Jejum Intermitente traz benefícios ao metabolismo, mas será que faz bem aos jovens?

O jejum intermitente (JI) ganhou popularidade como uma estratégia alimentar para perda de peso e melhora da saúde metabólica.

No entanto, um estudo recente publicado na revista Cell Reports levanta uma questão importante: será que essa prática pode ter riscos ocultos, especialmente para os mais jovens?

A pesquisa investigou como o JI afeta a função das células β — responsáveis pela produção de insulina — e o risco de diabetes, revelando resultados que merecem atenção.

O contexto: Por que isso importa?

Vivemos em uma era de consumo excessivo de alimentos ricos em calorias, o que tem contribuído para o aumento de doenças metabólicas, como obesidade e diabetes.

Nesse cenário, o jejum intermitente surgiu como uma solução promissora. Estudos anteriores mostraram que o JI pode melhorar a pressão arterial, o colesterol, a sensibilidade à insulina e até aumentar a longevidade.

No entanto, a maioria desses benefícios foi observada em adultos, especialmente no contexto do diabetes tipo 2 (T2D). Mas e quanto ao diabetes tipo 1 (T1D) e aos efeitos do JI em jovens? Essa era uma lacuna que precisava ser explorada.

O estudo: Como foi feito?

Pesquisadores analisaram os efeitos do jejum intermitente em camundongos de diferentes faixas etárias: jovens (2 meses), de meia-idade (8 meses) e idosos (18 meses).

Os animais foram submetidos a dois regimes de JI: um de curto prazo (5 semanas) e outro de longo prazo (10 semanas). Um grupo de controle foi alimentado ad libitum (sem restrições) para comparação.

Os cientistas avaliaram parâmetros como peso corporal, sensibilidade à insulina, tolerância à glicose e função das células β.

Resultados: benefícios e riscos

Jejum de Curto Prazo

O JI de curto prazo trouxe benefícios metabólicos para todos os grupos etários. Os camundongos jovens perderam peso devido à redução na ingestão de alimentos, enquanto os de meia-idade e idosos mantiveram seu peso.

Além disso, houve melhora na sensibilidade à insulina e na homeostase da glicose, independentemente da idade.

Jejum de Longo Prazo

Já o JI de longo prazo mostrou resultados mais complexos. Todos os grupos perderam peso, mas os efeitos sobre a função das células β variaram conforme a idade:

  • Camundongos idosos: Tiveram melhora na tolerância à glicose e aumento na secreção de insulina.
  • Camundongos jovens: Apresentaram redução na secreção de insulina estimulada por glicose (GSIS) e menor conteúdo de insulina nas ilhotas pancreáticas, indicando prejuízo na função das células β.

A Ciência Por Trás dos Resultados

As células β, localizadas no pâncreas, são essenciais para a produção de insulina e o controle dos níveis de glicose no sangue.

O estudo utilizou técnicas avançadas para analisar como o JI afetou a expressão gênica nessas células.

Nos camundongos jovens submetidos ao JI de longo prazo, houve redução na expressão de genes associados à maturação das células β, como Ins1, Slc2a2 e Mafa.

Esse perfil transcricional foi semelhante ao observado em pacientes humanos com diabetes tipo 1 (T1D), sugerindo que o jejum prolongado durante a adolescência pode prejudicar o desenvolvimento das células β.

Implicações para Jovens

Os resultados indicam que, embora o JI possa beneficiar adultos mais velhos, ele pode ser prejudicial para adolescentes e jovens adultos.

O prejuízo na função das células β observado nos camundongos jovens sugere que o jejum prolongado nessa fase da vida pode aumentar o risco de diabetes tipo 1. Isso levanta um alerta importante: a prática do JI deve ser cuidadosamente avaliada em populações jovens, especialmente durante períodos críticos de desenvolvimento.

O Que Dizem os Especialistas?

Os autores do estudo destacam a necessidade de mais pesquisas para entender como esses achados se aplicam a humanos.

Embora o jejum intermitente tenha benefícios metabólicos comprovados, nossos resultados sugerem que a duração e a idade são fatores cruciais a serem considerados,” afirmam.

Eles também recomendam cautela ao recomendar o JI para adolescentes, já que o impacto a longo prazo ainda não é totalmente compreendido.

O jejum intermitente oferece benefícios metabólicos, mas seus efeitos variam conforme a idade.

Enquanto melhora a regulação da glicose em indivíduos mais velhos, pode prejudicar a função das células β em jovens, aumentando o risco de diabetes. Como em qualquer estratégia alimentar, a moderação e a individualização são essenciais — especialmente quando se trata de jejum durante fases críticas do desenvolvimento.

Antes de adotar o jejum intermitente, consulte um profissional de saúde. Essa prática pode não ser adequada para todos, especialmente para jovens ou pessoas com fatores de risco para diabetes. A saúde é individual, e o que funciona para alguns pode não ser ideal para outros.

Veja também: Estimulação elétrica transcraniana melhora equilíbrio em pacientes com Parkinson, aponta estudo brasileiro

 

 

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

Artigos: 221
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