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Vício em ultraprocessados: estudo revela impacto alarmante em parte da população
O ”vício em ultraprocessados” não é apenas uma figura de linguagem. Segundo um estudo publicado na revista científica Addiction, cerca de 12% dos adultos mais velhos nos Estados Unidos apresentam sinais desse comportamento, especialmente mulheres entre 50 e 64 anos.
A pesquisa, realizada pela Universidade de Michigan, mostra que o consumo excessivo desses alimentos pode gerar respostas no cérebro semelhantes às observadas em outros tipos de dependência, como álcool e tabaco.
Por que os ultraprocessados podem gerar dependência?
Alimentos ultraprocessados são aqueles fabricados industrialmente com excesso de açúcares refinados, gorduras e aditivos químicos.
Alguns exemplos são refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos, pizzas congeladas e doces industrializados.
Esses produtos são desenvolvidos para serem hiperpalatáveis, ou seja, extremamente saborosos, com texturas e aromas que estimulam áreas do cérebro ligadas à recompensa.
Isso ajuda a explicar por que é tão difícil parar depois do “só mais um pedacinho”.
Muitas das pessoas avaliadas no estudo viveram a juventude nas décadas de 1970 e 1980, período em que esses produtos se popularizaram.
A exposição precoce pode ter moldado padrões de consumo que persistem até hoje.
O impacto do vício em ultraprocessados na saúde
De acordo com o estudo, pessoas que apresentaram sinais de vício em ultraprocessados também relataram:
- Pior saúde física: homens com sobrepeso tinham até 19 vezes mais chances de se enquadrar nos critérios de dependência, enquanto mulheres apresentavam 11 vezes mais risco.
- Prejuízos à saúde mental: quem declarou pior bem-estar psicológico tinha até 4 vezes mais chances de apresentar sinais de dependência. Outras pesquisas também associam o consumo excessivo desses alimentos a sintomas como ansiedade e depressão.
- Isolamento social: homens e mulheres que se sentiam mais sozinhos foram mais propensos a relatar esse padrão alimentar compulsivo.
Esses achados mostram que o problema vai além da escolha individual.
Trata-se de uma questão de saúde pública que envolve corpo, mente e vida social.
Diferenças entre homens e mulheres
O grupo mais afetado foi o de mulheres de 50 a 64 anos, das quais cerca de 21% apresentaram sinais de vício em ultraprocessados.
Pesquisadores sugerem que parte dessa vulnerabilidade pode estar ligada ao marketing de produtos “light” e “diet” nos anos 1980, muitas vezes direcionados ao público feminino.
Esses alimentos, vendidos como aliados do emagrecimento, eram ricos em carboidratos refinados e podem ter reforçado padrões de consumo compulsivo.
O que esse cenário nos mostra
Hoje, alimentos ultraprocessados representam mais da metade da dieta de adultos nos EUA — e também estão cada vez mais presentes na alimentação dos brasileiros.
O estudo reforça que, para muitas pessoas, esse comportamento não é apenas um hábito, mas sim um vício em ultraprocessados que impacta diretamente a qualidade de vida.
Por isso, especialistas defendem mais atenção ao tema, com políticas públicas, informação acessível e estratégias que incentivem escolhas alimentares mais naturais e equilibradas.
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