TDAH em mulheres adultas: os sinais silenciosos que a ciência revela

Durante muito tempo, acreditou-se que o TDAH em mulheres adultas fosse raro. O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade era visto como algo típico da infância, mais comum entre meninos agitados na escola.

A ciência, por sua vez, vem mostrando outra realidade.

Muitas mulheres passam anos (às vezes décadas) convivendo com sintomas que nunca foram reconhecidos, e que afetam diretamente sua autoestima, seus relacionamentos e o desempenho no trabalho.

Um estudo publicado pela Cambridge University Press reforça essa diferença entre os sexos.

Pesquisadores da Espanha analisaram 900 adultos com TDAH e descobriram que, embora homens e mulheres compartilhem o mesmo diagnóstico, a forma como o transtorno se manifesta (e o impacto sobre a vida) é bastante diferente.

O que é o TDAH

O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é uma condição neurobiológica que afeta a capacidade de manter o foco, organizar tarefas e controlar impulsos.

Não se trata apenas de “falta de atenção” ou “distração”, mas de um funcionamento diferente do cérebro, especialmente nas áreas ligadas à concentração e ao controle das emoções.

Nos adultos, o TDAH pode aparecer como esquecimento frequente, dificuldade para planejar o dia, sensação de sobrecarga e problemas para cumprir prazos.

Embora muita gente associe o transtorno à infância, ele pode persistir por toda a vida e se manifestar de maneiras diversas, especialmente entre as mulheres, que costumam apresentar sintomas mais discretos.

Mulheres com TDAH: sintomas mais silenciosos e diagnósticos mais tardios

Enquanto nos homens o TDAH tende a ser percebido ainda na infância, por conta da hiperatividade e impulsividade, nas mulheres os sinais costumam ser mais sutis.

Nelas, o transtorno aparece com distração constante, esquecimentos, ansiedade, autocrítica e sensação de estar sempre sobrecarregada.

O estudo mostrou que as mulheres recebem o diagnóstico de TDAH cerca de cinco anos mais tarde do que os homens. E quando isso finalmente acontece, o quadro costuma ser mais intenso.

Elas apresentam mais sintomas de depressão, ansiedade e maior prejuízo na rotina.

Muitas relatam uma sensação de “fracasso constante”, mesmo sendo extremamente dedicadas e esforçadas.

Essa demora no diagnóstico tem um preço alto.

As mulheres com TDAH relataram maior sofrimento psicológico e dificuldades para manter a organização da vida diária, desde o trabalho e os estudos até a vida familiar e os relacionamentos.

TDAH em mulheres adultas: o tipo combinado é o mais desafiador

O estudo também avaliou os diferentes tipos de TDAH e confirmou que o tipo combinado (aquele que une desatenção e impulsividade) é o mais severo.

Pessoas com essa forma do transtorno apresentaram mais ansiedade, sintomas depressivos e maior limitação nas atividades do dia a dia.

Nas mulheres, essa combinação parece ainda mais desgastante.

Elas relataram maior dificuldade para lidar com o estresse e se sentem mais pressionadas socialmente a “dar conta de tudo”.

Isso ajuda a explicar por que o TDAH em mulheres adultas está frequentemente ligado à exaustão mental e ao sentimento de inadequação.

Um convite ao olhar mais atento

Os pesquisadores destacam que entender as diferenças entre homens e mulheres é essencial para melhorar o diagnóstico e o tratamento.

Se uma mulher vive esquecendo compromissos, tem dificuldade de manter o foco e se sente constantemente ansiosa ou culpada, talvez não seja “falta de disciplina”.

Pode ser uma manifestação do TDAH em mulheres adultas, como aponta o estudo.

Reconhecer o transtorno é o primeiro passo para mudar a vida de muitas pessoas que, por anos, acreditaram que o problema estava apenas nelas.

O diagnóstico correto e o tratamento adequado podem trazer alívio, autoconhecimento e qualidade de vida.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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