Dor no pescoço: causas, sinais de alerta e o que realmente ajuda a aliviar

A dor no pescoço é uma das queixas mais frequentes de quem passa o dia no computador, usa o celular por longos períodos ou acumula tensão nos ombros. Embora muito comum, o incômodo pode ter diferentes causas e nem sempre é apenas “postura ruim”.

Para esclarecer as principais dúvidas, o SaúdeLab conversou com o ortopedista e especialista em Medicina Esportiva Rodrigo Martinez.

Por que o pescoço dói (e por que a dor surge só de um lado)

O médico Rodrigo Martinez explica que diversos fatores podem contribuir para o surgimento da dor cervical. Ele resume:

A dor no pescoço, ou cervicalgia, é extremamente comum e geralmente está ligada a uma combinação de tensão muscular, sobrecarga postural e irritação das estruturas que sustentam a coluna cervical (músculos, articulações e discos)“.

A dor unilateral também é frequente e costuma refletir hábitos diários que sobrecarregam mais um dos lados.

O ortopedista exemplifica:

Ela costuma aparecer mais de um lado porque raramente usamos o corpo de forma perfeitamente simétrica. Dormir inclinado para um lado, carregar bolsa sempre no mesmo ombro, usar o celular com a cabeça inclinada ou até dirigir tensionando mais um braço são hábitos que sobrecarregam um lado específico da musculatura.

Ele lembra que estruturas articulares, ou seja, as articulações que ligam uma vértebra à outra e permitem que o pescoço se mova, também podem causar esse tipo de dor.

Cada lado da cervical tem articulações chamadas ‘facetas’, que podem inflamar e gerar uma dor unilateral bem característica — às vezes irradiando para o ombro ou parte superior das costas.

Dor muscular, torcicolo ou nervo pinçado? Como diferenciar

A dor muscular costuma ser mais espalhada, não fica concentrada em um único ponto e tende a melhorar com movimentos leves.

Martinez explica que ela “melhora ao movimentar levemente”, além de “aparecer após tensão, má postura ou estresse e tender para regredir em alguns dias”.

O torcicolo, por sua vez, é bem mais limitante.

Segundo o médico, trata-se de um “espasmo muscular mais intenso: a pessoa acorda ‘travada’, com o pescoço inclinado para um lado e limitação importante de movimento”.

Quando há compressão nervosa (conhecida popularmente como nervo pinçado) os sinais mudam, porque o nervo irritado costuma irradiar dor para outras regiões.

O ortopedista destaca que a “dor costuma descer para o ombro, braço ou escápula, pode vir acompanhada de formigamento, sensação de choques ou perda de força”.

Ele reforça que “esse é o sinal de alerta para procurar avaliação médica”.

O que funciona para aliviar a dor em casa

Para o alívio imediato, o médico recomenda medidas simples:

  • Calor local, como bolsa térmica morna, ajuda a relaxar a musculatura.
  • Movimentos leves, como giro dos ombros e alongamentos curtos, mantêm a região irrigada e aliviam o espasmo.
  • Pausas das telas e mudança de postura já reduzem muita dor em poucas horas.
  • Automassagem ou uso de uma bolinha para soltar os pontos mais tensos também ajuda bastante.

Ele também alerta para práticas que podem piorar o quadro:

  • Movimentos bruscos tentando ‘destravar’ o pescoço.
  • Manobras de estalo feitas em casa, que aumentam a irritação articular.
  • Gelo na fase inicial da dor muscular — ele tende a contrair ainda mais a musculatura.
  • Ficar parado o dia inteiro, esperando o pescoço ‘acordar’.

E complementa:

Se houver febre, perda de força, queda recente ou dor que não melhora com medidas simples, aí a conduta muda, e merece revisão médica.

Dor na frente do pescoço: quando é muscular?

A dor anterior pode ser causada por espasmo de músculos que passam próximos à garganta. Martinez explica:

A musculatura que sustenta a coluna se estende até estruturas muito próximas da garganta, então um espasmo no músculo esternocleidomastoideo ou nos flexores cervicais pode gerar uma dor que parece ‘na frente’.”

De acordo com o ortopedista, alguns sinais merecem atenção porque podem indicar causas que não são musculares. Ele alerta para situações como:

  • dor associada a dificuldade para engolir, sensação de “bolo na garganta” ou alteração da voz;
  • presença de febre, mal-estar ou sinais de infecção;
  • dor que não muda com movimentos do pescoço;
  • histórico recente de infecção de vias aéreas ou dor de garganta.

Posturas que mais causam dor no pescoço

Hábitos modernos são um dos principais motivos de sobrecarga cervical. O ortopedista aponta:

Os maiores vilões da coluna cervical hoje são cabeça inclinada para o celular (‘text neck’), monitor baixo no computador, trabalho em laptop no colo, dormir com travesseiro muito alto ou muito baixo e tensão acumulada nos ombros.

E reforça:

Corrigir detalhes simples do dia a dia costuma ser mais eficiente do que qualquer remédio.

Quando procurar um ortopedista

Alguns sinais exigem avaliação especializada. Martinez destaca que é importante procurar ajuda médica quando:

  • a dor irradia para o braço ou vem acompanhada de formigamento, dormência ou perda de força;
  • a dor persiste por mais de 2 a 4 semanas, mesmo com cuidados básicos;
  • há limitação importante de movimento ou dor que desperta à noite;
  • existe histórico de trauma, queda ou acidente;
  • surgem sinais sistêmicos, como febre, perda de peso ou mal-estar importante.

Quando necessário, exames complementares auxiliam na investigação. O médico explica:

Exames como radiografia, ultrassom ou ressonância são indicados quando suspeitamos de hérnia, compressão nervosa, inflamação articular ou quando a dor foge do padrão tradicional”, conclui o especialista.

Leitura Recomendada: Quais alimentos podem ajudar na dor crônica? Estudo aponta mudanças na dieta que fizeram diferença

Compartilhe este conteúdo
Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

VIRE A CHAVE PARA EMAGRECER

INSCRIÇÕES GRATUITAS E VAGAS LIMITADAS