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Síndrome nefrótica em crianças assusta pais e pode ser confundida com alergia
A síndrome nefrótica em crianças começa a chamar a atenção do público após o cantor Júnior Lima e sua esposa, Monica Benini, revelarem que a filha mais nova, Lara, de três anos, recebeu esse diagnóstico.
O casal contou nas redes sociais que a condição foi inicialmente confundida com uma alergia, devido ao inchaço nos olhos da criança.
Após investigação médica, veio a confirmação do quadro renal, e a menina iniciou o tratamento, com boa resposta.
A síndrome nefrótica em crianças é considerada uma condição pouco comum, mas acontece com mais frequência do que muitas pessoas imaginam, principalmente entre os 2 e 6 anos de idade, com pico de casos por volta dos 3 anos.
Diante disso, reconhecer os sinais precoces, compreender os riscos e conhecer as opções de tratamento é fundamental para pais, cuidadores e profissionais da saúde.
O que é a síndrome nefrótica em crianças
A síndrome nefrótica em crianças é uma condição que afeta o funcionamento dos rins e leva à eliminação excessiva de proteínas importantes pela urina.
Isso acontece porque os rins, que normalmente funcionam como filtros, deixam de reter essas substâncias corretamente.
Dentro dos rins, existem estruturas chamadas glomérulos, responsáveis por filtrar o sangue e eliminar o que o corpo não precisa.
Quando esses filtros estão comprometidos, acabam permitindo a passagem de componentes essenciais, como a albumina, uma proteína fundamental para manter o líquido dentro dos vasos sanguíneos e evitar o inchaço.
Com essa perda, o organismo passa a reter líquido nos tecidos, e a criança pode apresentar sintomas.
A forma mais comum da síndrome nefrótica na infância é chamada de idiopática, ou seja, sem uma causa claramente identificada.
No entanto, em alguns casos, a condição pode estar associada a infecções, alterações imunológicas ou, mais raramente, a fatores genéticos.
Sintomas da síndrome nefrótica infantil
Os sintomas da síndrome nefrótica em crianças podem ser sutis no início, o que dificulta o diagnóstico precoce. Entre os sinais mais comuns estão:
- Inchaço (edema), especialmente ao redor dos olhos, nos pés e tornozelos;
- Urina espumosa, sinal de perda de proteína;
- Ganho de peso rápido, por retenção de líquidos;
- Fadiga e cansaço excessivo;
- Perda de apetite;
- Maior propensão a infecções, devido à baixa de proteínas importantes no organismo.
O inchaço, como no caso relatado pela família de Júnior Lima, é muitas vezes confundido com alergias ou inflamações locais, atrasando o diagnóstico correto.
Como é feito o diagnóstico da síndrome nefrótica
O diagnóstico da síndrome nefrótica em crianças é feito por meio de exames clínicos e laboratoriais. Os principais testes incluem:
- Exame de urina tipo 1 (EAS): identifica a presença anormal de proteínas;
- Exame de sangue: avalia os níveis de albumina, colesterol e função renal;
- Dosagem de proteínas na urina de 24 horas ou teste da relação proteína/creatinina;
- Em alguns casos, biópsia renal: indicada quando a criança não responde ao tratamento inicial ou quando há suspeita de outras doenças associadas.
É essencial que o diagnóstico seja realizado por um pediatra ou nefrologista infantil.
O acompanhamento especializado ajuda a diferenciar entre os vários tipos de síndrome nefrótica e escolher o tratamento mais adequado.
Tratamento da síndrome nefrótica em crianças
O tratamento da síndrome nefrótica em crianças pode variar de acordo com a causa, a gravidade do caso e a forma como cada criança responde aos medicamentos.
Na maioria das vezes, ele é feito em casa, mas com acompanhamento médico regular.
O primeiro passo geralmente envolve o uso de corticosteroides, como a prednisona.
