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Descoberta pode mudar o diagnóstico da síndrome da fadiga crônica
Pela primeira vez, cientistas desenvolveram um exame de sangue capaz de identificar a síndrome da fadiga crônica com alta precisão.
Esse é um marco inédito no reconhecimento dessa condição que afeta milhões de pessoas no mundo e ainda é cercada de dúvidas.
O estudo, publicado em outubro de 2025 na revista Journal of Translational Medicine, foi conduzido por pesquisadores da Universidade de East Anglia (UEA), da Oxford BioDynamics, da London School of Hygiene & Tropical Medicine e do Royal Cornwall Hospitals NHS Trust, no Reino Unido.
Os resultados trazem nova esperança para quem convive com a encefalomielite miálgica (EM/SFC), nome científico da doença.
Um passo além no reconhecimento da doença
A síndrome da fadiga crônica causa exaustão intensa, dores no corpo, dificuldade de concentração e piora dos sintomas após qualquer esforço.
Mesmo assim, o diagnóstico sempre foi difícil, pois dependia apenas da avaliação clínica, sem exames que confirmassem a condição.
O novo estudo pode mudar isso.
Com uma tecnologia chamada EpiSwitch, os cientistas analisaram o sangue de 47 pacientes com casos graves e 61 pessoas saudáveis.
Essa técnica observa como o DNA se dobra dentro das células, revelando sinais que indicam como os genes estão funcionando, e não mudanças no código genético.
Com base nessa análise, o grupo identificou 200 marcadores específicos que formam uma “assinatura” da doença.
Quando testado, o modelo atingiu 96% de precisão, conseguindo diferenciar com alta confiança quem tem a síndrome e quem não tem.
O que isso significa na prática
Na prática, os cientistas conseguiram transformar informações complexas sobre o comportamento do DNA em um exame de sangue simples, capaz de diferenciar pacientes com síndrome da fadiga crônica de pessoas saudáveis com alta precisão.
Embora ainda seja um estudo de prova de conceito, realizado em pessoas com formas graves da doença, o avanço abre caminho para um diagnóstico mais rápido, objetivo e confiável.
Tal possibilidade é algo que há décadas parecia fora de alcance.
Os resultados também reforçam o que a ciência já suspeitava, a de que há um forte componente imunológico envolvido.
O estudo identificou sinais no sangue que mostram um desequilíbrio no sistema imunológico, que é o conjunto de células que protege o corpo contra vírus e bactérias.
Entre os achados, chamou atenção a interleucina-2 (IL-2), uma molécula que atua como uma espécie de “mensageira” entre as células de defesa, ajudando a coordenar as respostas do organismo a infecções e inflamações.
Essa descoberta pode ajudar a explicar por que alguns pacientes respondem melhor a determinados medicamentos, como o rituximabe (usado em doenças autoimunes) e o Copaxone (utilizado na esclerose múltipla).
Síndrome da fadiga crônica: esperança para o futuro
Apesar de promissor, o exame ainda precisa ser testado em grupos maiores e comparado a outras doenças inflamatórias, para confirmar sua precisão antes de chegar à prática clínica.
Vale lembrar que o método usado já é aplicado em outros exames de sangue, como o teste para câncer de próstata e para prever resposta à imunoterapia, o que pode acelerar sua adoção nos próximos anos.
Para pacientes que enfrentam longos períodos de dúvida e falta de reconhecimento, essa descoberta representa um passo firme rumo a um diagnóstico mais humano e baseado em evidências.
A síndrome da fadiga crônica pode, enfim, deixar de ser uma condição invisível e passar a ser compreendida com a seriedade que merece.
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