O que é perda auditiva neurossensorial? Causas, sintomas e tratamentos explicados

Você sabia que mais de 90% dos casos de perda auditiva estão ligados a causas neurossensoriais?

Apesar de ser o tipo mais comum de perda auditiva, a perda auditiva neurossensorial ainda é mal compreendida por grande parte da população.

Este tipo de perda auditiva pode se desenvolver de forma gradual ou súbita, e afeta diretamente a capacidade do cérebro de interpretar os sons captados pelo ouvido.

Quando não identificada e tratada a tempo, pode comprometer significativamente a comunicação, a qualidade de vida e até a saúde mental de quem convive com esse problema.

Entender o que é perda auditiva neurossensorial é fundamental não apenas para reconhecer os sinais precoces, mas também para saber quais são os recursos de diagnóstico e tratamento disponíveis.

Muitas pessoas convivem com sintomas de perda auditiva sem perceber que existe um tipo específico, relacionado a alterações nas estruturas internas do ouvido e nas vias nervosas que levam o som até o cérebro.

Aqui, no SaúdeLAB, você vai entender com clareza:

  • O que caracteriza a perda auditiva neurossensorial;
  • Quais são suas principais causas e sintomas;
  • Como é feito o diagnóstico;
  • E quais são as opções de tratamento mais recomendadas.

Se você já notou alguma dificuldade auditiva, ou conhece alguém que tem sintomas semelhantes, continue a leitura e saiba quando procurar ajuda especializada.

O que é perda auditiva neurossensorial?

A perda auditiva neurossensorial é um tipo de comprometimento da audição que ocorre quando há danos nas células sensoriais da cóclea (no ouvido interno) ou nas vias nervosas que levam os sinais sonoros ao cérebro.

Ela também é chamada de perda auditiva sensorioneural e representa a forma mais comum de perda auditiva permanente.

Esse tipo de perda não é causada por obstruções ou problemas no canal auditivo externo ou médio, como acontece com a perda condutiva.

Em vez disso, envolve estruturas mais profundas e delicadas, responsáveis por transformar vibrações sonoras em impulsos nervosos e transmiti-los ao sistema nervoso central.

Diferença entre os tipos de perda auditiva

Para compreender melhor, é importante distinguir os três principais tipos de perda auditiva:

🔊 Diferença entre os tipos de perda auditiva
👂 Tipo de perda auditiva📍 Local da alteração🧬 Causa principal💡 Possível tratamento
CondutivaOuvido externo e/ou médioTampões de cera, infecções, perfuração do tímpanoMedicamentos, remoção de obstrução ou cirurgia
NeurossensorialOuvido interno (cóclea) ou nervo auditivoEnvelhecimento, ruído intenso, fatores genéticosAparelhos auditivos ou implantes cocleares
MistaCombinação de condutiva e neurossensorialTraumas, infecções graves, anomalias congênitasTratamento combinado conforme o caso

 

A perda auditiva neurossensorial costuma ser irreversível, mas felizmente existem opções eficazes de reabilitação auditiva que podem melhorar bastante a qualidade de vida.

Quais são as causas da perda auditiva neurossensorial?

Diversos fatores podem levar ao desenvolvimento da perda auditiva neurossensorial, e muitos deles envolvem danos progressivos às estruturas do ouvido interno ou do nervo auditivo. Veja a seguir as principais causas:

  • Envelhecimento (presbiacusia): a causa mais comum, relacionada ao desgaste natural das células sensoriais da cóclea ao longo dos anos.
  • Exposição a ruídos intensos: seja em ambientes de trabalho ou em atividades recreativas, o ruído excessivo pode danificar permanentemente as estruturas internas do ouvido.
  • Infecções virais: doenças como caxumba, sarampo e citomegalovírus podem afetar o sistema auditivo, especialmente quando ocorrem na infância.
  • Traumas cranianos: pancadas ou acidentes que afetam a região da cabeça podem lesar estruturas auditivas internas.
  • Uso de medicamentos ototóxicos: alguns antibióticos, diuréticos e quimioterápicos podem causar danos auditivos, especialmente em uso prolongado.
  • Fatores genéticos e hereditários: alterações genéticas podem predispor o indivíduo a uma perda auditiva precoce ou progressiva.
  • Malformações congênitas: presentes desde o nascimento, podem afetar o desenvolvimento normal das estruturas auditivas.
  • Doenças autoimunes ou neurológicas: como a esclerose múltipla e outras condições que afetam o sistema nervoso central, impactando a audição.

