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Canabidiol para fibromialgia: especialista esclarece dúvidas e alerta sobre uso seguro do tratamento
Nos últimos anos, o interesse pelo uso do canabidiol para fibromialgia tem crescido entre pessoas que sofrem com dores crônicas e buscam alternativas mais seguras aos medicamentos convencionais.
Embora o tema ainda gere dúvidas e certo preconceito, pesquisas científicas e experiências clínicas mostram resultados promissores.
A médica Juliana Bogado, especialista em canabinoides e coordenadora acadêmica da EndoPury Academy, explica o que a ciência já sabe sobre o tema e como essa terapia pode contribuir para o bem-estar dos pacientes.
Compreendendo a fibromialgia e seus desafios
Antes de entender como o canabidiol pode ajudar no tratamento da fibromialgia, é importante compreender o que caracteriza essa condição.
Segundo a Dra. Juliana Bogado, “a fibromialgia é uma síndrome de dor crônica generalizada de origem multifatorial, caracterizada por uma amplificação da percepção da dor pelo sistema nervoso central”.
Ela acrescenta que, além da dor musculoesquelética difusa, “os pacientes frequentemente apresentam distúrbios do sono, fadiga persistente, alterações cognitivas — como a ‘névoa mental’ — e sintomas ansiosos ou depressivos”.
A médica ressalta que o diagnóstico é desafiador porque “não existe um marcador laboratorial ou imagem diagnóstica específica, e sua fisiopatologia envolve mecanismos ainda não totalmente elucidados”.
Por isso, o tratamento costuma exigir uma abordagem ampla e multidisciplinar, combinando medicamentos, acompanhamento psicológico e mudanças de estilo de vida.
Canabidiol para fibromialgia
De acordo com a especialista, os canabinoides (substâncias derivadas da planta Cannabis) atuam diretamente no sistema endocanabinoide, presente em todo o organismo.
Esse sistema é responsável por regular funções essenciais, como dor, humor, sono e imunidade.
“Os canabinoides atuam modulando o sistema endocanabinoide, com papel fundamental na regulação da dor, do humor, do sono e do sistema imune”, explica a Dra. Juliana.
Ela acrescenta que estudos indicam que pessoas com fibromialgia podem apresentar um “déficit clínico do sistema endocanabinoide”, o que ajuda a entender por que o uso do canabidiol para fibromialgia pode gerar bons resultados.
“Compostos como o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD) interagem com receptores canabinoides (CB1 e CB2) e outros sistemas de sinalização, promovendo efeito analgésico, ansiolítico, miorrelaxante e potencial melhora do sono”, assegura a especialista.
Ela ainda afirma que revisões sistemáticas e estudos clínicos observacionais mostram melhora da dor e da qualidade de vida em pacientes tratados com canabinoides.
No entanto, faz uma ressalva importante: “Mais ensaios clínicos randomizados de alta qualidade ainda são necessários para consolidar essas evidências.”
Resultados observados em pacientes
A experiência clínica da Dra. Juliana Bogado mostra que o tratamento com canabinoides pode trazer benefícios reais.
“Clinicamente, os desfechos mais relevantes observados incluem a diminuição da intensidade e frequência da dor crônica, melhora do padrão de sono, redução da fadiga e melhora da estabilidade emocional”, relata.
Além disso, muitos pacientes relatam sentir-se mais dispostos e com melhor qualidade de vida.
“Relatam maior funcionalidade nas atividades de vida diária e maior sensação de bem-estar”, completa.
Mesmo assim, a médica lembra que “a terapia com canabinoides não ‘cura’ a fibromialgia, mas é uma opção terapêutica eficaz dentro de uma abordagem multidisciplinar.”
Em outras palavras, a especialista destaca que o canabidiol para fibromialgia não deve ser visto como uma solução isolada.
A síndrome envolve múltiplos fatores (físicos, emocionais e neurológicos) e, por isso, o tratamento mais eficaz costuma reunir diferentes abordagens.
A importância do acompanhamento médico
Mesmo sendo uma alternativa promissora, o uso do canabidiol para fibromialgia deve ser feito sempre com acompanhamento médico.
A médica Juliana Bogado enfatiza que “o acompanhamento médico contínuo é fundamental”.
Ela explica que a terapia deve ser “cuidadosamente individualizada, com a escolha de cada canabinoide, titulação gradual da dose, comorbidades do paciente, além de medicações que o paciente já faça uso”.
Isso significa que o médico precisa avaliar cada caso com atenção, porque o canabidiol pode interagir com outros remédios que a pessoa já toma. Essa combinação, em alguns casos, pode alterar o efeito dos medicamentos ou causar reações indesejadas.
Outro ponto essencial é o monitoramento da função hepática.
“É importante monitorar a função hepática, já que os canabinoides são metabolizados pela via do citocromo P450 do fígado, podendo gerar aumento das enzimas hepáticas”, orienta.
Esse acompanhamento permite ajustar doses, avaliar resultados e identificar possíveis efeitos adversos, como sonolência, tontura, alterações gastrointestinais ou efeitos psicoativos.
Superando o preconceito e entendendo o potencial terapêutico
Mesmo com os avanços da ciência, o uso medicinal dos canabinoides ainda enfrenta resistência.
De acordo com a Dra. Juliana, esse receio vem, em parte, da falta de informação.
“Eu vejo isso tudo com muita seriedade, pois não se trata de uma planta qualquer que se pode fazer um simples chá. Trata-se de uma planta poderosa, em que temos que ser cuidadosos no processo de plantação, extração, etc. Ou seja, deve-se ter grau farmacêutico”, afirma a médica.
Ela ainda reforça que o tratamento deve ser encarado com responsabilidade: “Devemos tratá-la como um medicamento sério e que merece cuidado, acompanhamento e atenção.”
Para finalizar, a especialista deixa uma recomendação para pacientes e curiosos sobre o tema:
“Minha orientação para aqueles que têm interesse, mas ainda se sentem inseguros, é buscar informação com profissionais habilitados, conhecer as evidências disponíveis e entender que, sob supervisão médica, o tratamento com canabinoides pode ser seguro, eficaz e trazer ganhos concretos à saúde e à qualidade de vida dos pacientes.”
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