Estudo revela dado chocante sobre demência em idosos e solução que pode mudar o tratamento

A demência em idosos é um problema que cresce cada vez mais no Brasil e no mundo. Apesar disso, muitos casos ainda passam despercebidos, principalmente durante internações hospitalares.

Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) mostrou que até metade dos casos de demência em idosos internados não é identificada nem pelos médicos, nem pelas próprias famílias.

O levantamento, feito em hospitais de várias regiões do país, trouxe um dado preocupante: muitos pacientes chegam ao hospital com sinais claros de perda de memória e outras dificuldades cognitivas, mas esses sinais acabam ficando em segundo plano.

É que os profissionais estão focados em tratar a doença que motivou a internação, como pneumonia, infecções ou problemas cardíacos.

Para mudar esse cenário, os pesquisadores propõem uma solução simples e eficaz, capaz de ajudar a identificar casos de demência logo nos primeiros dias de internação, mesmo quando o paciente não consegue se comunicar. Acompanhe na leitura do texto.

Demência em idosos afeta milhões de pessoas no mundo

A demência em idosos já atinge cerca de 57 milhões de pessoas no mundo, sendo aproximadamente 2,5 milhões no Brasil.

E esse número só tende a crescer.

As estimativas apontam que, até 2050, mais de 150 milhões de pessoas poderão viver com algum tipo de demência.

O envelhecimento da população é um dos principais motivos desse aumento. No entanto, como mencionado, o problema vai além dos números.

A falta de diagnóstico correto agrava a situação tanto dos pacientes quanto das famílias, que muitas vezes não sabem como lidar com os desafios da doença.

Por que a demência em idosos passa despercebida nos hospitais?

Segundo os pesquisadores, a rotina dos hospitais costuma priorizar o tratamento da doença que levou o paciente a ser internado, como infecções, quedas, derrames ou problemas no coração.

Nessa correria, sinais de demência em idosos, como esquecimentos constantes, desorientação e dificuldade em realizar tarefas simples, acabam não sendo investigados.

O foco do atendimento hospitalar está em resolver o problema que trouxe a pessoa para o hospital. Mas a demência em idosos interfere diretamente nesse tratamento, podendo até piorar o quadro, dificultar a recuperação, aumentar o risco de complicações e prolongar o tempo de internação”, explica o Dr. Márlon Aliberti, médico da FMUSP e autor do estudo.

Demência em idosos: médicos e famílias muitas vezes não sabem da doença

O estudo analisou pacientes com 65 anos ou mais em cinco hospitais de três capitais brasileiras: São Paulo, Belo Horizonte e Recife.

Os dados mostraram que dois em cada três idosos internados tinham algum grau de problema cognitivo, como dificuldade para lembrar, se localizar ou se comunicar.

E, entre esses, um terço já apresentava quadro de demência.

O mais preocupante é que, entre os casos confirmados de demência, aproximadamente metade nunca havia sido diagnosticada.

Ou seja, nem os médicos, nem os próprios familiares sabiam que aquela pessoa já convivia com a doença.

Esses problemas de memória e raciocínio não começaram no hospital. Eles já existiam antes da internação, mas muitas vezes passavam despercebidos até que a situação se agravasse”, explica o Dr. Márlon.

Demência em idosos: uma solução simples pode fazer toda a diferença

Para enfrentar esse problema, os pesquisadores da FMUSP desenvolveram uma solução prática e de baixo custo, que pode ser aplicada em qualquer hospital, inclusive na rede pública.

A proposta é simples: assim que o idoso é internado, a equipe médica faz uma entrevista rápida com um familiar ou cuidador.

O objetivo é entender como estava a memória e o raciocínio do paciente antes da doença que motivou a internação.

Essa abordagem ajuda a identificar se aquele paciente já apresentava sinais de demência antes de ficar doente.

Mesmo que o paciente esteja desorientado, com dor ou sem condições de responder, a conversa com quem convive com ele no dia a dia fornece informações valiosas.

Não é um diagnóstico definitivo, mas uma triagem que nos permite perceber se aquele idoso pode ter demência. Isso ajuda muito na hora de planejar o tratamento durante a internação e até nos cuidados depois que ele volta para casa”, explica a Dra. Claudia Suemoto, professora da FMUSP e coordenadora do estudo.

Cuidar melhor dos idosos e evitar complicações

Quando a demência em idosos é identificada logo no início da internação, o cuidado muda completamente.

Os médicos conseguem ajustar os medicamentos, reduzir o risco de confusão mental (o chamado delírio hospitalar), planejar melhor a reabilitação e até evitar que o idoso fique internado por mais tempo do que o necessário.

Além disso, essa avaliação permite orientar melhor a família sobre os cuidados após a alta hospitalar.

Se, por exemplo, o paciente vive sozinho, a família pode ser avisada de que ele vai precisar de mais suporte no dia a dia, o que pode evitar quedas, esquecimentos de tomar remédios e até novas internações.

Ferramenta já é usada em hospitais no Brasil e no exterior

O método desenvolvido pela equipe da USP foi testado em cinco hospitais e mostrou uma eficácia superior a 90% na detecção de demência em idosos.

Com resultados tão positivos, a iniciativa foi ampliada para 43 hospitais públicos e privados em todo o Brasil e, também, em outros países como Angola, Chile, Colômbia e Portugal.

Mais de 250 profissionais da área da saúde já foram treinados para aplicar essa ferramenta de triagem, que vem se mostrando essencial para oferecer um atendimento mais humano, seguro e eficiente para os idosos.

O trabalho foi desenvolvido pelo Laboratório de Investigação Médica em Envelhecimento (LIM-66), da Faculdade de Medicina da USP, em parceria com especialistas da

Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH-USP) e da Divisão de Geriatria do Hospital das Clínicas da FMUSP.

A importância de olhar além da doença física

O estudo reforça que a demência em idosos não pode ser ignorada, principalmente em situações de internação hospitalar.

Saber que aquele paciente já tinha problemas de memória, atenção ou raciocínio antes de ficar doente faz toda a diferença no cuidado, no tratamento e na recuperação.

Com o envelhecimento da população, a tendência é que cada vez mais famílias precisem enfrentar os desafios da demência.

Por isso, iniciativas como essa, que tornam o diagnóstico mais acessível e simples, são fundamentais para garantir mais qualidade de vida tanto para os pacientes quanto para quem cuida deles.

Estudo: https://agsjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/jgs.19494

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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