A identificação precoce da causa é essencial para indicar o tratamento mais adequado e evitar a progressão do quadro.

Quais os sintomas da perda auditiva neurossensorial?

Os sintomas da perda auditiva neurossensorial podem variar de acordo com a gravidade e a causa do problema. Em muitos casos, surgem de forma lenta e progressiva, o que dificulta o reconhecimento imediato.

Alguns dos sinais mais comuns incluem:

  • Dificuldade para entender conversas, especialmente em locais com ruído de fundo;
  • Necessidade frequente de aumentar o volume da TV, rádio ou celular;
  • Sensação de ouvido tampado ou abafado;
  • Presença de zumbido no ouvido (tinnitus), que pode ser constante ou intermitente;
  • Tontura, desequilíbrio e episódios de vertigem;
  • Evitação de interações sociais devido à dificuldade de escutar.

Quando suspeitar de perda auditiva neurossensorial?

Confira um checklist com os principais sinais de alerta:

  • Dificuldade para ouvir sons agudos, como vozes infantis ou campainha
  • Pedir com frequência para as pessoas repetirem o que disseram
  • Sensação de que os outros estão “murmurando”
  • Percepção de zumbidos constantes nos ouvidos
  • Isolamento social ou irritabilidade em ambientes ruidosos
  • Histórico familiar de perda auditiva precoce

Se você identificou algum desses sinais, é fundamental buscar uma avaliação com um profissional especializado o quanto antes. O diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença no tratamento e na qualidade de vida.

Como é feito o diagnóstico da perda auditiva neurossensorial?

O diagnóstico da perda auditiva neurossensorial começa com uma avaliação clínica detalhada feita por um otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo. Essa investigação é essencial para identificar o tipo de perda auditiva, sua gravidade e possíveis causas.

Etapas comuns do diagnóstico:

Consulta clínica especializada

Na primeira etapa, o profissional de saúde realiza uma anamnese completa, buscando entender os sintomas, o histórico de saúde do paciente, presença de infecções anteriores, uso de medicamentos e exposição a ruídos.

Testes auditivos

O exame mais utilizado para avaliar a audição é a audiometria tonal e vocal. Esse teste mede a capacidade de ouvir sons de diferentes frequências e volumes, além de avaliar a compreensão da fala.

Exame de audiometria.
Exame de audiometria. Foto: Canva PRO

 

Exames complementares

Em casos mais complexos, o médico pode solicitar exames de imagem, como a ressonância magnética, para investigar alterações no nervo auditivo ou em estruturas cerebrais relacionadas à audição.

O diagnóstico preciso é essencial para indicar o tratamento adequado e prevenir o agravamento da perda auditiva.

📌 Leitura Recomendada: Como funciona um aparelho auditivo? Descubra já

Quando a perda auditiva neurossensorial é considerada deficiência física?

A perda auditiva neurossensorial pode ser reconhecida como uma deficiência física de natureza sensorial quando atinge determinados critérios de gravidade e impacto funcional.

De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e outras normativas técnicas, a deficiência auditiva é caracterizada pela perda bilateral, parcial ou total, da capacidade de ouvir sons em níveis que dificultam ou impedem a comunicação social e o desempenho de atividades do dia a dia, mesmo com o uso de aparelhos auditivos.

Critérios técnicos para caracterização

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os parâmetros usados no Brasil, considera-se deficiência auditiva quando a perda auditiva é igual ou superior a:

  • 41 decibéis (dB) no melhor ouvido, em média, nas frequências de 500Hz, 1000Hz, 2000Hz e 4000Hz;
  • Mesmo com o uso de próteses auditivas, o indivíduo ainda apresenta limitações na comunicação oral e social.

