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Monitoramento, alimentação e riscos: o que há de novo no manual da OMS para diabetes na gravidez
Quando falamos em diabetes na gravidez, muita coisa evoluiu nos últimos anos, e agora a OMS acaba de divulgar recomendações atualizadas que mudam pontos importantes do pré-natal para mulheres com diabetes tipo 1, tipo 2 ou diabetes gestacional.
Segundo a entidade, o objetivo é tornar o cuidado mais seguro, humano e efetivo, reduzindo riscos para a mãe e para o bebê, ao mesmo tempo em que oferece orientações práticas para o dia a dia.
Um pré-natal mais humano e individualizado
As novas recomendações reforçam que cada mulher vive a gravidez de um jeito, portanto, o pré-natal precisa respeitar isso.
A OMS destaca que:
- o atendimento deve ser acolhedor;
- a mulher deve receber explicações claras, sem termos técnicos desnecessários;
- suas dúvidas e emoções merecem atenção;
- decisões sobre tratamento precisam ser compartilhadas.
Isso porque lidar com a glicemia durante a gestação não é apenas um desafio médico. É também emocional, porque muitas gestantes relatam medo, culpa ou insegurança.
Orientações bem explicadas podem fazer toda a diferença.
Alimentação, atividade física e peso: o tripé do cuidado
A primeira linha de cuidado da OMS envolve três pilares que caminham juntos: alimentação, movimento e acompanhamento do peso.
Alimentação
A OMS recomenda que cada gestante receba orientação personalizada, mas baseada nos pilares da alimentação saudável:
- priorizar legumes, verduras, frutas e grãos integrais;
- consumir proteínas variadas;
- preferir carboidratos de boa qualidade, principalmente integrais;
- evitar excesso de açúcar e industrializados;
- reduzir gorduras saturadas (de origem animal) e eliminar gorduras trans.
Nada de dietas restritivas milagrosas.
O foco é criar refeições equilibradas que ajudem a manter a glicose estável.
Atividade física
Mover o corpo é seguro e recomendado para quem tem diabetes na gestação, salvo contraindicação médica.
Exemplos seguros:
- caminhadas,
- exercícios de alongamento,
- atividades leves e moderadas.
A OMS recomenda 150 minutos semanais de atividade física moderada, adaptados à rotina e ao conforto da gestante.
Ganho de peso
O ganho de peso deve ser acompanhado de forma individualizada.
A OMS está desenvolvendo padrões de referência, mas já reforça que evitar o excesso é fundamental para reduzir riscos ao bebê e à mãe.
Monitoramento da glicemia: peça-chave do pré-natal
Aqui está um dos pontos mais práticos do novo guia.
Automonitorização (teste do dedo)
Todas as gestantes com diabetes (tipo 1, tipo 2 ou gestacional) devem fazer automonitorização da glicose (SMBG) regularmente.
A frequência dos testes não é fixa; deve ser definida caso a caso, considerando:
- tipo de diabetes,
- uso ou não de insulina,
- histórico glicêmico,
- recursos disponíveis.
Monitor contínuo de glicose (CGM)
A OMS diferencia o uso:
- Diabetes tipo 1: recomendado, sempre que possível. Ajuda a identificar rapidamente picos e quedas.
- Diabetes tipo 2 e diabetes gestacional: não recomendado como rotina, mas pode ser usado em situações específicas, quando houver indicação médica e acesso ao recurso.
- Tratamento: insulina, metformina e ajustes necessários
As recomendações da OMS para medicamentos são as seguintes:
Diabetes tipo 1
A gestante deve continuar usando a mesma insulina que já usava antes da gravidez, exceto se houver necessidade de troca para melhorar o controle.
Diabetes tipo 2
Se a glicose não estiver controlada apenas com alimentação e atividade física:
- metformina ou
- insulina
podem ser iniciadas (ambas usadas há anos durante a gestação com segurança quando acompanhadas por profissionais).
Se a gestante já usa remédios inadequados na gravidez (como alguns tipos de comprimidos), eles devem ser substituídos por metformina e/ou insulina.
Diabetes gestacional
Segue a mesma lógica do tipo 2:
- primeiro, mudanças no estilo de vida,
- se não funcionar, metformina ou insulina entram em cena.
Metas glicêmicas individualizadas
Um ponto importante acrescentado nas novas diretrizes, é a de que as metas de glicemia devem ser personalizadas, não padronizadas para todas.
Isso depende de:
- tipo de diabetes,
- risco de hipoglicemia,
- acesso aos métodos de monitorização,
- evolução da gestação.
Mais atenção ao crescimento e bem-estar do bebê
O guia inclui orientações detalhadas sobre ultrassons e avaliações adicionais.
A OMS recomenda:
- Um ultrassom antes das 24 semanas para confirmar data e avaliar o início do desenvolvimento.
- Para mulheres com diabetes tipo 1 ou tipo 2, esse ultrassom deve ser feito o mais cedo possível, com outro no segundo trimestre para checar anatomia e crescimento.
- Após 24 semanas, podem ser feitos ultrassons extras, dependendo da necessidade.
- Quando a gestante usa insulina, pode ser indicada monitorização adicional do bem-estar fetal (como cardiotocografia), conforme avaliação da equipe.
Essa atenção redobrada existe porque bebês expostos a altos níveis de glicose podem:
- crescer demais (macrossomia),
- ter mais dificuldade para estabilizar a glicose após o nascimento.
Retinopatia e rins: avaliações essenciais para algumas gestantes
A OMS faz distinções claras:
Diabetes tipo 1 ou tipo 2
Logo no início do pré-natal, devem ser realizados:
- exame dos olhos (risco aumentado de retinopatia durante a gestação);
- avaliação dos rins.
Diabetes gestacional
A OMS afirma que não é necessário fazer esses exames de rotina, a menos que haja sintomas.
O cuidado não termina no parto: o pós-parto importa e muito
Um ponto pouco discutido no dia a dia do pré-natal é o de que mulheres que tiveram diabetes gestacional têm alto risco de desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida.
A OMS reforça a importância de:
- acompanhamento pós-parto,
- mudança de estilo de vida,
- exames periódicos para monitorar a glicose.
O cuidado continua e é determinante para a saúde futura da mãe.
Diabetes na gravidez e as novas orientações: o que muda no Brasil
Na prática, as diretrizes da OMS têm potencial para melhorar significativamente o cuidado das gestantes com diabetes no país.
Isso inclui:
- pré-natais mais completos, com informações claras e acompanhamento próximo;
- mais acesso a nutricionistas, educadores físicos e endocrinologistas;
- fortalecimento das equipes multiprofissionais no SUS e na rede privada;
- maior atenção ao impacto emocional da gravidez com diabetes;
- acompanhamento pós-parto mais estruturado, especialmente para prevenir diabetes tipo 2.
No fim das contas, tudo converge para o objetivo de uma gestação mais segura e um futuro mais saudável para a mãe e para o bebê.
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