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Emoções no futebol: como o cérebro reage a um gol do seu time e do rival
As emoções no futebol sempre foram assunto de bar, de arquibancada e… de ciência. Um estudo publicado neste mês de novembro na revista Radiology ajuda a entender o que acontece no cérebro quando o seu time vence (ou perde) para o rival.
A pesquisa, realizada por cientistas da Clínica Alemana e da Universidade San Sebastián, no Chile, mostra que torcer vai muito além da paixão.
Envolve mecanismos neurológicos de prazer, identidade e controle emocional.
Emoções no futebol: vitória ativa o sistema de recompensa
Os pesquisadores analisaram o cérebro de torcedores enquanto assistiam a vídeos com 63 lances reais de gols.
O experimento contou com 60 voluntários, todos homens e torcedores dos times rivais chilenos Colo-Colo e Universidad de Chile, que foram analisados dentro de um aparelho de ressonância magnética funcional (fMRI).
Quando o time do coração marcava um gol contra o rival, as imagens mostraram forte ativação em áreas associadas ao prazer e à motivação, como o ventral striatum e o córtex pré-frontal medial.
São as mesmas regiões ligadas à sensação de recompensa que sentimos ao comer algo gostoso, ouvir música ou viver um momento de vitória pessoal.
Em outras palavras, o gol do seu time provoca uma verdadeira inundação de prazer no cérebro.
Esse efeito é tão intenso que reforça a sensação de pertencimento ao grupo e o vínculo emocional com o time.
É o triunfo coletivo que faz o torcedor se sentir parte de algo maior.
Derrota reduz o controle emocional
Mas o mesmo cérebro que vibra com o gol também sofre com a derrota.
Quando os torcedores viram o rival marcar, outras áreas se tornaram mais ativas, especialmente a rede de mentalização, responsável por processar emoções sociais e tentar entender intenções alheias.
Ao mesmo tempo, houve queda na atividade do córtex cingulado anterior dorsal, região associada ao controle das emoções.
Na prática, isso significa que perder para o rival pode “desligar” parte dos freios emocionais, tornando as reações mais intensas e até agressivas em alguns casos.
Quanto maior o fanatismo no futebol, mais evidente era essa perda de controle observada nas imagens cerebrais.
O torcedor fanático tende a se fundir emocionalmente com o time, o que o faz sentir a derrota quase como uma falha pessoal.
A neurociência explica a paixão das torcidas
Os resultados ajudam a compreender por que o futebol desperta sentimentos tão fortes.
Segundo os autores, as reações cerebrais vistas em torcedores lembram padrões observados em outras formas de identificação social intensa, como a política ou a religião.
O estudo reforça que o fanatismo no futebol não é apenas uma figura de linguagem. Ele tem bases biológicas ligadas à forma como o cérebro lida com prazer, frustração e pertencimento.
Essa descoberta abre espaço para reflexões sobre comportamento coletivo e segurança nos estádios.
Os pesquisadores destacam que compreender a neurociência das emoções no futebol pode oferecer subsídios para entender o comportamento das torcidas e ajudar, no futuro, na prevenção de episódios de violência.
Entre o prazer e o descontrole
A pesquisa não aponta o futebol como vilão, pelo contrário, mostra como ele mobiliza aspectos profundos da natureza humana.
Vibrar, torcer e se emocionar faz parte da experiência social.
Mas quando a identidade com o time ultrapassa os limites do razoável, o cérebro pode reagir como se estivesse em uma batalha pessoal.
Vale lembrar que o estudo foi conduzido apenas com homens adultos, o que limita a generalização dos resultados.
Futuras pesquisas devem incluir torcedoras e diferentes faixas etárias.
Em síntese, as emoções no futebol são reais, intensas e cada vez mais compreendidas pela ciência.
Saber disso é o primeiro passo para torcer com o coração, sem perder a cabeça.
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