A classificação da perda auditiva por grau ajuda a entender esse enquadramento:

📊 Classificação da perda auditiva por grau
🔊 Grau de perda auditiva📉 Faixa de decibéis (dB)📌 Impacto funcional
Leve26 a 40 dBDificuldade em ouvir sons suaves
Moderada41 a 60 dBDificuldade acentuada na comunicação oral
Severa61 a 80 dBConversas comuns se tornam quase inaudíveis
Profunda> 81 dBPerda total ou quase total da audição

Reconhecimento legal e direitos

Quando a perda auditiva se enquadra nesses critérios e interfere na autonomia do indivíduo, ela pode ser reconhecida legalmente como uma deficiência física. Isso garante o acesso a direitos e benefícios, como:

  • Isenção de impostos na compra de veículos adaptados;
  • Atendimento prioritário em serviços públicos e privados;
  • Benefícios previdenciários ou assistenciais (como o BPC/LOAS);
  • Inclusão em programas de reabilitação, educação inclusiva e mercado de trabalho;
  • Aquisição de aparelhos auditivos ou implantes cocleares pelo SUS, quando indicado.

Avaliação funcional é essencial

Importante destacar que o reconhecimento da deficiência não depende apenas do grau da perda auditiva, mas sim de uma avaliação multiprofissional, que leva em conta o impacto real da condição na vida da pessoa.

📌 Para ter o reconhecimento oficial da condição como deficiência, é necessário laudo médico atualizado, com descrição do grau da perda auditiva e avaliação da funcionalidade do paciente no cotidiano.

Existe tratamento para perda auditiva neurossensorial?

Embora a perda auditiva neurossensorial seja, na maioria dos casos, irreversível, existem diversos recursos que ajudam a recuperar significativamente a qualidade de vida e a capacidade de comunicação.

Principais opções de tratamento:

Aparelhos auditivos digitais modernos: São os dispositivos mais comuns e recomendados em perdas leves a moderadas. Eles amplificam os sons de forma personalizada, respeitando o grau de perda auditiva do paciente.

Implante coclear (casos severos): Indicado para quem tem perda auditiva severa a profunda e não responde bem aos aparelhos auditivos tradicionais. O implante estimula diretamente o nervo auditivo por meio de um dispositivo eletrônico interno e externo.

Reabilitação auditiva e fonoaudiologia: Além do uso de dispositivos, a terapia fonoaudiológica é fundamental para readaptar o cérebro à percepção sonora, melhorar a compreensão da fala e treinar habilidades de comunicação.

Acompanhamento médico contínuo: A perda auditiva exige monitoramento periódico para ajustes no tratamento, avaliação da progressão e apoio psicológico, quando necessário.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a detecção precoce e o uso adequado de dispositivos auditivos podem evitar impactos significativos na saúde emocional e cognitiva das pessoas com perda auditiva.

📌 Leitura Recomendada: Você tem zumbido no ouvido? Será que é grave? Descubra mais sobre o distúrbio

Quais as consequências de não tratar a perda auditiva neurossensorial?

Ignorar os sintomas de perda auditiva neurossensorial pode trazer prejuízos profundos à saúde, ao bem-estar emocional e à integração social da pessoa afetada.

Consequências mais comuns:

  • Comprometimento da comunicação: dificuldades para manter conversas, principalmente em ambientes ruidosos.
  • Isolamento e queda da qualidade de vida: a pessoa tende a se afastar de ambientes sociais por constrangimento ou frustração.
  • Risco aumentado de demência: estudos indicam que idosos com perda auditiva não tratada têm maior risco de desenvolver declínio cognitivo e demência.
  • Impactos emocionais: ansiedade, irritabilidade, estresse e até depressão são frequentes em pessoas que convivem com a surdez sem suporte.

Estudo publicado na revista “The Lancet” destacou que a perda auditiva não tratada é um dos fatores modificáveis mais relevantes para prevenir demência em idosos.

