Cirurgia não é o único caminho para tratar hérnia de disco e especialista explica

A dor nas costas é uma queixa comum entre brasileiros e pode estar ligada a diferentes condições de saúde. Uma das mais conhecidas (e temidas) é a hérnia de disco, que costuma preocupar quando aparece no diagnóstico.

Mas o que exatamente significa ser diagnosticado com ela? Será que sempre é necessário operar?

Para esclarecer essas dúvidas, o SaúdeLab conversou com a neurocirurgiã Ingra Souza, que explica o que é a hérnia, quais os sintomas mais preocupantes e como tratar e prevenir a condição.

O que é a hérnia de disco?

A coluna é formada por ossos chamados vértebras, que precisam de amortecimento para suportar o peso do corpo e permitir movimentos.

Esse papel é desempenhado pelos discos intervertebrais, estruturas que têm uma parte externa resistente e uma parte interna gelatinosa.

A hérnia de disco ocorre quando essa camada externa se rompe ou se enfraquece, permitindo que o material interno se projete para fora”, explica a Dra. Ingra.

Na prática, é como se uma almofada estivesse rasgada: o enchimento sai do lugar e começa a pressionar estruturas próximas.

No caso da coluna, esse “vazamento” pode comprimir nervos, provocando dor, formigamento ou até perda de força muscular.

O problema tende a ser mais comum com o envelhecimento, já que os discos vão se desgastando naturalmente.

Mas fatores como má postura no trabalho, sedentarismo, esforço excessivo ou até movimentos simples feitos de forma incorreta (como se abaixar bruscamente para pegar um objeto no chão) também podem acelerar o surgimento da hérnia.

Sintomas que exigem atenção

Muitas pessoas só descobrem a condição quando a dor se torna incapacitante.

Os sinais, no entanto, podem aparecer antes e servem como alerta.

Dor intensa na coluna, que pode irradiar para braços ou pernas; formigamento ou dormência em regiões específicas do corpo; fraqueza muscular; e, em casos graves, perda do controle urinário ou intestinal, o que exige atendimento médico imediato”, aponta a especialista.

O local da hérnia também influencia nos sintomas.

Uma hérnia lombar, por exemplo, pode causar dor que desce pela perna, conhecida como ciatalgia ou “dor no nervo ciático”.

Já a hérnia cervical costuma gerar dor no pescoço que pode irradiar para os ombros e braços.

Esse detalhe é importante porque muitas vezes o paciente confunde os sintomas com outros problemas, como má circulação ou dores musculares comuns.

Por isso, ao notar sinais persistentes, é essencial buscar avaliação médica.

Nem sempre é preciso cirurgia

Receber um diagnóstico de hérnia de disco gera medo em muita gente, especialmente pela associação imediata com a cirurgia.

No entanto, a neurocirurgiã Ingra Souza tranquiliza: na maioria das vezes, o tratamento não envolve sala de operação.

Cerca de 80% a 90% dos casos melhoram com tratamento conservador, sem necessidade de cirurgia”, afirma.

O corpo tem capacidade de reabsorver parte do material herniado, diminuindo naturalmente a compressão no nervo.

Com repouso relativo, fisioterapia e uso de medicamentos, muitos pacientes apresentam melhora significativa dentro de seis a doze semanas.

Essas estratégias fazem parte do tratamento conservador, que vamos detalhar mais adiante no texto.

Na prática, o diagnóstico de hérnia de disco não significa uma sentença cirúrgica.

Ao mesmo tempo, exige paciência e disciplina para seguir as orientações médicas, já que a recuperação costuma ser gradual, mas pode trazer resultados positivos e duradouros.

Quando a cirurgia é realmente indicada?

Apesar de a maioria dos casos responder bem a tratamentos clínicos, existem situações em que a cirurgia é inevitável.

A cirurgia é indicada em situações mais graves, como dor intensa e incapacitante que não melhora com tratamento clínico, fraqueza muscular progressiva ou na síndrome da cauda equina, quando há perda do controle urinário ou intestinal”, alerta a Dra. Ingra.

Nesses cenários, o risco de sequelas aumenta, e a cirurgia passa a ser a melhor forma de proteger os nervos e preservar funções motoras e sensoriais.

O procedimento busca descomprimir o nervo afetado, aliviando os sintomas e evitando complicações permanentes.

Tratamentos e cuidados conservadores

Para quem não precisa de cirurgia, o tratamento pode ser bastante eficaz.

Ele costuma ser montado de acordo com as necessidades do paciente e pode combinar diferentes recursos.

O tratamento pode envolver medicações, fisioterapia, infiltrações de medicamentos na região afetada, além do controle de peso e repouso relativo”, detalha a neurocirurgiã.

A fisioterapia, por exemplo, é essencial para fortalecer os músculos que sustentam a coluna e corrigir falhas posturais.

Já o controle do peso corporal evita sobrecarga sobre os discos intervertebrais.

A especialista lembra ainda que repouso absoluto não é recomendado, pois pode enfraquecer a musculatura.

O ideal mesmo é evitar esforços, mas manter-se em movimento dentro do possível.

Como prevenir a hérnia de disco

Além de tratar, também é possível prevenir a hérnia ou, no caso de quem já tem o diagnóstico, evitar que o problema piore.

Manter boa postura, praticar exercícios regularmente, evitar sobrepeso, aprender a levantar objetos corretamente e fazer pausas durante o trabalho”, orienta a Dra. Ingra.

Esses cuidados podem parecer simples, mas fazem grande diferença.

Pequenos hábitos como ajustar a altura da cadeira no escritório, não passar longos períodos sentado e fortalecer a região abdominal e lombar ajudam a manter a coluna saudável e protegida.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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