Um caso de envenenamento a cada 2 horas no Brasil: conheça os locais mais impactados

Nos últimos anos, os casos de envenenamento no Brasil têm ganhado cada vez mais atenção das autoridades de saúde e da população.

Um levantamento da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE) revelou que, entre 2009 e 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou mais de 45 mil atendimentos de emergência por intoxicações graves.

O dado preocupa não apenas pela quantidade, mas pela gravidade dos episódios: muitos evoluem para internações prolongadas e, em alguns casos, para óbito.

Mais do que um problema médico, o envenenamento se tornou também uma questão social, de segurança e de saúde pública.

Por que os casos de envenenamento no Brasil estão aumentando

Segundo a ABRAMEDE, a média anual é de 4.551 atendimentos, o que equivale a 379 por mês (ou um caso a cada duas horas).

Mas o que chama mais atenção é a tendência recente: depois de um período de queda entre 2015 e 2021, os números voltaram a crescer, alcançando picos históricos em 2023 (5.523 registros) e 2024 (5.560 registros).

Esse aumento revela que a exposição a substâncias tóxicas ainda é um desafio nacional, que envolve falhas na fiscalização, uso indevido de medicamentos e até violência premeditada.

Envenenamentos acidentais x intencionais

Embora parte dos casos aconteça por acidentes domésticos, principalmente envolvendo crianças, o levantamento revela um dado preocupante: 3.461 internações foram provocadas por envenenamentos intencionais, ou seja, causados por terceiros.

Muitos desses episódios estão ligados a conflitos familiares, crimes passionais ou disputas patrimoniais.

Por serem de difícil prevenção, representam uma ameaça silenciosa e, muitas vezes, letal.

Casos que chocaram o país

Alguns casos de envenenamento no Brasil tiveram grande repercussão nacional e evidenciaram a gravidade do problema:

  • Uma família inteira morreu após comer um bolo contaminado com arsênio no Rio Grande do Sul.
  • No Piauí, uma ceia de Réveillon adulterada com inseticida deixou nove pessoas intoxicadas (cinco delas morreram).
  • No Maranhão, duas crianças perderam a vida após consumirem um ovo de Páscoa envenenado.
  • No Rio Grande do Norte, uma bebê de oito meses morreu depois de ingerir açaí contaminado entregue em domicílio.

Esses episódios reforçam que o envenenamento não está restrito a acidentes e exigem respostas mais firmes das autoridades.

Principais causas identificadas

Embora muitos atendimentos sejam classificados como intoxicações por substâncias não especificadas, a ABRAMEDE identificou produtos com maior relação com os episódios:

  • Medicamentos comuns, como analgésicos e antitérmicos;
  • Pesticidas agrícolas, usados para eliminar pragas;
  • Bebidas alcoólicas adulteradas ou consumidas em excesso;
  • Sedativos, anticonvulsivantes e hipnóticos usados de forma indevida;
  • Produtos químicos de uso doméstico e substâncias não identificadas.

O levantamento mostra que os casos de envenenamento no país vão muito além dos venenos tradicionais, envolvendo medicamentos, produtos de limpeza e até alimentos contaminados.

Quem são as principais vítimas

O estudo aponta dois grupos mais vulneráveis:

  • Adultos jovens, entre 20 e 29 anos, que lideram os registros de internações;
  • Crianças de 1 a 4 anos, com grande incidência de intoxicações acidentais, principalmente pela ingestão de remédios e produtos de limpeza.

Além disso, os homens representam a maioria das vítimas, com mais de 23 mil registros no período analisado.

Onde os casos se concentram

Os casos de envenenamento no Brasil estão presentes em todas as regiões, mas o Sudeste lidera com quase metade dos atendimentos.
Apenas São Paulo registrou mais de 10 mil ocorrências na última década.

Na sequência aparecem:

  • Sul: 9,6 mil casos;
  • Nordeste: 7 mil;
  • Centro-Oeste: 5,1 mil;
  • Norte: 3,9 mil.

Essa distribuição mostra que o problema é nacional e exige estratégias diferentes para cada região.

Atendimento rápido faz diferença

Quando ocorre um episódio de envenenamento, cada minuto conta.

Em muitos casos, a substância causadora nem chega a ser identificada, mas o foco inicial deve ser manter a respiração, a circulação e a estabilidade do paciente.

A ABRAMEDE reforça que equipes bem treinadas podem salvar vidas, e a ampliação da capacitação médica é um dos principais caminhos para reduzir o número de mortes.

Como prevenir novos casos

Para conter o crescimento dos casos de envenenamento no Brasil, especialistas defendem um conjunto de medidas:

  • Fiscalização mais rigorosa sobre a venda de substâncias tóxicas;
  • Controle do comércio clandestino de produtos perigosos;
  • Campanhas educativas sobre armazenamento seguro de medicamentos e produtos de limpeza;
  • Apoio psicológico para pessoas em situação de vulnerabilidade emocional.

Mais do que tratar os efeitos, é fundamental agir na prevenção e combater as falhas que permitem o acesso fácil a substâncias perigosas.

Os casos de envenenamento no Brasil representam um desafio crescente para a saúde pública.

Com números alarmantes e episódios de grande repercussão, o problema exige políticas mais firmes, vigilância contínua e educação preventiva.

Manter o olhar atento e a informação acessível é o primeiro passo para proteger vidas.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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