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Você sabia que cantar ajuda pacientes com DPOC? Pesquisa traz resultados animadores
Cantar ajuda pacientes com DPOC e também aqueles que enfrentam doença pulmonar intersticial, trazendo benefícios reais para o controle da falta de ar e para a qualidade de vida.
A constatação vem de um estudo de padrão ouro, apresentado no Congresso da Sociedade Respiratória Europeia, em Amsterdã, e divulgado pelo portal News Medical.
O que são DPOC e doença pulmonar intersticial
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma condição que compromete a respiração devido à obstrução progressiva dos pulmões.
Está ligada, na maioria dos casos, ao tabagismo e pode causar sintomas como tosse persistente, chiado no peito e falta de ar.
Já a doença pulmonar intersticial (DPI) é um conjunto de enfermidades que provocam inflamação e cicatrização do tecido pulmonar, dificultando a troca de oxigênio.
Ambas as doenças não têm cura, mas o tratamento adequado ajuda a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.
Cantar como aliado na saúde respiratória
De acordo com os pesquisadores, a falta de ar é um dos sintomas mais difíceis para quem convive com doenças pulmonares crônicas.
A limitação física, somada ao impacto emocional, costuma reduzir bastante a qualidade de vida desses pacientes.
Foi nesse contexto que surgiu o programa chamado SINFONIA, que ofereceu sessões semanais de canto em grupo, realizadas online, durante 12 semanas.
A ideia era simples: usar a música para melhorar a respiração, a interação social e até o humor.
Os participantes aprenderam exercícios respiratórios, fizeram aquecimentos vocais e cantaram músicas conhecidas em encontros de 90 minutos.
Além disso, o ambiente virtual permitiu que todos interagissem, mesmo à distância.
Resultados que chamam atenção
Os resultados surpreenderam.
Segundo a professora Natasha Smallwood, da Universidade Monash (Austrália), responsável pelo estudo, os pacientes que participaram das sessões de canto relataram melhor qualidade de vida em comparação aos que receberam apenas o tratamento tradicional.
A melhora foi medida por meio de questionários que avaliam aspectos como dor, saúde geral, fadiga, bem-estar emocional e interação social.
A diferença entre os dois grupos foi de 7,4 pontos, valor considerado significativo.
Ainda de acordo com os pesquisadores, os efeitos positivos foram mais evidentes em quem participou de pelo menos oito sessões.
Entre os principais benefícios relatados estão:
- Redução da sensação de falta de ar;
- Mais disposição para atividades do dia a dia;
- Menor impacto emocional causado pela doença;
- Aumento da sensação de bem-estar e de pertencimento a um grupo.
Quem se beneficiou mais
Um dado interessante foi que mulheres, pessoas com ansiedade ou depressão e aqueles que nunca tinham feito reabilitação pulmonar anterior apresentaram as maiores melhorias.
Isso reforça a ideia de que a música não atua apenas no corpo, mas também na mente, funcionando como uma estratégia de cuidado integral.
Além disso, o estudo destacou que cantar ajuda pacientes com DPOC não apenas no controle da respiração, mas também ao promover vínculos sociais e momentos de prazer, fatores que podem reduzir o estresse e melhorar a adesão ao tratamento.
O que dizem os especialistas
Para o Dr. Apostolos Bossios, especialista em doenças respiratórias do Instituto Karolinska (Suécia), que comentou os resultados, a pesquisa abre espaço para que abordagens não medicamentosas ganhem cada vez mais relevância no cuidado de pessoas com doenças crônicas.
“Essas condições não têm cura, por isso precisamos de alternativas que ajudem os pacientes a viverem melhor”, destacou.
O especialista lembra ainda que, ao incorporar atividades como o canto em grupo aos serviços de saúde, será possível oferecer um suporte mais humano e completo.
Música como complemento ao tratamento
Vale reforçar que o canto não substitui as terapias já indicadas para DPOC ou doença pulmonar intersticial.
Medicamentos, reabilitação e acompanhamento médico continuam sendo fundamentais.
No entanto, iniciativas como o SINFONIA mostram que a música pode se transformar em uma ferramenta complementar, segura e acessível.
O estudo internacional reforça o poder da arte como parte do cuidado em saúde.
No fim das contas, cantar não só fortalece os pulmões, como também aquece o coração e devolve qualidade de vida a quem enfrenta doenças tão desafiadoras.
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