Chia faz bem, mas pode ser um problema se você usa esses remédios

A chia se tornou um dos alimentos queridinhos entre quem busca saúde e bem-estar. Rica em fibras, ácidos graxos do tipo ômega‑3, antioxidantes e minerais, ela ajuda a melhorar a digestão, controlar o colesterol e até manter a saciedade.

Mas, por trás de tantos benefícios, há um ponto pouco falado: em algumas situações, a chia pode interferir na ação de certos medicamentos.

Isso acontece porque os compostos presentes na chia afetam a forma como o organismo absorve nutrientes e responde a substâncias químicas.

Dependendo do tipo de remédio, essa interação pode intensificar ou reduzir o efeito desejado, o que pode ser prejudicial à saúde.

A seguir, explicamos quais medicamentos merecem atenção especial no consumo de chia e por que isso acontece.

1. Medicamentos anticoagulantes e antiplaquetários

A chia é uma das fontes vegetais mais ricas em ômega‑3, um tipo de gordura que tem ação anti-inflamatória e pode ajudar na saúde cardiovascular.

No entanto, o ômega‑3 também exerce um leve efeito anticoagulante, ou seja, pode reduzir a capacidade do sangue de formar coágulos.

Isso se torna um problema para pessoas que já fazem uso de medicamentos que afinam o sangue, como:

  • Varfarina
  • Ácido acetilsalicílico (aspirina)
  • Clopidogrel
  • Heparina

A combinação entre esses medicamentos e o consumo frequente de chia pode aumentar o risco de sangramentos, hematomas, sangramentos nas gengivas e até hemorragias internas, principalmente em pessoas idosas ou com problemas hepáticos.

Mesmo pequenas quantidades diárias de chia podem potencializar esse risco, dependendo da sensibilidade individual e da dose do medicamento. Converse com seu médico sobre o uso da chia.

2. Medicamentos para diabetes

Outro destaque da chia é seu alto teor de fibras solúveis, que formam um gel ao entrarem em contato com líquidos. Esse gel ajuda a desacelerar a digestão e a absorção dos carboidratos, evitando picos de glicemia após as refeições.

Embora isso pareça positivo, pessoas que usam medicamentos para controlar o diabetes devem ter cuidado. As fibras da chia podem reforçar o efeito dos antidiabéticos, como:

  • Insulina
  • Metformina
  • Glibenclamida
  • Sitagliptina

A combinação pode levar a episódios de hipoglicemia, ou seja, níveis muito baixos de açúcar no sangue, o que provoca sintomas como tremores, sudorese, tontura, confusão mental e, em casos graves, perda de consciência.

Além disso, o efeito hipoglicemiante da chia pode mascarar alterações na dosagem necessária do medicamento, dificultando o controle do diabetes no longo prazo.

Leitura Recomendada: Como consumir chia corretamente? 80% das pessoas fazem errado

3. Medicamentos para pressão arterial

A chia pode ter um discreto efeito redutor da pressão arterial, o que, para muitas pessoas, é desejável. Esse efeito se deve à presença de magnésio, potássio e fibras, além do próprio ômega‑3.

Contudo, se a pessoa já está em tratamento com medicamentos anti-hipertensivos, como:

  • Losartana
  • Enalapril
  • Amlodipina
  • Hidroclorotiazida

… o efeito combinado pode levar à hipotensão, ou seja, pressão baixa demais. Isso pode causar tontura ao levantar, visão turva, fraqueza e, em casos mais graves, desmaios.

Pessoas com histórico de desidratação, idosos e indivíduos sensíveis à queda de pressão devem redobrar o cuidado.

4. Medicamentos para controle do colesterol

A chia também contribui para a redução dos níveis de colesterol LDL (o “ruim”) por meio da ação das fibras solúveis e antioxidantes naturais. No entanto, essa mesma ação pode afetar a absorção de medicamentos usados para controle de dislipidemias, como:

  • Sinvastatina
  • Atorvastatina
  • Rosuvastatina
  • Ezetimiba

Embora as evidências nesse caso sejam mais limitadas, há o risco de redução na eficácia dos medicamentos, especialmente quando a chia é consumida em grande quantidade e próxima ao horário da medicação.

