Cientistas testam vacina contra câncer de pâncreas e colorretal com resultados promissores

Uma nova esperança pode estar surgindo para pacientes com alguns dos tipos mais agressivos de câncer. Pesquisadores anunciaram os resultados finais de um estudo que testou uma vacina contra câncer de pâncreas e colorretal, e os dados apontam para uma possibilidade real de reduzir o risco de retorno da doença.

O estudo, chamado AMPLIFY-201, foi publicado na revista Nature Medicine e avaliou uma vacina experimental conhecida como ELI-002 2P.

O foco dela é atacar tumores que apresentam mutações específicas no gene KRAS, muito comuns em casos de câncer de pâncreas e em parte dos cânceres colorretais.

Por que o câncer de pâncreas e colorretal são tão preocupantes?

O câncer de pâncreas é um dos mais letais. Mesmo após cirurgia e tratamentos como quimioterapia e radioterapia, muitos pacientes veem a doença voltar rapidamente.

Isso acontece porque, em alguns casos, pequenas quantidades de células tumorais continuam no organismo, mesmo quando os exames tradicionais não detectam nada.

Essa condição é chamada de doença residual mínima.

O câncer colorretal, embora tenha mais opções de tratamento, também pode ser agressivo quando apresenta mutações específicas.

Uma dessas alterações genéticas está no gene KRAS, e é aí que a nova vacina contra câncer de pâncreas e colorretal entra em ação.

Como funciona a nova vacina

Diferente das vacinas que conhecemos para prevenir doenças como gripe ou COVID-19, essa é uma vacina terapêutica, ou seja, é aplicada em pessoas que já tiveram câncer.

A ideia é “treinar” o sistema imunológico para reconhecer e atacar células tumorais que tenham mutações específicas no KRAS (neste caso, as variantes G12D e G12R, que estão entre as mais comuns no câncer de pâncreas e em parte dos cânceres colorretais) impedindo ou atrasando o retorno da doença.

A ELI-002 2P usa uma tecnologia chamada “anfifílica”, que direciona os componentes da vacina para os linfonodos (estruturas onde as células de defesa aprendem a identificar ameaças).

Lá, ela estimula dois tipos importantes de células de defesa: as CD4+ e as CD8+, que atuam juntas para destruir células cancerígenas.

O estudo e seus resultados

O AMPLIFY-201 contou com 25 participantes: 20 com câncer de pâncreas e 5 com câncer colorretal, todos com mutações no KRAS G12D ou G12R.

Eles já tinham passado por cirurgia e outros tratamentos, mas ainda apresentavam sinais de doença residual mínima.

Cada paciente recebeu a vacina contra câncer de pâncreas e colorretal em um esquema de doses iniciais, seguidas de reforços após alguns meses.

O acompanhamento durou, em média, 19,7 meses.

Os resultados foram animadores:

  • 84% dos pacientes apresentaram resposta imunológica contra o câncer.
  • Entre aqueles que tiveram uma resposta mais intensa, o risco de o tumor voltar foi muito menor.
  • Em vários casos, os pacientes permaneciam sem sinais de progressão da doença mesmo mais de um ano após o início do estudo.
  • Alguns apresentaram também um fenômeno chamado “espalhamento de antígenos”, no qual o sistema imunológico começou a reconhecer outras partes do tumor que nem estavam incluídas na vacina, ampliando a defesa.

O que significa resposta imunológica forte

Os cientistas mediram a quantidade de células de defesa específicas contra o KRAS no sangue dos pacientes. Aqueles que tiveram aumento acima de um determinado nível (9,17 vezes mais do que antes da vacina) foram os que mais se beneficiaram.

Entre os pacientes com essa resposta mais forte:

Muitos não apresentaram nenhuma evidência de progressão do câncer.

A sobrevida global foi significativamente maior em comparação aos que tiveram resposta mais baixa.

Esse dado sugere que a eficácia da vacina contra câncer de pâncreas e colorretal pode depender de quão bem o organismo reage a ela.

Segurança e próximos passos

Outro ponto positivo é que o tratamento foi considerado seguro, sem efeitos colaterais graves que impedissem sua continuidade.

Com esses resultados, os pesquisadores já iniciaram um estudo maior, de fase 2, para avaliar uma versão ainda mais ampla da vacina, chamada ELI-002 7P, que poderá atuar contra mais variações do KRAS e também do NRAS — outro gene envolvido em diferentes tipos de câncer.

Uma nova era para as vacinas contra o câncer

A ideia de vacinas terapêuticas contra o câncer não é nova, mas só recentemente a ciência tem alcançado resultados expressivos.

Tecnologias como a usada na ELI-002 2P mostram que é possível direcionar a resposta imunológica de forma mais eficiente, atacando mutações específicas que são essenciais para o crescimento do tumor.

Embora ainda seja cedo para falar em cura, a nova vacina contra câncer de pâncreas e colorretal pode representar um avanço significativo para aumentar o tempo sem retorno da doença e, em alguns casos, prolongar a vida de pacientes com tumores altamente agressivos.

Se as próximas fases confirmarem esses resultados, estaremos mais próximos de transformar uma das batalhas mais difíceis da oncologia em uma luta mais equilibrada, e com mais vitórias para os pacientes.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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