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Canabidiol e Alzheimer: nova pesquisa revela efeito que pode transformar o combate à doença
Por muito tempo, acreditou-se que o Alzheimer era causado apenas pelo acúmulo de proteínas tóxicas no cérebro, como a beta-amiloide e a tau. Mas cientistas da Augusta University, nos Estados Unidos, estão repensando essa ideia.
Em um novo estudo publicado na revista eNeuro, os pesquisadores apontam o canabidiol (CBD) (substância presente na planta Cannabis sativa) como um possível aliado no controle da inflamação cerebral que contribui para o avanço da doença.
A descoberta abre caminho para uma nova forma de compreender a relação entre canabidiol e Alzheimer, sugerindo que a doença pode estar mais ligada à desregulação do sistema imunológico do que se imaginava.
Quando o cérebro entra em “modo inflamatório”
O estudo reforça uma hipótese que vem ganhando força na ciência, a de que o Alzheimer pode funcionar como uma doença auto-inflamatória.
Nesse cenário, o próprio sistema de defesa do corpo entra em desequilíbrio e passa a causar inflamações contínuas no cérebro, danificando neurônios e acelerando a perda de memória e de outras funções cognitivas.
Segundo os autores, duas vias biológicas estão no centro desse processo: IDO e cGAS.
Essas vias controlam como o sistema imunológico reage a estímulos e inflamações.
Quando estão desreguladas, produzem substâncias que aumentam ainda mais o dano aos neurônios; e foi aí que o canabidiol entrou em cena.
O papel do canabidiol na proteção cerebral
Para investigar a relação entre canabidiol e Alzheimer, os cientistas usaram camundongos geneticamente modificados para desenvolver sintomas semelhantes aos da doença humana.
Os animais foram tratados com CBD inalado diariamente por quatro semanas.
Os resultados chamaram atenção.
O canabidiol reduziu a inflamação no cérebro ao bloquear moléculas envolvidas nesse processo e diminuir a produção de substâncias que destroem neurônios, como o TNF-alfa e a interleucina-1 beta.
Além disso, os roedores tratados tiveram melhor desempenho em testes de memória e comportamento.
Em um deles, foram capazes de reconhecer objetos novos com mais facilidade; um sinal de melhora cognitiva.
Por que isso importa
De acordo com os pesquisadores, a descoberta reforça que o tratamento do Alzheimer pode ir além do foco tradicional nas placas de proteína.
A ideia de modular a inflamação no sistema nervoso central abre espaço para terapias que atacam a origem do problema, e não apenas os sintomas.
O canabidiol, por atuar em múltiplos mecanismos do cérebro, parece oferecer uma abordagem mais ampla.
Ele não apenas reduz a inflamação, mas também ajuda a regular a comunicação entre as células cerebrais e a manter o equilíbrio do sistema nervoso.
Os cientistas explicam ainda que a via inalatória foi escolhida porque permite absorção mais rápida e direta, sem passar pelo fígado, o que garante uma ação mais eficiente no organismo.
Esperança para o futuro
Embora o estudo tenha sido feito em animais, os resultados oferecem uma nova perspectiva sobre a relação entre canabidiol e Alzheimer.
A ideia de que o CBD possa agir como um “regulador” do sistema imunológico cerebral abre uma trilha promissora para futuras terapias em humanos.
Para os autores, compreender o Alzheimer como uma doença inflamatória (e não apenas como um acúmulo de proteínas) pode mudar completamente a forma como a medicina trata o problema.
E, nesse novo cenário, o canabidiol surge como uma peça-chave para frear o avanço da doença e proteger a mente do envelhecimento.
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