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Como desbloquear memórias da infância: um truque curioso pode ajudar
Como desbloquear memórias da infância é uma pergunta que intriga muita gente. Afinal, por que algumas lembranças dessa fase são tão vívidas, enquanto outras parecem ter sumido da nossa mente?
Um novo estudo publicado em outubro na revista Scientific Reports traz uma pista fascinante.
Talvez seja possível acessar memórias infantis adormecidas ao modificar, de forma controlada, a percepção que temos do nosso próprio corpo e rosto.
Como desbloquear memórias da infância: ver um rosto mais jovem pode facilitar recordações antigas
Pesquisadores das universidades de North Dakota e Anglia Ruskin, no Reino Unido, realizaram um experimento curioso com 50 adultos.
Eles usaram um filtro digital (parecido com os encontrados em aplicativos como o Snapchat) que transformava o rosto dos participantes em uma versão infantil de si mesmos.
Durante o teste, os voluntários olharam para esse “rosto mais jovem” enquanto realizavam movimentos de cabeça diante da câmera.
Em seguida, foram convidados a relembrar eventos da infância e acontecimentos recentes.
O resultado surpreendeu.
Quem viu a versão infantil do próprio rosto conseguiu recordar mais detalhes e sensações de memórias da infância do que aqueles que viram apenas sua aparência atual.
Esses detalhes dizem respeito à memória autobiográfica episódica, ou seja, o tipo de lembrança que envolve experiências pessoais, emoções, imagens mentais e sensações — não apenas fatos objetivos.
É importante mencionar que o efeito não aumentou a lembrança de informações factuais (como nomes, datas ou lugares), mas sim a riqueza emocional e sensorial das memórias da infância.
Memória autobiográfica: quando o corpo ajuda o cérebro a lembrar
Essa descoberta reforça a importância da memória autobiográfica, responsável por guardar experiências pessoais carregadas de significado.
É ela que faz alguém lembrar do cheiro da comida da avó, da sensação de brincar no quintal ou do som da risada de um amigo da infância.
Os pesquisadores sugerem que o cérebro pode armazenar essas memórias junto com referências do corpo que tínhamos na época em que elas foram vividas.
Por isso, ver um rosto mais jovem pode funcionar como um “atalho” para acessar registros antigos, quase como se o cérebro reconhecesse aquela versão de si mesmo e abrisse uma porta antes entreaberta.
Afinal, isso “desbloqueia” memórias esquecidas?
Não exatamente no sentido terapêutico da palavra.
O estudo não afirma que é possível recuperar memórias reprimidas ou totalmente apagadas, e nem recomenda usar filtros como ferramenta de terapia.
O que o experimento mostrou é que o simples ato de se ver como criança pode tornar memórias que já existiam no cérebro mais nítidas, ricas e fáceis de acessar.
Ou seja, “desbloquear memórias da infância” aqui significa clarear lembranças e acessar detalhes que costumam ficar adormecidos, não recuperar lembranças perdidas.
O que isso pode significar para o futuro
A pesquisa abre caminhos promissores para entender a ligação entre corpo, identidade e memória.
Ela também sugere que o corpo participa do processo de recordar, e não apenas o cérebro.
Isso aproxima ciência e psicologia de uma visão mais integrada da nossa história de vida.
No futuro, novas investigações poderão explorar formas seguras e controladas de estimular memórias autobiográficas usando realidade virtual, tecnologias imersivas e até recursos sensoriais que conectem corpo e mente.
Mais do que uma curiosidade, esses resultados mostram que acessar o passado pode ser um processo mental, físico e emocional ao mesmo tempo.
E talvez, sem perceber, carregamos no corpo as chaves para lembrar quem fomos, e como nos tornamos quem somos.
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