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Ultraprocessados do bem? O que estudos mostram sobre carnes vegetais, leites e manteigas
As carnes vegetais ultraprocessadas e seus “primos” (como o leite vegetal e a margarina) costumam carregar uma fama duvidosa; são vistas como produtos cheios de aditivos e distantes da ideia de alimentação natural. Mas uma nova revisão científica publicada no último dia 23 de outubro, na revista Current Nutrition Reports, traz um novo olhar sobre o tema.
Segundo os autores, nem todo alimento ultraprocessado é igual.
Alguns produtos de origem vegetal podem, na verdade, oferecer benefícios à saúde quando comparados com alimentos animais não processados.
Um novo olhar sobre os ultraprocessados
O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade de Granada (Espanha), analisou evidências recentes sobre o impacto de leites vegetais, carnes vegetais ultraprocessadas e margarinas em comparação com suas versões animais: leite de vaca, carne e manteiga.
O resultado surpreende.
Embora esses produtos vegetais sejam classificados como ultraprocessados, eles geralmente contêm menos gordura saturada e colesterol do que suas versões de origem animal.
Além disso, são livres de ferro heme, que é um tipo de ferro presente nas carnes que, em excesso, está associado a um maior risco de doenças cardiovasculares, diabetes e até mesmo câncer.
Os cientistas destacam ainda que alguns desses alimentos à base de plantas, especialmente os feitos com soja ou micoproteína, oferecem fibras (ausentes em produtos de origem animal) e compostos bioativos com ação antioxidante e anti-inflamatória.
Em ensaios clínicos, substituir a carne por versões vegetais (sobretudo as de soja ou micoproteína) resultou em reduções do colesterol LDL (“ruim”), do peso corporal e de substâncias relacionadas à inflamação.
Leite vegetal e margarina também entram no jogo
A revisão também apontou que o leite vegetal, especialmente o de soja, pode ajudar a reduzir o colesterol total e a proteína C-reativa (marcador de inflamação) quando comparado ao leite de vaca.
Em estudos observacionais, o consumo regular de bebidas à base de soja foi associado a menor risco de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e até câncer de mama.
Outro destaque vai para a margarina moderna, reformulada após a retirada das gorduras trans.
Hoje, ela é feita com óleos vegetais ricos em gorduras boas (poli-insaturadas), o que a torna uma opção mais favorável para o coração do que a manteiga tradicional, rica em gordura saturada.
No entanto, é importante apontar que nem todos os marcadores de inflamação mostram melhora com essa substituição.
Transição alimentar com benefícios reais
Para os autores, esses produtos podem funcionar como “ferramentas de transição”.Essas opções ajudam quem deseja reduzir o consumo de alimentos de origem animal, mas ainda busca a praticidade e o sabor familiar.
Apesar de não substituírem frutas, legumes e grãos integrais, as carnes vegetais ultraprocessadas e o leite vegetal podem ser aliados em uma dieta mais sustentável, com menor impacto sobre o colesterol, a pressão arterial e o risco de doenças crônicas.
A mensagem dos pesquisadores é que o foco deve estar no alimento que está sendo substituído.
Trocar um bife gorduroso por uma opção vegetal à base de soja ou micoproteína pode trazer ganhos significativos para a saúde, mesmo que o produto seja classificado como ultraprocessado.
Leia também: Dormir com a luz acesa pode parecer inofensivo (até você ver o que os pesquisadores descobriram)



