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O cálculo invisível que seu cérebro faz o dia inteiro
Como o cérebro mede o tempo e a distância é uma habilidade muito mais sofisticada do que parece à primeira vista. Quando esse sistema falha, como ocorre em doenças que afetam a memória, a exemplo do Alzheimer, a pessoa pode se confundir em trajetos conhecidos ou perder a noção da passagem do tempo.
Sempre que você caminha até a cozinha no escuro, dirige por uma rua familiar ou sente que “ainda não deu tempo suficiente” para algo acontecer, seu cérebro está fazendo cálculos internos sem que você perceba.
Um estudo publicado na revista Nature Communications ajuda a explicar como isso acontece.
Os pesquisadores descobriram que o cérebro usa dois grupos diferentes de neurônios para acompanhar, de forma precisa, tanto o tempo que passa quanto a distância percorrida, mesmo quando não há pistas visuais claras ao redor.
Um cronômetro interno em ação
Para entender esse processo, os cientistas analisaram o hipocampo, área do cérebro ligada à memória e à orientação espacial.
Em testes de laboratório, observaram que o cérebro consegue acompanhar o tempo e a distância percorrida mesmo com pouca luz e quase sem referências visuais.
Isso acontece porque alguns neurônios do hipocampo mudam sua atividade aos poucos à medida que o tempo passa ou o movimento avança.
Em vez de reagirem de forma imediata, esses neurônios aumentam ou reduzem seus sinais pouco a pouco, ajudando o cérebro a “contar” o tempo que passa.
Esses neurônios não trabalham todos juntos. Cada um segue um ritmo próprio, e a combinação dessas variações permite ao cérebro calcular quanto tempo já passou ou quanta distância foi percorrida.
No dia a dia, esse mecanismo entra em ação quando você:
- estima quanto falta para o semáforo abrir sem olhar o relógio;
- percebe que já caminhou o suficiente até um destino conhecido;
- espera a comida ficar pronta sem acompanhar o tempo exato.
Dois grupos de neurônios, uma mesma função
O estudo identificou dois grupos principais de neurônios envolvidos nessa contagem interna.
Um deles entra em ação logo no início do movimento, marcando o ponto de partida. O outro começa com baixa atividade e aumenta gradualmente, acompanhando o avanço até o momento final.
Quando esse sistema é afetado, a noção de tempo e de distância pode falhar.
Isso ajuda a entender por que alterações no hipocampo, comuns em doenças como o Alzheimer, levam a confusão sobre quando agir ou para onde ir.
Esses neurônios não apenas registram tempo e distância. Eles influenciam decisões do dia a dia.
O estudo reforça que como o cérebro mede o tempo e a distância depende de cálculos internos contínuos e precisos.
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