Sensibilidade ao glúten ou falso alarme? Estudo indica outro vilão

Por anos, muita gente que sente desconforto abdominal, inchaço, dor e fadiga após comer pão, macarrão ou outros alimentos com trigo acreditou ter sensibilidade ao glúten.

A lógica parecia simples, comeu glúten, passou mal.

Mas um estudo publicado na revista The Lancet traz uma atualização importante sobre o tema. Ele ajuda a explicar por que tantas pessoas reagem a alimentos com trigo, mesmo sem ter doença celíaca.

Pesquisadores de universidades da Austrália, Itália, Reino Unido e Holanda revisaram as melhores evidências científicas já publicadas sobre pessoas que relatam sintomas após consumir glúten, mas que não apresentam doença celíaca.

E o que encontraram foi um cenário bem mais complexo.

Para a maioria desses indivíduos, o glúten pode não ser o principal fator por trás do mal-estar.

Sensibilidade ao glúten: o que pode estar por trás dos sintomas

O trabalho mostra que grande parte dos indivíduos que acreditam ter sensibilidade ao glúten reage, na verdade, a uma combinação de outros elementos.

O principal deles são os carboidratos fermentáveis presentes no trigo e em vários alimentos (os famosos FODMAPs) que podem fermentar no intestino e causar dor, gases, distensão e outros desconfortos.

Além disso, outros componentes do próprio trigo também podem influenciar os sintomas.

E fatores psicológicos, como expectativas negativas e experiências prévias com determinados alimentos, podem intensificar ou até antecipar a forma como o corpo percebe esses sinais.

Uma condição mais próxima da síndrome do intestino irritável

Os autores do estudo reforçam que a sensibilidade ao glúten não é uma invenção.

Os sintomas são reais e afetam milhões de pessoas em todo o mundo.

O ponto é que, na maioria das vezes, não é uma intolerância direta ao glúten.

Na verdade, ele se parece mais com um desequilíbrio na comunicação entre o intestino e o cérebro, um mecanismo muito similar ao que acontece na síndrome do intestino irritável.

Isso explica por que, muitas vezes, simplesmente cortar o glúten não resolve totalmente o problema.

Em alguns casos, essa restrição tão severa nem seria necessária e pode acabar empobrecendo a alimentação, reduzindo a variedade sem trazer benefícios adicionais.

Como tratar melhor quem passa por isso

De acordo com os especialistas, a chave para um tratamento eficaz é enxergar a pessoa como um todo, e não apenas focar na comida.

O ideal é uma abordagem personalizada, que combine ajustes na alimentação com cuidados com a saúde mental.

Na prática, isso significa:

  • Dieta personalizada: montar um plano alimentar que faça sentido para cada pessoa, sem cortes radicais e sem restrições desnecessárias.
  • Cuidado com os FODMAPs: em alguns casos, reduzir certos carboidratos de difícil digestão traz mais alívio do que retirar o glúten.
  • Suporte para a mente: acompanhamento psicológico ajuda a controlar ansiedade e sensibilidade intestinal, fatores que podem agravar o desconforto.

Não se deve assumir, portanto, que o glúten é sempre o culpado.

Antes de tomar decisões por conta própria, vale buscar um profissional de saúde para uma avaliação completa. Assim, as escolhas serão realmente adequadas ao seu caso.

Esse novo entendimento (o de que o problema pode estar em vários fatores, não apenas no glúten) representa um avanço importante.

Ele pode melhorar a qualidade de vida de quem ainda sofre sem saber o motivo, ajudando finalmente a esclarecer por que certos alimentos fazem tão mal.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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