Sarcopenia em idosos: o sinal mais alarmante para risco de morte, aponta pesquisa

O envelhecimento é um processo natural, mas nem todas as suas consequências são inevitáveis. Entre as mudanças que mais impactam a longevidade e qualidade de vida dos idosos, a perda muscular – conhecida como sarcopenia em idosos – tem se revelado um fator ainda mais decisivo do que a fragilidade na previsão do risco de morte.

Essa descoberta, fruto de uma extensa pesquisa realizada por cientistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da University College London, publicada no Journal of Epidemiology and Community Health, traz implicações importantes para a prática clínica e o cuidado com a saúde do idoso.

O estudo, que acompanhou 4.597 pessoas ao longo de 14 anos, demonstrou que a sarcopenia, especialmente em sua forma grave, está associada a um risco de mortalidade significativamente maior do que a síndrome da fragilidade.

Os resultados não apenas reforçam a necessidade de atenção redobrada à perda muscular, mas também simplificam a identificação de pacientes em risco, dispensando exames complexos e focando em avaliações acessíveis.

Sarcopenia em idosos e fragilidade

Embora muitas vezes confundidas, sarcopenia e fragilidade são condições distintas, cada uma com suas particularidades. A sarcopenia se caracteriza pela perda acelerada de massa muscular, redução da força – frequentemente medida pela capacidade de preensão manual – e declínio no desempenho físico.

Ela pode se manifestar em diferentes estágios, desde uma fraqueza muscular isolada (chamada de provável sarcopenia) até um quadro mais grave, quando há também lentidão na marcha e perda significativa de massa magra.

Já a fragilidade é um conceito mais amplo, definido pela presença de três ou mais critérios, como perda de peso involuntária, fadiga persistente, fraqueza muscular, diminuição da velocidade ao caminhar e baixo nível de atividade física.

Embora ambas as condições estejam relacionadas ao envelhecimento e compartilhem sintomas, o estudo revelou que a sarcopenia tem um peso maior na previsão de mortalidade.

Os números que revelam a gravidade da perda muscular

A análise dos dados do English Longitudinal Study of Ageing (ELSA) mostrou diferenças marcantes no risco de morte associado a cada condição. Idosos com provável sarcopenia apresentaram um aumento de 17% no risco de mortalidade.

Quando o diagnóstico confirmava a perda de massa muscular, esse risco subia para 31%. Nos casos mais graves, em que havia também lentidão na marcha, o risco chegava a 62% – um número expressivamente alto.

Em comparação, a fragilidade foi associada a um aumento de 49% no risco de morte, enquanto a pré-fragilidade não mostrou relação significativa com a mortalidade.

Esses dados sugerem que, embora a fragilidade seja um sinal de alerta importante, a avaliação da sarcopenia pode ser ainda mais precisa na identificação de idosos em maior vulnerabilidade.

Por que a sarcopenia é tão determinante?

A perda muscular não se limita a afetar a mobilidade. Ela desencadeia uma série de efeitos em cascata que comprometem a saúde como um todo. Com menos massa muscular, o idoso fica mais suscetível a quedas e fraturas, já que o equilíbrio e a força diminuem.

A capacidade respiratória também pode ser prejudicada, uma vez que os músculos envolvidos na respiração perdem eficiência. Além disso, o metabolismo se torna mais lento, favorecendo o acúmulo de gordura e aumentando o risco de doenças crônicas, como diabetes e problemas cardiovasculares.

Outro aspecto preocupante é que a sarcopenia reduz a reserva fisiológica do corpo, tornando mais difícil a recuperação após doenças, cirurgias ou infecções. Essa fragilidade orgânica explica por que a perda muscular está tão fortemente associada a um maior risco de morte.

Diagnóstico simplificado: uma vantagem para médicos e pacientes

Um dos pontos mais relevantes do estudo é a demonstração de que a identificação da sarcopenia pode ser mais simples do que a da fragilidade. Enquanto o diagnóstico da fragilidade exige questionários detalhados sobre fadiga, perda de peso e nível de atividade física, a sarcopenia pode ser detectada com métodos mais diretos.

Um simples teste de força de preensão manual, feito com um dinamômetro, já oferece um indicativo valioso. A velocidade da marcha – medida pelo tempo que o idoso leva para percorrer uma curta distância – também é um marcador eficaz.

Além disso, a massa muscular pode ser estimada com base em dados como idade, sexo, peso, altura e etnia, sem a necessidade de exames caros ou invasivos.

Ainda assim, uma questão que permanece em debate é o ponto de corte ideal para definir fraqueza muscular. O estudo testou diferentes valores e concluiu que os limiares mais altos – 36 kg para homens e 23 kg para mulheres – foram os mais eficientes na previsão de mortalidade.

Essa descoberta pode ajudar a padronizar critérios de diagnóstico, tornando a avaliação clínica mais precisa.

É possível prevenir ou reverter a sarcopenia?

A boa notícia é que, diferentemente de muitas condições associadas ao envelhecimento, a sarcopenia pode ser prevenida e, em muitos casos, parcialmente revertida. A chave está em intervenções que combinam atividade física, nutrição adequada e acompanhamento médico.

Exercícios de resistência muscular, como levantamento de pesos leves ou uso de bandas elásticas, são fundamentais para estimular a manutenção e o crescimento dos músculos.

A alimentação também desempenha um papel crucial: idosos devem consumir quantidades adequadas de proteína – entre 1,2g e 1,5g por quilo de peso ao dia – distribuídas ao longo das refeições.

Além disso, a suplementação de vitamina D e ômega-3 pode ser benéfica, já que a deficiência desses nutrientes está associada à perda muscular. O acompanhamento médico regular, por fim, permite identificar precocemente os sinais de sarcopenia e intervir antes que o quadro se agrave.

Uma nova perspectiva sobre o envelhecimento saudável

Os resultados desse estudo trazem uma mudança de paradigma no cuidado com a saúde do idoso. Se antes a fragilidade era considerada o principal marcador de risco, agora fica claro que a sarcopenia merece atenção prioritária.

Com métodos de diagnóstico acessíveis e estratégias de prevenção eficazes, é possível reduzir significativamente os riscos associados à perda muscular, garantindo mais anos de vida com autonomia e bem-estar. Para os profissionais de saúde, a mensagem é clara: avaliar a força muscular pode ser uma das melhores formas de prever e prevenir complicações no envelhecimento.

E para os idosos e suas famílias, o recado é ainda mais valioso: nunca é tarde para fortalecer o corpo e investir em uma velhice mais saudável e ativa.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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