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Alzheimer pode estar ligado a um vírus comum que você já tem
Novos estudos sugerem que o vírus do herpes labial (HSV-1) pode estar ligado ao Alzheimer. Entenda como infecções virais e inflamação crônica podem contribuir para a doença e quais medidas preventivas estão em investigação. Leia mais no SaúdeLab.
Por décadas, a ciência buscou entender as origens do Alzheimer, uma doença neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas no mundo.
Agora, pesquisas sugerem que um vírus comum, presente em grande parte da população, pode desempenhar um papel crucial no desenvolvimento da doença: o herpesvírus tipo 1 (HSV-1), conhecido por causar o herpes labial.
Estudos recentes, incluindo trabalhos liderados pela professora Ruth Itzhaki, da Universidade de Manchester, revelam que esse vírus, que permanece dormente no organismo após a infecção inicial, pode reativar-se no cérebro com o envelhecimento, desencadeando processos inflamatórios e a produção de proteínas anormais associadas ao Alzheimer.
O herpesvírus e o cérebro: uma conexão inesperada
Há mais de 30 anos, pesquisadores descobriram que o HSV-1 pode estar presente no cérebro de idosos, desafiando a antiga crença de que o órgão era completamente protegido contra infecções.
Mais surpreendente ainda foi a descoberta de que pessoas com uma variante genética específica (APOE-e4, que aumenta o risco de Alzheimer) e que foram infectadas pelo vírus apresentam um risco significativamente maior de desenvolver a doença.
Em laboratório, células cerebrais infectadas pelo HSV-1 produziram proteínas beta-amiloides e tau, as mesmas encontradas em cérebros de pacientes com Alzheimer. Além disso, o DNA do vírus foi identificado dentro dos emaranhados dessas proteínas, reforçando a hipótese de uma ligação direta.
Como o vírus pode desencadear o Alzheimer?
O HSV-1 geralmente fica inativo nos nervos, mas, com o enfraquecimento do sistema imunológico devido à idade, estresse ou outras infecções, ele pode reativar-se e migrar para o cérebro. Lá, ele desencadeia:
- Inflamação crônica, que danifica neurônios.
- Acúmulo de proteínas tóxicas, como amiloide e tau.
- Morte celular progressiva, levando ao declínio cognitivo.
Estudos populacionais apoiam essa teoria. Pacientes com infecções graves por HSV-1 tiveram maior risco de Alzheimer, enquanto o uso de antivirais mostrou-se promissor na redução desse risco.
Outros vírus e o papel das vacinas
O HSV-1 não é o único vírus sob investigação. O vírus da varicela-zóster (causador da catapora e do herpes-zóster) também pode estar envolvido. Um estudo com dados de saúde do Reino Unido revelou que:
- Pessoas que tiveram herpes-zóster tiveram um leve aumento no risco de demência.
- Aquelas que receberam a vacina contra herpes-zóster apresentaram menor incidência de demência.
- Isso sugere que infecções virais recorrentes podem acelerar o declínio cognitivo, enquanto vacinas e antivirais podem ter um efeito protetor.
Novas possibilidades de prevenção e tratamento
Se vírus como o HSV-1 contribuem para o Alzheimer, medidas preventivas poderiam incluir:
- Vacinação contra herpesvírus (como a vacina do herpes-zóster).
- Uso de antivirais em pacientes de risco.
- Controle de inflamações crônicas.
Em modelos 3D de cérebro infectado, pesquisadores observaram que tratamentos anti-inflamatórios impediram a reativação do vírus e o dano cerebral, abrindo caminho para futuras terapias.
O que isso significa para você?
Ainda não há uma resposta definitiva, mas as evidências sugerem que:
- Manter o sistema imunológico forte pode reduzir o risco de reativação viral.
- Vacinas e antivirais podem se tornar ferramentas importantes na prevenção do Alzheimer.
- Mais pesquisas são necessárias, mas a descoberta representa um avanço significativo.
Enquanto a ciência avança, cuidar da saúde geral — incluindo controle de infecções e inflamações — pode ser um passo importante na proteção da saúde cerebral.
Este texto foi baseado em pesquisas científicas recentes e busca informar sem alarmismo, trazendo uma perspectiva equilibrada sobre um possível fator de risco até então subestimado.
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