Como a exposição a produtos químicos e autismo pode estar mais ligada do que você imagina

A exposição a produtos químicos e autismo pode ter uma relação mais próxima do que se imaginava.

Um estudo publicado no International Journal of Hygiene and Environmental Health indica que o contato de pais com certos produtos químicos no ambiente de trabalho pode estar ligado a dificuldades cognitivas, comportamentais e de habilidades do dia a dia em crianças com autismo.

Essa pesquisa não apenas aponta possíveis riscos, como também sugere que a gravidade dos sintomas pode ser influenciada pela exposição profissional dos pais antes e durante a gestação.

Produtos químicos e autismo: como o estudo foi feito

Mais de 500 famílias participaram da pesquisa, todas com crianças autistas.

Os cientistas, ligados à Universidade da Califórnia (UC Davis) e ao Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional dos Estados Unidos, investigaram o histórico de trabalho de mães e pais desde três meses antes da gravidez até o nascimento.

Especialistas em higiene ocupacional avaliaram a probabilidade de contato com 16 tipos de substâncias comuns em diferentes setores, como plásticos, produtos de limpeza, medicamentos e compostos usados em processos industriais.

Substâncias que mais chamaram atenção

Entre os químicos analisados, três se destacaram pelas associações mais fortes com dificuldades das crianças:

  • Plásticos e polímeros (como polietileno, polipropileno e PVC) apareceram ligados a desempenho cognitivo mais baixo, limitações na vida diária e comportamentos como hiperatividade ou retraimento social.
  • Óxido de etileno, usado para esterilizar equipamentos, mostrou relação com sintomas mais intensos de autismo e desafios em atividades rotineiras.
  • Fenol, presente em alguns produtos industriais, foi associado a comportamentos repetitivos e sinais de agitação.

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O que foi observado nas crianças

A gravidade dos sintomas foi medida pelo ADOS-2, uma avaliação considerada referência para diagnóstico de autismo.

Crianças cujos pais tiveram contato com certas substâncias apresentaram mais dificuldade em áreas como coordenação motora fina, compreensão de linguagem e interação social.

As análises mostraram que, em alguns casos, a ligação com problemas cognitivos era mais evidente quando o pai, e não a mãe, havia sido exposto, especialmente no caso dos plásticos e polímeros.

Autismo.
Foto: Canva PRO

O que isso significa para as famílias e para a saúde pública

Embora o estudo não prove que esses produtos químicos sejam a causa direta do autismo, ele reforça que a exposição a produtos químicos e autismo podem estar conectados de forma mais complexa.

Para os cientistas, a segurança no ambiente de trabalho vai além de proteger o funcionário, pode também influenciar a saúde e o desenvolvimento de seus futuros filhos.

Os autores defendem que novas pesquisas aprofundem como essas substâncias afetam o cérebro em formação.

Também ressaltam que muitos dos efeitos observados surgiram mesmo em exposições comuns no dia a dia de algumas profissões.

Assim, entender e reduzir o contato com produtos potencialmente prejudiciais durante o período pré-concepção e a gravidez pode ser uma medida importante para minimizar riscos.

Essa investigação traz um alerta: cuidar da saúde no trabalho é também cuidar da próxima geração, e prestar atenção à relação entre exposição a produtos químicos e autismo pode ser um passo fundamental nessa direção.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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