Brasil tem aumento preocupante de casos de hepatite A; saiba mais

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um crescimento alarmante no número de casos de hepatite A, uma infecção viral que atinge o fígado.

De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados nesta terça-feira (8), a taxa de incidência da doença aumentou 325% entre 2022 e 2024, impulsionada principalmente por jovens adultos, sobretudo do sexo masculino, nas regiões Sul e Sudeste do país.

Apesar de o país ter registrado uma redução no número de casos de hepatite A na última década, esse cenário mudou recentemente.

A doença, que antes era mais comum na infância e estava em queda, voltou a crescer entre os adultos, especialmente entre pessoas de 20 a 39 anos.

O que é hepatite A e como a doença afeta o organismo

A hepatite A é uma doença causada por um vírus que provoca inflamação no fígado.

Diferente das hepatites B e C, ela geralmente não se torna crônica, mas pode causar sintomas intensos durante o período da infecção.

A principal forma de contágio é a ingestão de água ou alimentos contaminados, mas o contato sexual também pode transmitir o vírus, especialmente entre homens que fazem sexo com homens.

Entre os principais sintomas da hepatite A, estão:

  • Cansaço extremo;
  • Febre;
  • Náuseas e vômitos;
  • Dor abdominal;
  • Urina escura;
  • Fezes claras;
  • Pele e olhos amarelados (icterícia).

Nem todas as pessoas apresentam sintomas. Algumas podem ter a doença e nem perceber, o que facilita a disseminação sem que o infectado saiba.

Casos cresceram mais entre homens e jovens adultos

Nos últimos anos, o perfil das pessoas infectadas por hepatite A mudou.

Antes, a doença era mais comum na infância, quando muitas crianças se contaminavam de forma leve e acabavam desenvolvendo proteção natural contra o vírus.

De acordo com o Ministério da Saúde, com a melhora nas condições de higiene e o aumento da vacinação infantil, os casos em crianças diminuíram.

Esse cenário, embora positivo para a infância, deixou uma parte da população adulta mais exposta à infecção.

Isso porque muitos jovens de hoje nunca tiveram contato com o vírus e, por isso, não possuem anticorpos que ofereçam proteção natural.

Essa falta de imunidade ajuda a explicar o aumento expressivo de casos entre os adultos mais jovens.

Entre 2022 e 2024, os registros na faixa dos 20 a 24 anos subiram mais de 520%, passando de 77 para 481 casos.

O mesmo aconteceu entre os de 25 a 29 anos, com crescimento superior a 510%.

Também houve aumento significativo entre pessoas de 30 a 39 anos.

Outro ponto que chama atenção é que a maioria dos casos ocorreu entre homens.

Em 2024, para cada mulher infectada, havia três homens diagnosticados com a doença. No total, foram 2.653 casos registrados em homens, contra 885 em mulheres.

Regiões mais afetadas pelo surto recente de hepatite A

As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste puxaram o crescimento da hepatite A no país.

Em 2024, as taxas de incidência por 100 mil habitantes foram:

  • Sul: 3,3 casos;
  • Sudeste: 2,1 casos;
  • Centro-Oeste: 1,8 casos.

Essas regiões apresentaram aumentos expressivos em relação a 2023, com destaque para o Centro-Oeste, onde a alta foi de 350% em apenas um ano.

Um exemplo claro dessa tendência é Curitiba, capital do Paraná, que enfrentou um surto de hepatite A em 2024.

A situação foi controlada com uma estratégia combinada de vacinação, principalmente voltada para pessoas que usam a PrEP (medicamento de prevenção contra o HIV).

Já em São Paulo, os números também chamam a atenção: apenas nos seis primeiros meses de 2025, a capital paulista registrou 476 casos da doença, um número bem superior ao observado no mesmo período de 2024, quando foram registrados 266 casos.

Transmissão sexual da hepatite A preocupa autoridades de saúde

Embora a forma mais conhecida de contágio da hepatite A seja a ingestão de água ou alimentos contaminados, o Ministério da Saúde confirmou que a transmissão sexual também tem desempenhado um papel importante no aumento dos casos, especialmente entre homens jovens.

Essa forma de contaminação ocorre pelo contato com fezes infectadas, o que pode acontecer durante relações sexuais sem proteção.

Por isso, o uso de preservativo também é uma forma eficaz de prevenir a hepatite A, além da higienização adequada das mãos, alimentos e utensílios.

Em resposta a esse cenário, o Ministério da Saúde passou a recomendar a vacina contra hepatite A para grupos mais expostos ao risco, como homens que fazem sexo com homens e usuários da PrEP.

A importância da vacinação contra hepatite A

A vacina contra hepatite A é a principal ferramenta para evitar novos casos.

No Brasil, ela é oferecida gratuitamente pelo SUS e faz parte do calendário vacinal infantil, sendo indicada para crianças a partir de 15 meses de idade.

No entanto, grupos considerados de maior risco também devem receber a imunização.

A partir de junho de 2025, o Ministério da Saúde ampliou a recomendação da vacina, reforçando a importância da prevenção entre os jovens adultos.

É importante destacar que a vacina é segura e altamente eficaz.

Em muitos países, a ampliação da cobertura vacinal foi responsável por quase eliminar os surtos de hepatite A entre a população.

Outros tipos de hepatite: B e C também preocupam

Apesar do foco atual estar no avanço da hepatite A, o boletim do Ministério da Saúde também trouxe informações sobre as hepatites B e C.

A hepatite B, que também é sexualmente transmissível, vem apresentando uma queda consistente nos últimos dez anos.

Houve uma redução de 34,6% entre 2014 e 2024, o que mostra o impacto positivo da vacinação e da conscientização da população.

Ainda assim, a doença continua sendo uma preocupação, pois muitas pessoas são diagnosticadas apenas em estágios avançados, quando já existem danos no fígado.

Já a hepatite C, que durante muito tempo foi considerada uma doença ligada ao uso de drogas ou transfusões de sangue, hoje também preocupa pelas formas sexuais de transmissão.

Em 2024, o número de casos transmitidos por via sexual foi duas vezes maior do que por uso de drogas e quatro vezes maior do que por transfusão sanguínea.

A maioria das pessoas com hepatite C não apresenta sintomas, o que reforça a importância dos testes de rotina.

Quando os sintomas aparecem, podem incluir febre, cansaço, náuseas, dor abdominal e icterícia (semelhantes aos da hepatite A), mas com maior risco de evolução para doenças graves do fígado.

Ministério recomenda testagem para adultos a partir dos 20 anos

Diante do crescimento dos casos de hepatite A e da necessidade de controlar outras formas da doença, o Ministério da Saúde recomenda que todas as pessoas com mais de 20 anos façam pelo menos um teste de hepatite ao longo da vida.

Em caso de sintomas ou suspeita de contato com alguém infectado, é importante procurar uma unidade básica de saúde para realizar exames e, se necessário, iniciar o tratamento o quanto antes.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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