Esse tipo de medicamento ajuda a reduzir a inflamação nos rins e impede que as proteínas continuem sendo eliminadas pela urina.
A maioria das crianças responde bem a esse tratamento e entra em remissão, ou seja, os sintomas desaparecem temporariamente.
Além dos corticoides, outros medicamentos e cuidados podem ser necessários, como:
- Diuréticos: para ajudar o corpo a eliminar o excesso de líquido e diminuir o inchaço;
- Alimentação controlada: em alguns casos, o médico pode orientar ajustes na dieta ou até a reposição de proteínas;
- Remédios para colesterol ou pressão alta, caso esses níveis estejam alterados;
- Imunossupressores: medicamentos mais fortes que podem ser usados se a criança não responder bem aos corticoides.
O tratamento costuma durar alguns meses e, mesmo depois que a criança entra em remissão, o acompanhamento continua.
Isso porque podem ocorrer recidivas, ou seja, os sintomas podem voltar ao longo da infância, exigindo novas fases de tratamento.
O acompanhamento médico regular é essencial para monitorar a saúde dos rins, ajustar os medicamentos quando necessário e evitar possíveis complicações.
A síndrome tem cura? O que esperar da evolução da doença
A síndrome nefrótica em crianças não tem uma cura definitiva, mas muitas crianças podem viver normalmente com acompanhamento médico e controle adequado.
A forma mais comum (idiopática) geralmente evolui bem, principalmente quando a criança responde rapidamente aos corticoides no início do tratamento.
Por outro lado, em casos mais graves ou persistentes, o acompanhamento deve ser intensificado para evitar complicações, como:
- Infecções graves;
- Coágulos sanguíneos;
- Hipertensão;
- Insuficiência renal (rara, mas possível nos casos resistentes ou de longa duração sem controle).
Com tratamento precoce, a grande maioria das crianças consegue ter uma vida normal, com crescimento e desenvolvimento preservados.
Diferença entre síndrome nefrótica e alergia: atenção ao diagnóstico
Um dos pontos mais importantes ressaltados no caso da filha de Júnior Lima foi a confusão inicial com uma possível alergia.
Isso ocorre porque o inchaço nos olhos (edema periorbitário) é um sintoma comum em quadros alérgicos, mas também típico da síndrome nefrótica em crianças.
A principal diferença está na presença de outros sintomas associados, como:
- Ausência de vermelhidão ou coceira (comum nas alergias);
- Presença de urina espumosa e ganho de peso;
- Persistência do inchaço ao longo do dia;
- Resultados alterados em exames laboratoriais.
Essa semelhança reforça a importância de buscar avaliação médica sempre que uma criança apresentar inchaços fora do comum, mesmo que não haja dor ou outros sintomas aparentes.
Quando procurar um médico
É importante levar a criança ao pediatra ou ao pronto atendimento se houver:
- Inchaço inexplicado nos olhos, pés ou barriga;
- Urina com aparência espumosa;
- Ganho de peso súbito;
- Redução do volume urinário;
- Sinais de infecção frequente ou recorrente.
A síndrome nefrótica em crianças pode evoluir rapidamente se não for tratada.
Quanto mais cedo o diagnóstico, mais chances de sucesso no tratamento.
Impacto do caso Lara: alerta para pais e responsáveis
Ao tornar público o diagnóstico da filha, Júnior Lima e Monica Benini contribuíram para ampliar a visibilidade de uma condição pouco discutida.
Segundo o casal, o objetivo foi justamente alertar outras famílias para sinais que costumam passar despercebidos.
Essa iniciativa destaca o papel da informação como forma de prevenção.
Entender como a síndrome nefrótica em crianças se manifesta e quais atitudes tomar diante dos sintomas pode fazer diferença no desfecho da doença.
Fonte:
- Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Síndrome Nefrótica Primária em Crianças e Adolescentes. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/pcdt/s/sindrome-nefrotica-primaria-em-criancas-e-adolescentes/view
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