Não é só psicológico? Estudo revela ligação entre TOC e bactérias intestinais

Pesquisadores encontraram indícios de que o TOC e bactérias intestinais podem estar mais conectados do que imaginávamos.

A descoberta, feita por cientistas chineses, levanta a possibilidade de que o transtorno obsessivo-compulsivo, conhecido por afetar profundamente a saúde mental de milhões de pessoas no mundo, não tenha origem apenas no cérebro, mas também na microbiota intestinal.

A microbiota intestinal é o conjunto de bactérias e outros microrganismos que vivem naturalmente no nosso intestino.

Embora pareça estranho pensar que algo tão ligado à digestão possa influenciar o comportamento e as emoções, essa relação vem sendo estudada há anos.

Agora, com o estudo publicado no Journal of Affective Disorders, os cientistas dão um passo além: eles sugerem que certas bactérias podem realmente contribuir para o desenvolvimento do TOC.

O que é TOC

Antes de entender a ligação entre o TOC e bactérias intestinais, é importante explicar o que é TOC.

A sigla se refere ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo, uma condição de saúde mental marcada por pensamentos indesejados e repetitivos (as obsessões).

Esses pensamentos costumam ser seguidos de comportamentos compulsivos que a pessoa sente necessidade de realizar para aliviar a ansiedade.

Por exemplo, alguém com TOC pode sentir um medo constante de contaminação e, por isso, lavar as mãos dezenas de vezes ao dia. Ou pode revisar várias vezes se trancou a porta antes de sair de casa.

Esses comportamentos não trazem prazer, apenas alívio momentâneo, e acabam interferindo seriamente na qualidade de vida.

Estima-se que até 3% da população mundial viva com TOC.

O tratamento normalmente envolve psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental, e uso de medicamentos como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).

No entanto, entre 25% e 40% dos pacientes não respondem bem a essas abordagens. Por isso, descobrir novas possíveis causas é tão importante.

Agora que já entendemos melhor o que é TOC, vamos à descoberta que chamou a atenção da ciência: a possível ligação entre o transtorno e as bactérias intestinais.

A surpreendente ligação entre o intestino e o cérebro

O nosso intestino é muito mais do que um simples tubo digestivo. Ele se comunica constantemente com o cérebro por meio de um sistema chamado eixo intestino-cérebro.

Essa conexão influencia emoções, sono, apetite e até o humor.

A pesquisa da Universidade Médica de Chongqing, na China, investigou como a composição da microbiota intestinal pode estar relacionada ao desenvolvimento do TOC.

Os pesquisadores analisaram dados genéticos de mais de 200 mil pessoas e usaram uma técnica chamada randomização mendeliana.

Esse método permite entender se há uma relação de causa e efeito entre duas condições, e não apenas uma simples coincidência.

O resultado foi impressionante: eles identificaram seis tipos de bactérias intestinais associadas ao TOC.

Três delas pareciam proteger contra o transtorno, enquanto outras três aumentavam o risco de desenvolvê-lo.

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Bactérias que protegem e bactérias que aumentam o risco

As bactérias que parecem oferecer proteção contra o TOC são:

  • Proteobacteria;
  • Ruminococcaceae;
  • Bilophila.

Já as que podem aumentar o risco são:

  • Bacillales;
  • Eubacterium;
  • Lachnospiraceae UCG001.

Segundo os autores do estudo, essas bactérias influenciam a produção de substâncias químicas que atuam no cérebro, afetando o equilíbrio emocional e o comportamento.

Algumas delas já haviam sido associadas a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, em estudos anteriores.

Por exemplo, níveis muito baixos do grupo de bactérias Ruminococcaceae já foram observados em pessoas com depressão.

Isso indica que essas bactérias podem ajudar a manter o equilíbrio do nosso humor.

A novidade agora é que o estudo também aponta uma possível ligação entre essas bactérias e o TOC, ampliando o que se sabe sobre o papel do intestino na saúde mental.

TOC e bactérias intestinais: o que isso pode mudar no futuro

Embora ainda seja cedo para afirmar que mudar a microbiota intestinal possa curar o TOC, essa descoberta abre portas para novas formas de prevenção e tratamento.

No futuro, é possível que médicos consigam indicar probióticos específicos, dietas personalizadas ou até transplantes de microbiota para ajudar pacientes com TOC.

Mas os próprios pesquisadores fazem questão de lembrar que ainda são necessários mais estudos.

Eles recomendam pesquisas em diferentes populações, acompanhando as pessoas ao longo do tempo e identificando com mais precisão quais microrganismos têm maior impacto.

Além disso, será preciso analisar o que essas bactérias liberam no organismo, já que essas substâncias podem ser a chave para entender seu impacto no cérebro.

Esperança para quem convive com o TOC

A ligação entre TOC e bactérias intestinais traz esperança para pacientes que, até hoje, não conseguiram bons resultados com os tratamentos tradicionais.

Saber que há um possível novo caminho para aliviar os sintomas é animador, especialmente porque o TOC costuma gerar grande sofrimento pessoal, familiar e social.

A ideia de que o intestino pode estar ligado à saúde mental já vem ganhando força nos últimos anos, com pesquisas sobre depressão, ansiedade e autismo.

Agora, com a entrada do TOC nessa lista, o interesse científico deve crescer ainda mais.

Enquanto isso, manter uma alimentação equilibrada e cuidar da saúde intestinal pode ser uma boa estratégia complementar para todos, com ou sem TOC.

Afinal, um intestino saudável contribui para o bem-estar geral e pode ser um aliado importante no equilíbrio emocional.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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