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O que é PMMA e para que serve? Entenda o pedido de banimento pelo Conselho Federal de Medicina
O Conselho Federal de Medicina (CFM) oficializa nesta terça-feira (21/1) um pedido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o PMMA seja banido no Brasil.
A decisão reflete a preocupação com o aumento de complicações relacionadas ao uso da substância, especialmente em procedimentos estéticos realizados por pessoas não habilitadas.
A mudança de postura do CFM ocorre em meio a relatos crescentes de problemas graves, como infecções e até mortes.
Em anos anteriores, o órgão permitia o uso do produto em contextos limitados, desde que aplicado por profissionais médicos habilitados.
Mas afinal, o que é PMMA e para que serve? Descubra por que essa substância tem sido motivo de tanta preocupação entre especialistas e órgãos de saúde.
O que é PMMA e para que serve?
Se você se pergunta o que é PMMA, saiba que se trata do polimetilmetacrilato, uma substância plástica amplamente utilizada em diversas áreas da saúde
Ele é empregado na fabricação de lentes de contato, próteses dentárias e até em procedimentos ortopédicos.
A Anvisa classifica o PMMA como um preenchedor médico, com aprovação restrita para tratamentos corretivos e reparadores.
No entanto, apesar de sua finalidade médica, o PMMA ganhou espaço em procedimentos estéticos, como preenchimentos corporais para aumento de glúteos e coxas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária é clara ao afirmar que a substância não é indicada para fins estéticos.
Mesmo assim, sua popularização em clínicas estéticas tem preocupado órgãos de saúde e gerado diversas complicações para os pacientes que recorrem a esses procedimentos.
Para que serve o PMMA?
Conforme regulamentações da Anvisa, o PMMA deve ser utilizado apenas em contextos médicos específicos, como:
- Correção de deformidades volumétricas em pacientes com sequelas de doenças;
- Tratamento de lipodistrofia causada por condições como o HIV/Aids;
- Ajustes menores em áreas do corpo, respeitando as indicações de uso e as quantidades máximas recomendadas.
Como vimos, apesar de sua utilização restrita, a substância tem sido usada de forma inadequada para preenchimentos estéticos.
A prática preocupa entidades como o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), que já alertou sobre os riscos à saúde, afirmando que “o uso incorreto pode levar a complicações severas, incluindo risco de morte”.
O Cremesp também destacou que os riscos são ainda maiores quando o produto é aplicado por pessoas não qualificadas ou em ambientes sem infraestrutura adequada, o que tem ocorrido com frequência crescente.
Complicações e riscos do PMMA
O PMMA é uma substância permanente, o que significa que, uma vez aplicada, ela não pode ser naturalmente eliminada pelo organismo.
Essa característica torna o material ainda mais perigoso em caso de complicações, que podem surgir logo após a aplicação ou até anos depois.
Entre os problemas associados ao PMMA estão:
- Infecções no local do preenchimento;
- Inflamação crônica e reações alérgicas;
- Formação de granulomas, que são respostas do sistema imunológico à presença do material;
- Migração da substância para outras partes do corpo, causando deformidades graves;
- Necrose e lesões renais irreversíveis, associadas à hipercalcemia, uma condição que eleva os níveis de cálcio no sangue.
A remoção do PMMA é extremamente difícil. Em muitos casos, a retirada completa do material é impossível, mesmo com cirurgias.
Os procedimentos de remoção, além de invasivos, apresentam riscos significativos, como danos a nervos e formação de cicatrizes permanentes.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo já alertou que “as complicações são amplificadas quando o procedimento é realizado por pessoas não habilitadas”, reforçando a necessidade de regulação mais rigorosa sobre o uso do material.
O caso da influenciadora Aline Ferreira
A morte da influenciadora Aline Ferreira, em julho de 2024, trouxe ainda mais atenção para os riscos do PMMA.
Ela faleceu após complicações decorrentes da aplicação da substância nos glúteos, em um procedimento realizado em Goiânia.
O Cremesp emitiu um comunicado logo após o ocorrido, destacando que o PMMA “tem causado diversas complicações aos pacientes”, incluindo hipercalcemia grave, lesões renais crônicas, inflamações e necrose.
Para o órgão, o caso de Aline exemplifica os riscos do uso inadequado da substância e a importância de maior fiscalização.
Em 2017, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica divulgou dados preocupantes: mais de 4 mil cirurgias corretivas foram realizadas para tratar complicações do PMMA naquele ano, número que reflete o crescimento do uso indiscriminado da substância.
A posição dos órgãos reguladores
A Anvisa e o Ministério da Saúde destacam que o PMMA deve ser aplicado apenas por profissionais médicos ou odontológicos habilitados e dentro dos limites estabelecidos.
No entanto, casos como o de Aline Ferreira mostram que a regulamentação atual não tem sido suficiente para prevenir complicações graves.
Em 2024, o Cremesp solicitou formalmente à Anvisa a suspensão da comercialização e distribuição de produtos à base de PMMA.
Segundo o Conselho, “medidas cabíveis serão tomadas contra profissionais que utilizem a substância de forma irregular”.
Além disso, o órgão reforça que pacientes devem exigir a etiqueta de rastreabilidade do produto antes da aplicação, documento que contém informações como lote, validade e fabricante, essenciais em caso de complicações.
O que esperar do futuro?
Agora que você já sabe o que é PMMA, o que esperar do futuro da substância?
Com o pedido de banimento feito pelo CFM, o uso está sob análise e pode ser restringido no Brasil.
Enquanto isso, órgãos de saúde continuam monitorando o cenário e reforçando os alertas sobre os perigos da substância, especialmente em procedimentos estéticos.
O debate sobre o tema vai além da estética, envolvendo questões de segurança e saúde pública.
O caso destaca a importância de regulamentações mais rígidas e da escolha consciente por parte dos pacientes ao considerar qualquer tipo de procedimento.
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