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Como funciona a doação de medula óssea e quem pode se cadastrar
Saber como ser doador de medula óssea pode representar a única chance de tratamento, e, em alguns casos, de cura, para pessoas que enfrentam doenças graves do sangue.
Apesar de parecer algo complexo, o processo é mais simples do que muita gente imagina e, na maioria das vezes, não envolve cirurgia.
Para esclarecer as principais dúvidas sobre o tema, o SaúdeLab conversou com a médica Liliana Borges Passos, hematologista e líder da Hematologia da Rede MaterDei em Salvador e Feira de Santana.
O que é a medula óssea e por que ela é tão importante?
Antes de entender como ser doador de medula óssea, é fundamental saber o papel dela no organismo.
Segundo a especialista,
“A medula óssea é a fábrica do nosso sangue.”
A médica explica que é nela que são produzidos os glóbulos vermelhos, responsáveis por levar oxigênio aos tecidos; os glóbulos brancos, que atuam na defesa do organismo; e as plaquetas, essenciais para a coagulação.
Ela afirma que essa estrutura fica localizada dentro de ossos específicos, principalmente os ossos largos, como a bacia, as vértebras da coluna, o fêmur, o úmero e o esterno.
Quando essa “fábrica” deixa de funcionar adequadamente (como ocorre em algumas doenças) a hematologista destaca que o transplante de medula óssea pode ser a única alternativa terapêutica.
Como ser doador de medula óssea no Brasil?
A doação pode acontecer de diferentes formas.
Liliana Passos explica que, quando há indicação de transplante, “familiares de primeiro grau costumam ser os primeiros avaliados, por meio de um exame de sangue simples para verificar a compatibilidade genética“.
Na ausência de um doador compatível na família, a médica afirma que entram em cena os doadores voluntários cadastrados em um banco nacional, responsável por reunir pessoas dispostas a doar medula óssea em todo o país.
Quem pode se cadastrar como doador?
Para quem busca saber como ser doador de medula óssea, a hematologista assegura que o cadastro é simples, gratuito e acessível.
Pessoas entre 18 e 35 anos podem se cadastrar em um hemocentro ou durante campanhas de doação, que são os locais onde a coleta de sangue é realizada.
Segundo a médica, o processo envolve apenas documento oficial com foto, o preenchimento de um formulário com dados pessoais e a coleta de um exame de sangue simples, utilizado para identificar a tipagem genética.
Essas informações são então incluídas no Redome, o banco nacional que reúne todos os doadores voluntários de medula óssea no Brasil.
Ela ressalta, ainda, que estar cadastrado não significa que a pessoa será chamada para doar, já que a convocação só acontece se houver compatibilidade com algum paciente.
O que acontece se houver compatibilidade?
Quando surge uma possível compatibilidade, a especialista explica que o “doador é contatado de forma sigilosa e passa por exames para confirmar a compatibilidade e avaliar seu estado de saúde“.
Na maioria dos casos atualmente, a doação não envolve cirurgia.
Após o uso de uma medicação que estimula a liberação das células-tronco para o sangue, a coleta é feita por aférese, um procedimento semelhante à doação de plaquetas.
Nesse processo, o sangue é retirado, as células necessárias são separadas e o restante retorna ao organismo do doador.
Doar medula óssea traz riscos para a saúde?
O receio de complicações é comum, mas a hematologista destaca que a segurança do doador é prioridade durante todo o processo.
Segundo ela, podem ocorrer efeitos leves e temporários, como dor de cabeça, tontura, sensação de formigamento ou febre baixa, geralmente controlados com medicações simples.
A médica ressalta ainda que eventos adversos mais graves são extremamente raros e que o doador recebe acompanhamento médico e assistência adequada caso surja qualquer intercorrência.
Por que é tão difícil encontrar doadores compatíveis?
Mesmo com milhares de pessoas cadastradas, encontrar um doador compatível ainda é um desafio no Brasil.
Liliana Passos explica que isso ocorre por causa da grande diversidade genética da população.
Segundo a hematologista,
“Nossa população é muito miscigenada, e isso faz com que exista uma variação muito grande do HLA.”
A médica afirma que essa diversidade genética reduz a probabilidade de compatibilidade, o que torna o aumento do número de doadores cadastrados essencial para salvar vidas.
Por que vale a pena se cadastrar como doador?
Como mencionado, estar cadastrado não significa que a doação vai acontecer.
A hematologista explica que, na prática, ela é rara, justamente porque a compatibilidade genética é difícil de encontrar. Mas, quando ocorre, o impacto é profundo.
Segundo Liliana Passos,
“A doação é rara e, quando acontece, é altruísta e, em geral, as experiências são muito gratificantes.”
Portanto, entender como ser doador de medula óssea é compreender que um gesto simples (o preenchimento de um cadastro e um exame de sangue) pode representar a única chance de tratamento ou cura para alguém que aguarda por um transplante.
Se você tem entre 18 e 35 anos e está em bom estado de saúde, vale dar o próximo passo. Para se tornar doador, basta procurar um hemocentro ou uma campanha de doação e realizar o cadastro que será incluído no Redome.
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