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Estudo aponta possível nova aliada no tratamento do câncer (e ela vive dentro de nós)
Uma descoberta recente publicada na revista Cell Systems revelou um novo papel para as bactérias do intestino: elas podem ajudar a tornar o tratamento do câncer mais eficaz.
Pesquisadores do Imperial College London, na Inglaterra, e da Universidade de Colônia, na Alemanha, identificaram uma substância natural chamada 2-metil-isocitrato, produzida por microrganismos que vivem no intestino e também próximos aos tumores.
Essa molécula mostrou potencial para reforçar a ação da quimioterapia, especialmente nos tratamentos que usam o medicamento 5-fluorouracil, aplicado contra cânceres do intestino grosso, mama e pâncreas.
Nos experimentos, o composto desacelerou o crescimento de células cancerosas, reduziu a propagação dos tumores e aumentou o tempo de vida dos organismos testados.
Esses resultados indicam, portanto, uma possível ajuda no tratamento do câncer no futuro.
Como essa substância age
De forma simplificada, o 2-metil-isocitrato interfere no funcionamento das mitocôndrias, estruturas que produzem a energia das células.
Ao bloquear uma enzima essencial para o metabolismo, ele causa um desequilíbrio na produção das moléculas que formam o DNA.
Com essa “fábrica” desajustada, as células do câncer perdem força para se multiplicar.
Quando o composto foi combinado com o 5-fluorouracil, o efeito se tornou ainda mais forte.
Foi como se a substância natural deixasse as células do tumor mais sensíveis ao medicamento, tornando a quimioterapia mais eficaz.
Uma nova fronteira na medicina
Os cientistas também conseguiram criar uma versão mais potente do 2-metil-isocitrato por meio de modificações químicas.
Essa inovação pode abrir caminho para novos remédios inspirados em substâncias produzidas pelas próprias bactérias que vivem em nosso corpo.
A descoberta reforça uma ideia que ganha cada vez mais força na ciência. A de que as bactérias do intestino fazem muito mais do que ajudar na digestão.
Elas influenciam o sistema imunológico, a resposta aos medicamentos e até a eficácia dos tratamentos contra doenças graves, como o câncer.
O que vem pela frente
Por enquanto, os testes foram feitos apenas em laboratório, mas os resultados são promissores.
No futuro, entender melhor a relação entre o microbioma (o conjunto de bactérias que vivem no corpo) e o câncer pode levar a tratamentos personalizados.
Possibilidade, portanto, de ajustar a alimentação, o uso de probióticos ou até modular o microbioma para potencializar os efeitos da quimioterapia.
Ainda há um longo caminho até que essa descoberta se transforme em um remédio para uso clínico, mas o estudo mostra uma tendência animadora.
As próximas gerações de tratamentos contra o câncer podem vir não apenas do laboratório, mas também das bactérias que vivem dentro de nós.
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