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Por que homens emagrecem mais que mulheres com a dieta cetogênica?
A dieta cetogênica — marcada pela redução drástica de carboidratos e aumento da ingestão de gorduras — ganhou popularidade como estratégia para emagrecimento.
No entanto, um novo estudo publicado na Frontiers in Nutrition identificou uma diferença significativa nos resultados entre os sexos: homens perdem mais peso do que mulheres, mesmo seguindo o mesmo protocolo alimentar.
Esse dado não está relacionado apenas à força de vontade ou dedicação. A explicação envolve diferenças hormonais, genéticas, musculares e até cerebrais entre os sexos, que afetam diretamente o modo como o corpo responde à cetose.
Como funciona a dieta cetogênica?
A dieta cetogênica (ou “keto”) consiste em um plano alimentar com alto consumo de gorduras, ingestão moderada de proteínas e restrição severa de carboidratos.
Ao cortar os carboidratos, o corpo entra em cetose, um estado metabólico em que a principal fonte de energia deixa de ser a glicose e passa a ser os corpos cetônicos, produzidos a partir da gordura.
Esse mecanismo, que imita o jejum, promove a quebra de gordura corporal para fornecer energia, levando à perda de peso.
A dieta surgiu originalmente como tratamento para epilepsia, mas nas últimas décadas passou a ser amplamente adotada por quem busca emagrecer e melhorar indicadores metabólicos.
A diferença nos resultados: dados científicos
Em um ensaio clínico citado na pesquisa, homens que seguiram a dieta cetogênica por 45 dias perderam, em média, 11,63% do peso corporal, enquanto as mulheres eliminaram apenas 8,95% no mesmo período.
Esses resultados confirmam o que muitas pessoas observam na prática: homens emagrecem mais e mais rápido com a dieta cetogênica do que mulheres. O motivo? Está no funcionamento do corpo.
O papel dos hormônios sexuais
Entre os principais fatores está a atuação dos hormônios sexuais.
O estrogênio, predominante nas mulheres, favorece o acúmulo de gordura subcutânea — que é mais difícil de ser mobilizada.
Já os homens acumulam mais gordura visceral, localizada na região abdominal, e mais facilmente oxidada na cetose.
Além disso, a testosterona estimula diretamente a quebra de gordura (lipólise).
Ela aumenta a atividade de receptores responsáveis por transformar a gordura armazenada em energia. Isso faz com que o corpo masculino responda de maneira mais eficiente à cetose.
O ciclo menstrual e o desequilíbrio metabólico
As mulheres ainda enfrentam outro desafio: o ciclo menstrual.
Durante a fase lútea, quando os níveis de progesterona aumentam, pode haver desequilíbrio na insulina e aumento do apetite por carboidratos. Isso compromete a capacidade de manter a cetose, prejudicando os resultados da dieta.
Além disso, variações hormonais mensais tornam o metabolismo mais instável, o que impacta diretamente a resposta ao plano alimentar.
Diferenças musculares e metabólicas
O metabolismo muscular também influencia. Mulheres tendem a ter mais fibras musculares de contração lenta, voltadas para resistência, enquanto os homens têm mais fibras de contração rápida, que consomem mais energia.
Essa diferença impacta a eficiência na queima de gordura durante o exercício físico, especialmente em contextos de cetose.
Outro ponto é o funcionamento do cérebro durante a dieta. Em cetose, o cérebro passa a usar corpos cetônicos como principal fonte de energia.
Nos homens, essa transição é mais estável. Já nas mulheres, a oscilação hormonal pode atrapalhar a adaptação cerebral à nova fonte energética.
Inflamação, neurotransmissores e fadiga
O estudo também indica que mulheres tendem a produzir mais substâncias inflamatórias associadas à gordura, mesmo em repouso.
Isso dificulta a quebra de gordura e pode reduzir a eficácia da dieta.
A dieta cetogênica também altera os níveis de neurotransmissores que controlam o apetite, como dopamina, serotonina e noradrenalina.
Homens respondem melhor a esses efeitos, pois têm maior densidade de receptores que favorecem a queima de gordura. Já nas mulheres, os receptores que inibem essa ação predominam.
Outro achado relevante é que mulheres jovens em dieta cetogênica podem experimentar maior fadiga muscular, o que pode afetar a prática de atividade física — um fator essencial para o emagrecimento saudável.
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A influência da menopausa
A menopausa muda o cenário. Com a queda do estrogênio, mulheres passam a ter um perfil hormonal mais parecido com o masculino.
Isso favorece a resposta à cetose, tornando a dieta mais eficaz em mulheres pós-menopáusicas do que naquelas que ainda menstruam.
Já nos homens, quando há excesso de gordura corporal, parte da testosterona é convertida em estrogênio.
Por isso, o emagrecimento também é importante para restabelecer o equilíbrio hormonal masculino, o que, por sua vez, potencializa os resultados da cetogênica.
Microbiota e genética: o papel do intestino
O intestino também participa desse processo. A microbiota intestinal difere entre os sexos.
Homens apresentam maior quantidade de bactérias que facilitam a metabolização de gordura, o que torna a adaptação à cetose mais eficiente.
Experimentos com camundongos mostraram que, mesmo com ativação de genes responsáveis pela queima de gordura, as fêmeas ainda enfrentam mais resistência metabólica para entrar em cetose, o que reforça a influência de fatores genéticos e hormonais.
A dieta cetogênica também afeta os hormônios masculinos
Além de emagrecer, a cetogênica também parece trazer benefícios hormonais para os homens.
Estudos mostram que homens com sobrepeso que seguem esse padrão alimentar apresentam melhora nos níveis de testosterona livre e redução da resistência à insulina.
Esses efeitos ampliam os resultados da dieta, promovendo uma perda de peso mais expressiva e melhora geral do metabolismo.
Personalização é a chave
A dieta cetogênica pode ser uma ferramenta eficaz para a perda de peso, mas os resultados variam significativamente entre homens e mulheres.
Essa diferença não deve ser interpretada como falta de esforço individual, e sim como uma manifestação natural das diferenças biológicas entre os sexos.
Para mulheres, especialmente na fase reprodutiva, é importante considerar o impacto do ciclo hormonal e adaptar a dieta com apoio profissional.
Para os homens, a resposta tende a ser mais rápida, mas ainda requer acompanhamento para evitar desequilíbrios nutricionais.
Com o avanço das pesquisas, cada vez mais se entende a importância de planos alimentares personalizados, que respeitem as particularidades de cada organismo.
A ciência mostra que não existe uma abordagem única que funcione para todos — e esse é um passo importante para o sucesso real e sustentável nas estratégias de emagrecimento.
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