Qualidade do sono infantil: 8 em cada 10 pais acreditam que está tudo bem (mas estudo mostra que não)

Quando o assunto é qualidade do sono infantil, muitos pais acreditam que conhecem bem os hábitos de descanso dos filhos. Mas um novo estudo publicado na revista Frontiers in Pediatrics mostrou que essa confiança pode ser enganosa.

Pesquisadores da Universidade Brown, nos Estados Unidos, compararam o que os pais relataram sobre o sono de crianças entre 6 e 10 anos com dados obtidos por dispositivos que monitoram o sono durante a noite.

Os resultados chamaram a atenção e revelaram que as crianças dormem menos do que seus pais imaginam.

Qualidade do sono infantil: o que o estudo descobriu

A pesquisa analisou 102 alunos de escolas primárias no estado de Rhode Island, nos Estados Unidos.

Durante sete dias, as crianças usaram um pequeno aparelho no pulso para medir o tempo real de sono, e os resultados mostraram uma grande diferença entre percepção e realidade:

  • 83% dos pais acreditavam que seus filhos dormiam o suficiente.
  • Apenas 14,7% das crianças realmente atingiam as horas recomendadas pelas diretrizes da Academia Americana de Pediatria (entre 9 e 12 horas de sono por noite).
  • A média relatada pelos pais foi de 9 horas e 35 minutos, enquanto as medições objetivas mostraram 8 horas e 20 minutos de sono real.
  • Muitos responsáveis achavam que os filhos dormiam profundamente, mas os registros revelaram despertares noturnos frequentes.

Esses dados reforçam que a percepção dos pais nem sempre reflete a qualidade do sono infantil, e que dormir o tempo “aparente” não garante um descanso reparador.

O que os pais acham não bate com a realidade

De forma geral, os pais superestimaram o tempo de sono dos filhos em mais de uma hora.

Além disso, muitos responsáveis acreditavam que as crianças adormecem rápido e dormem profundamente, mas os registros indicaram que várias delas acordam durante a noite, algo que costuma passar despercebido.

Segundo os pesquisadores, essa diferença entre percepção e realidade tem implicações importantes.

Os pais costumam associar o tempo em que a criança está na cama com o tempo efetivo de sono, o que nem sempre corresponde”, explicam.

Ou seja, deitar cedo não garante um sono reparador, e a qualidade do sono infantil pode ser prejudicada mesmo quando o horário parece adequado.

Desigualdades também influenciam o sono das crianças

O estudo também revelou diferenças significativas entre crianças latinas e não latinas.

Os resultados mostraram que:

  • Crianças latinas dormiam, em média, 30 minutos a menos por noite.
  • Apenas 4,4% delas atingiam as horas ideais de sono, contra 22,8% entre as não latinas.
  • As crianças latinas eram menos propensas a cumprir as recomendações de 9 a 12 horas de sono por noite.

Segundo os pesquisadores, fatores culturais e socioeconômicos podem influenciar esses padrões:

  • É mais comum que as crianças tenham horários de dormir mais tardios.
  • Muitas dividem o quarto com adultos ou irmãos, o que pode afetar diretamente a qualidade do sono infantil.
  • Ambientes barulhentos, rotinas instáveis e casas com muitos moradores também interferem na duração e na profundidade do sono.

Um alerta para pais e cuidadores

Dormir bem é essencial para o crescimento físico, o aprendizado e o equilíbrio emocional das crianças.

A privação de sono infantil está associada a dificuldades de atenção, irritabilidade, ganho de peso e até problemas de comportamento. Por isso, entender o que realmente acontece à noite é fundamental.

Os autores do estudo defendem que os pais prestem mais atenção aos sinais de cansaço, humor e desempenho escolar, e não apenas nas horas em que o filho vai para a cama.

Também recomendam horários consistentes, evitar telas antes de dormir e garantir um ambiente tranquilo.

Embora a pesquisa tenha sido feita nos Estados Unidos, as descobertas valem para famílias de qualquer lugar.

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Quando o tema é qualidade do sono infantil, a diferença entre “achar” e “saber” pode impactar diretamente o bem-estar e o desenvolvimento das crianças.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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