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Doxiciclina: um velho remédio, um novo mistério envolvendo a esquizofrenia
Um estudo publicado na revista American Journal of Psychiatry neste mês de novembro chamou a atenção da comunidade científica e do público. Um antibiótico comum usado no tratamento da acne, a doxiciclina, pode estar associado a uma redução no risco de desenvolver esquizofrenia.
A descoberta veio de uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Edimburgo, em parceria com as universidades de Oulu e College Dublin.
Eles analisaram dados de mais de 56 mil adolescentes atendidos em serviços de saúde mental na Finlândia.
O resultado surpreendeu até os pesquisadores.
Jovens que haviam recebido doxiciclina apresentaram de 30% a 35% menos chance de desenvolver esquizofrenia na vida adulta em comparação com os que tomaram outros tipos de antibióticos.
Um novo olhar sobre a relação entre doxiciclina e esquizofrenia
A doxiciclina é conhecida há décadas como um antibiótico de amplo espectro, bastante usado para tratar infecções e, principalmente, casos de acne.
Mas o novo estudo sugere que seus efeitos podem ir além da pele.
Segundo os pesquisadores, a medicação pode ajudar a proteger o cérebro.
Ela atua reduzindo processos inflamatórios e equilibrando um fenômeno natural chamado poda sináptica, que é uma espécie de “faxina” que o cérebro faz para eliminar conexões neurais desnecessárias.
Quando essa poda acontece em excesso, pode haver impacto no desenvolvimento cerebral, algo que tem sido associado à origem da esquizofrenia.
Os autores explicam que o resultado não se deve apenas ao tratamento da acne.
Mesmo entre quem usou a doxiciclina por outros motivos, o efeito protetor se manteve, o que reforça a confiança nos achados.
Adolescentes e saúde mental: um alerta importante
Os pesquisadores lembram que metade das pessoas diagnosticadas com esquizofrenia já havia passado anteriormente por serviços de saúde mental na adolescência (muitas vezes devido a ansiedade, depressão ou dificuldades de comportamento).
Até o momento, não existiam intervenções conhecidas capazes de reduzir efetivamente o risco de esquizofrenia nesses jovens.
Por isso, a descoberta é considerada promissora, abrindo caminho para novas estratégias de prevenção, especialmente entre adolescentes que já apresentam algum tipo de sofrimento psicológico.
Apesar do entusiasmo, os cientistas ressaltam que o estudo é observacional, ou seja, mostra uma associação, mas não prova uma relação de causa e efeito.
Ainda assim, os achados indicam uma linha de pesquisa importante sobre o papel da inflamação no cérebro e sobre como os tratamentos anti-inflamatórios podem influenciar a saúde mental.
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