O ideal é manter um intervalo entre o consumo de chia e a ingestão desses fármacos, preferencialmente com a orientação de um profissional de saúde.

Leitura Recomendada: Como hidratar a chia antes de consumir? O segredo para potencializar seus benefícios

Chia hidratada.
Chia hidratada. Foto: Freepik

Outros cuidados com o consumo de chia

Além das interações medicamentosas, o consumo de chia pode apresentar riscos em contextos específicos, especialmente quando ingerida de forma inadequada ou em excesso.

Engasgo e obstrução

A chia pode absorver de 10 a 12 vezes seu peso em água. Quando ingerida sem hidratação prévia, pode inchar rapidamente na garganta e causar engasgos ou obstrução esofágica, sobretudo em pessoas com dificuldade de deglutição.

Recomendação: sempre hidrate a chia antes do consumo, deixando-a de molho por pelo menos 10 minutos em água, leite, sucos ou iogurtes.

Problemas digestivos

Em excesso, a chia pode provocar gases, distensão abdominal, cólicas e alterações no trânsito intestinal, como constipação ou diarreia. Isso é mais comum quando o consumo é iniciado de forma abrupta ou sem ingestão adequada de líquidos.

Recomendação: inicie com pequenas quantidades (1 colher de chá por dia) e aumente gradualmente, sempre com boa hidratação.

Redução na absorção de nutrientes

As fibras presentes na chia, especialmente quando consumidas em grandes quantidades, podem prejudicar a absorção de alguns minerais, como ferro, zinco e cálcio.

Recomendação: evite consumir chia junto com suplementos minerais ou refeições ricas nesses nutrientes. Dê um intervalo de pelo menos 1 a 2 horas.

Cálculos renais

A chia contém oxalatos, compostos que podem contribuir para a formação de pedras nos rins, especialmente do tipo oxalato de cálcio. Pessoas com histórico de nefrolitíase devem ter orientação médica antes de incluir chia na rotina alimentar.

Alergias alimentares

Embora raro, o consumo de chia pode desencadear reações alérgicas em pessoas sensíveis. Os sintomas mais comuns incluem urticária, coceira, inchaço nos lábios e garganta, e dificuldade para respirar. Indivíduos com alergia a sementes como gergelim e mostarda devem ter cautela.

📋 Tabela-resumo: Quando a chia pode interferir no efeito dos medicamentos

Tipo de medicamentoPossível interação com chiaEfeito indesejado
Anticoagulantes / antiplaquetáriosAção anticoagulante do ômega‑3Risco aumentado de sangramentos
AntidiabéticosFibras retardam absorção de carboidratosRisco de hipoglicemia
AntihipertensivosPotencial redutor da pressão arterialRisco de hipotensão
Estatinas e redutores de colesterolFibras podem reduzir absorção de medicamentosEficácia reduzida do tratamento

A chia é, de fato, um alimento funcional e benéfico para a saúde. No entanto, como qualquer outro componente da dieta, seu consumo deve ser feito com consciência — especialmente por pessoas que utilizam medicamentos de uso contínuo.

A interação entre alimentos e fármacos é um tema relevante e merece atenção. Por isso, antes de incluir chia na rotina diária, especialmente em doses elevadas, o ideal é consultar seu médico ou farmacêutico de confiança.

Com equilíbrio e informação, é possível aproveitar os benefícios da chia sem colocar a saúde em risco.

Leitura Recomendada: Chia faz mal para pressão alta? Descubra o que realmente acontece quando você consome

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Elizandra Civalsci Costa
Elizandra Civalsci Costa

Farmacêutica (CRF MT n° 3490) pela Universidade Estadual de Londrina e Especialista em Farmácia Hospitalar e Oncologia pelo Hospital Erasto Gaertner. - Curitiba PR. Possui curso em Revisão de Conteúdo para Web pela Rock Content University e Fact Checker pela poynter.org. Contato (65) 99813-4203

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