece com o corpo (e com o cérebro) a cada vez que um jogador dá um cabeceio?
O tema cabeceio no futebol e saúde cerebral tem despertado o interesse de pesquisadores e médicos do esporte no mundo todo.
E um novo levantamento científico mostra que, embora esse gesto técnico pareça inofensivo, ele envolve forças e acelerações mais intensas do que se imagina.
O movimento que parece simples, mas exige o corpo todo
O cabeceio é uma das marcas do futebol
Seja para afastar um cruzamento na defesa ou marcar um gol de cabeça, o gesto exige coordenação, força e um bom tempo de bola.
Mas por trás dessa habilidade, existe um conjunto de movimentos que envolvem o pescoço, o tronco e, claro, o impacto direto da bola na cabeça.
Uma revisão publicada no British Journal of Sports Medicine analisou mais de 30 estudos para entender como o corpo reage ao cabeceio e o que isso pode significar para a saúde do atleta.
Os pesquisadores observaram que o impacto varia conforme o tipo de jogada, o sexo do jogador, a força e pressão da bola, o posicionamento em campo e até o tipo de treino.
No caso das mulheres, elas tendem a registrar acelerações mais altas durante o cabeceio.
De acordo com os pesquisadores, isso pode ocorrer porque, em geral, possuem menor força na musculatura do pescoço e participam com mais frequência de disputas aéreas diretas, o que aumenta a intensidade dos impactos.
Em geral (tanto para homens quanto mulheres), as maiores acelerações ocorrem durante cobranças de tiro de meta, quando a bola vem em alta velocidade.
Já os defensores são os que mais cabeceiam, seguidos por meio-campistas e atacantes.
Curiosamente, os treinos costumam gerar mais cabeceios do que os jogos oficiais, o que pode aumentar a exposição a impactos repetidos, mesmo que leves.
Quando a tecnologia entra em campo
Medir o impacto do cabeceio no futebol e saúde cerebral é um desafio.
Pesquisadores vêm testando diferentes tecnologias (de sensores em faixas de cabeça a protetores bucais com acelerômetros embutidos) para registrar a força e a direção dos movimentos.
Mas os resultados ainda variam, já que cada dispositivo tem suas limitações.
Mesmo assim, os avanços tecnológicos já ajudam a entender melhor o fenômeno.
Fatores como a força do pescoço, a velocidade da bola e o nível de inflação (isto é, o quanto a bola está cheia de ar e, portanto, mais dura ou mais macia) podem alterar a intensidade do impacto.
Jogadores com musculatura cervical mais forte, por exemplo, tendem a sofrer menores acelerações no momento do contato.
Em outras palavras, um pescoço firme funciona como uma espécie de amortecedor natural durante o cabeceio.
O que isso significa para quem joga
Embora o estudo não tenha identificado um “limite seguro” para o cabeceio, os cientistas destacam a importância de monitorar a frequência e a força desses movimentos, principalmente entre atletas que treinam com alta intensidade.
Eles defendem que novas pesquisas ajudem a estabelecer parâmetros clínicos mais claros sobre o que seria uma exposição segura ao cabeceio.
Os autores também ressaltam que, até o momento, não há motivo para alarme: o cabeceio, por si só, não é um vilão.
O que preocupa é o acúmulo de impactos ao longo do tempo e a falta de padronização na forma de medir e monitorar esses efeitos.
Entender melhor o que acontece dentro do campo (e dentro da cabeça de quem joga) é o próximo passo para tornar o futebol cada vez mais seguro, sem tirar sua essência.
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