A perda auditiva neurossensorial pode ser prevenida?

Nem todos os casos podem ser evitados, mas há hábitos e cuidados que reduzem significativamente o risco de desenvolver perda auditiva neurossensorial ao longo da vida.

Dicas importantes de prevenção:

  • Use protetores auriculares: especialmente em ambientes de trabalho com ruído intenso ou em eventos musicais.
  • Controle o volume em fones de ouvido: evite usar volume alto por longos períodos. O ideal é não ultrapassar 60% do volume máximo.
  • Mantenha a vacinação em dia: vacinas como a de sarampo, caxumba e rubéola ajudam a prevenir infecções que podem afetar a audição.
  • Evite a automedicação: alguns medicamentos podem ser ototóxicos. Sempre use antibióticos ou diuréticos com orientação médica.

Prevenção é sempre o melhor caminho para manter a saúde auditiva em dia.

Quando procurar ajuda médica?

Muitas pessoas negligenciam os sinais iniciais de perda auditiva, acreditando que “é normal com a idade” ou que “vai passar”. Mas qualquer sintoma persistente deve ser investigado.

Procure ajuda médica se:

  • Você tem dificuldade frequente de entender o que os outros falam;
  • Sente que ouve, mas não compreende claramente;
  • Percebe zumbido, tontura ou sensação de ouvido tampado;
  • Recebe feedback de familiares sobre aumento do volume da TV ou falhas na comunicação.

O ideal é buscar avaliação com um otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo. Quanto antes o problema for identificado, maiores são as chances de sucesso no tratamento e menores os impactos na vida cotidiana.

📌 Leitura Recomendada: Perda auditiva e demência estão ligadas? Como proteger seus ouvidos pode ajudar a prevenir Alzheimer

FAQ – Dúvidas frequentes sobre perda auditiva neurossensorial

O que é surdez neurossensorial bilateral?

É a perda auditiva que afeta os dois ouvidos ao mesmo tempo, causada por danos no ouvido interno ou no nervo auditivo. Pode ter causas genéticas, degenerativas ou ambientais.

A perda auditiva neurossensorial tem cura?

Na maioria dos casos, não tem cura, mas pode ser tratada com aparelhos auditivos, implantes cocleares e terapias de reabilitação auditiva.

Quais são os tipos de perda auditiva?

Existem três: condutiva, neurossensorial e mista. Cada uma tem causas e tratamentos diferentes.

O que é um aparelho coclear?

É um dispositivo eletrônico implantado cirurgicamente que estimula diretamente o nervo auditivo, indicado para perdas auditivas severas.

Quem tem perda auditiva pode usar aparelho auditivo comum?

Sim, desde que a indicação seja feita por um especialista. O aparelho deve ser ajustado conforme o grau e tipo de perda auditiva do paciente.

A perda auditiva neurossensorial é um problema comum, mas que muitas vezes passa despercebido ou é negligenciado. Com causas diversas — desde o envelhecimento até traumas ou uso de medicamentos —, ela pode ser irreversível, mas é perfeitamente tratável.

O diagnóstico precoce, feito com testes auditivos e exames clínicos, é essencial para indicar a melhor forma de tratamento e minimizar os impactos na vida do paciente. Aparelhos auditivos, implantes cocleares e terapias de reabilitação são recursos eficazes para recuperar a autonomia e a qualidade de vida.

Notou algum sintoma de perda auditiva?

Busque orientação médica o quanto antes e proteja sua saúde auditiva. Se tiver dúvidas, consulte um otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo de confiança.

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Enf. Raquel Souza de Faria
Enf. Raquel Souza de Faria

Sou Raquel Souza de Faria, Enfermeira (COREN – MG 212.681) Especialista em Docência do Ensino Superior, Consultora de Enfermagem em Núcleo de Segurança do Paciente, Gestora de Serviços de Atenção Básica/Saúde da Família. Empresária e Empreendedora, amante da Fitoterapia e das Terapias Holísticas, oferecendo bem-estar e prevenção de doenças como Auriculoterapêuta e Esteticista.
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