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Perda auditiva e demência: risco oculto após os 50
A ciência vem reforçando algo que muitos especialistas já observavam no consultório. A perda auditiva e demência podem caminhar lado a lado, mesmo quando o problema de audição é leve.
Um estudo publicado na JAMA Network Open trouxe um alerta importante. A pesquisa sugere que ouvir pior na meia-idade pode ser um sinal precoce de envelhecimento acelerado do cérebro.
O trabalho se baseou em dados de milhares de participantes do tradicional Framingham Heart Study, que é considerado um dos mais importantes acompanhamentos de saúde do mundo.
Como a perda auditiva pode surgir muito antes de qualquer sinal de declínio cognitivo
Os pesquisadores observaram um padrão que merece atenção.
Adultos com perda auditiva leve ou maior apresentavam menor volume cerebral total e um acúmulo mais acelerado de lesões na substância branca, que são áreas que fazem a comunicação entre diferentes regiões do cérebro.
Na prática, são alterações que indicam desgaste cerebral.
O recado é que perder a audição não afeta apenas o ouvido. Afeta todo o sistema que processa estímulos e sustenta funções como memória, atenção e agilidade mental.
Perda auditiva e demência: o impacto silencioso sobre funções usadas no dia a dia
O estudo também identificou uma queda mais rápida em habilidades ligadas ao planejamento, à organização e à flexibilidade mental, que são as chamadas funções executivas.
São capacidades usadas para tomar decisões, manter o foco ou alternar entre atividades.
Essa piora costuma evoluir de forma lenta e discreta, passando despercebida em quem vive rotinas aceleradas.
Um risco maior de demência que não deve ser ignorado
O achado mais marcante do estudo foi o aumento no risco de demência.
Pessoas com perda auditiva leve, moderada ou maior tiveram até 71% mais chances de desenvolver demência ao longo de 15 anos.
Esse risco ficou ainda mais elevado entre quem possui a variante genética APOE ε4, que já é conhecida por aumentar a probabilidade de Alzheimer.
Mesmo assim, há uma boa notícia.
O uso de aparelhos auditivos pareceu diminuir parte desse risco, indicando que corrigir a audição cedo pode ajudar a proteger o cérebro no futuro.
Por que cuidar da audição se tornou uma prioridade de saúde
Durante muito tempo, a perda auditiva foi tratada apenas como um incômodo para a comunicação.
Agora, evidencia-se que ela deve ser vista como um marcador de saúde global.
A audição funciona como uma porta de entrada para estímulos sociais, emocionais e cognitivos.
Quando falha, o cérebro precisa trabalhar mais para interpretar sons, recebe menos informações do ambiente e tende a se desgastar.
Com o tempo, isso pode contribuir para isolamento, queda de estímulos e mudanças estruturais ligadas ao declínio cognitivo.
O que a pesquisa sugere para quem está envelhecendo
O recado dos cientistas é o de que fazer avaliação auditiva com regularidade, especialmente após os 50 anos, é fundamental para identificar problemas ainda nos estágios iniciais.
Buscar tratamento adequado e, quando indicado, usar aparelhos auditivos não deve ser visto como algo secundário.
Cuidar da audição não protege apenas a comunicação, protege o cérebro.
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