O cérebro em modo de sobrevivência: o que a fome faz com suas emoções

Quem nunca se sentiu impaciente ou irritado depois de passar algumas horas sem comer? A conexão entre fome e reações emocionais é mais profunda do que imaginamos.

Segundo novas descobertas publicadas na revista Nature, essa resposta vai muito além do mau humor passageiro. Ela revela como o cérebro se adapta à escassez de energia e reorganiza suas prioridades.

Em experimentos realizados pelo Francis Crick Institute, no Reino Unido, os pesquisadores observaram que a falta de alimento altera circuitos cerebrais ligados à tomada de decisões sociais.

Em outras palavras, quando o corpo sente fome, o cérebro muda a forma como interpreta o ambiente e as intenções de quem está ao redor.

Essa mudança pode transformar comportamentos naturalmente protetores em atitudes defensivas (ou até agressivas), um mecanismo que parece ter evoluído como estratégia de sobrevivência.

Fome e reações emocionais: o cérebro em modo de sobrevivência

Quando o corpo sente falta de energia, uma rede de neurônios no hipotálamo é ativada.

Essa região, que regula o apetite, também influencia emoções como ansiedade, raiva e medo.

Segundo o estudo, a fome “conversa” com áreas do cérebro ligadas ao cuidado e à empatia, fazendo com que o instinto de proteção ceda lugar à defesa.

Em situações extremas, o cérebro parece priorizar a sobrevivência em vez de vínculos sociais.

Embora o experimento tenha sido feito com animais, os cientistas acreditam que mecanismos semelhantes possam existir em humanos.

A escassez de comida pode mudar a forma como reagimos às pessoas e aos estímulos ao nosso redor.

Hormônios e fome: uma combinação poderosa

Os pesquisadores também descobriram que o estado hormonal influencia essa transformação.

A interação entre hormônios sexuais (como o estrogênio e a progesterona) e a sensação de fome define como certos neurônios se comportam diante de estímulos sociais.

Em resumo, o cérebro integra informações físicas (como a falta de alimento) e hormonais antes de decidir se reage com calma ou agressividade.

Esse achado amplia a compreensão sobre fome e reações emocionais, mostrando que não se trata apenas de comer ou não comer, mas de como o organismo interpreta o desequilíbrio energético e hormonal como uma ameaça.

Quando o corpo sente, a mente responde

Na prática, a pesquisa ajuda a entender por que pessoas em dieta restrita, sob estresse ou em períodos de oscilação hormonal podem apresentar mudanças bruscas de humor.

Esses efeitos não são simples “birras de fome”, mas respostas biológicas complexas.

Para os cientistas, compreender como a fome altera o comportamento social abre caminho para estudos sobre transtornos alimentares, ansiedade e até agressividade.

Em última instância, entender a ligação entre fome e reações emocionais é entender como o cérebro tenta equilibrar instinto e emoção para garantir a sobrevivência, um mecanismo que está presente em todos os seres vivos.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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