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O que a poluição urbana pode ter a ver com doenças como o lúpus
Poluição do ar e doenças autoimunes podem estar mais conectadas do que muita gente imagina. Um novo estudo publicado na revista científica Rheumatology reforça esse alerta ao associar a exposição contínua à poluição do ar a alterações no funcionamento do sistema imunológico.
O foco da pesquisa está no material particulado fino conhecido como PM2.5.
Invisível a olho nu, esse poluente é liberado principalmente pela queima de combustíveis, escapamentos de veículos, atividades industriais e queimadas.
Por ser extremamente pequeno, consegue penetrar profundamente nos pulmões e provocar efeitos que vão além do sistema respiratório.
Poluição do ar e doenças autoimunes entram no radar da ciência
Os pesquisadores analisaram amostras de sangue de mais de 3.500 adultos que vivem em Ontário, no Canadá.
Os participantes representam a população geral, e não apenas pessoas com doenças, o que aumenta a relevância dos achados para a saúde pública.
A análise se concentrou nos anticorpos antinucleares, conhecidos como ANA.
Esses anticorpos costumam aparecer antes do surgimento de doenças autoimunes, como o lúpus, funcionando como um sinal precoce de que o sistema imunológico pode estar em desequilíbrio.
Ao comparar os exames de sangue com dados sobre a exposição à poluição do ar ao longo de cinco anos, os cientistas observaram um padrão importante.
Pessoas que viviam nas áreas mais poluídas apresentaram maior chance de ter níveis elevados desses anticorpos em comparação com quem morava em regiões com ar mais limpo.
O que isso significa na prática
Ter anticorpos antinucleares não significa, automaticamente, que alguém vá desenvolver uma doença autoimune. Muitas pessoas saudáveis apresentam esses anticorpos em níveis baixos ao longo da vida.
O ponto central do estudo está nos níveis mais altos, que são os que mais preocupam do ponto de vista clínico.
Foi justamente nesses casos que a associação com a poluição do ar ficou mais evidente.
Pessoas mais expostas ao PM2.5 tiveram maior probabilidade de apresentar esses marcadores em concentrações elevadas.
Os dados indicam que a poluição do ar pode interferir no sistema imunológico por meio de processos como:
- inflamação persistente;
- aumento do estresse oxidativo;
- perda gradual do equilíbrio do sistema de defesa do organismo.
Esses mecanismos ajudam a explicar por que poluição do ar e doenças autoimunes apresentam uma ligação biológica considerada plausível pelos pesquisadores.
Um impacto silencioso e cumulativo
Outro ponto importante do estudo é o tempo de exposição. Não se trata de um episódio isolado de contato com o ar poluído, mas de anos vivendo em ambientes com qualidade do ar comprometida.
Segundo os autores, o sistema imunológico tende a reagir lentamente.
Com a exposição contínua, mecanismos naturais de equilíbrio podem se enfraquecer, favorecendo o surgimento de sinais iniciais de autoimunidade, muitas vezes antes de qualquer sintoma perceptível.
O estudo também observou maior presença desses anticorpos entre mulheres e pessoas não brancas, um padrão já descrito em pesquisas anteriores.
Por que esse estudo importa
Embora a pesquisa não permita afirmar que a poluição do ar cause diretamente doenças autoimunes, ela reforça um alerta relevante.
A qualidade do ar pode influenciar não apenas problemas respiratórios e cardiovasculares, mas também o funcionamento do sistema imunológico.
Em um cenário de urbanização crescente, compreender a relação entre poluição do ar e doenças autoimunes amplia o debate sobre políticas ambientais, planejamento urbano e estratégias de prevenção em saúde.
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