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Estudo alerta: doces, refrigerantes e até balas podem estar ligados à puberdade precoce
O consumo elevado de produtos adoçados, tanto com açúcar quanto com adoçantes artificiais, pode estar associado ao aumento de casos de puberdade precoce entre meninos e meninas.
Essa é a conclusão de um novo estudo observacional apresentado na reunião anual da Endocrine Society, um dos principais eventos mundiais sobre endocrinologia, realizado em julho de 2025, em São Francisco, nos Estados Unidos.
A pesquisa analisou os hábitos alimentares de mais de 1.400 adolescentes em Taiwan.
Ela encontrou uma relação preocupante entre o uso frequente de adoçantes como aspartame, sucralose e glicirrizina (um componente da raiz de alcaçuz) e o início antecipado da puberdade, principalmente em crianças com predisposição genética.
O que a ciência descobriu sobre os adoçantes e a puberdade precoce
De acordo com os cientistas, quanto maior o consumo desses adoçantes, maior era o risco de a criança apresentar sinais de puberdade precoce.
O professor Yang-Ching Chen, da Universidade Médica de Taipei, explicou que essa é uma das primeiras grandes pesquisas a fazer essa conexão entre hábitos alimentares modernos e alterações hormonais que levam ao amadurecimento corporal antes da hora.
A sucralose, por exemplo, foi um dos adoçantes associados ao aumento do risco, especialmente entre os meninos.
Trata-se de um adoçante artificial bastante utilizado em refrigerantes “zero açúcar”, sucos de caixinha, produtos diet/light, iogurtes adoçados e até em adoçantes de mesa em pó ou líquido.
Embora tenha sido criada como alternativa ao açúcar, a sucralose não é inofensiva quando consumida em excesso, principalmente durante a infância.
Já entre as meninas, os riscos aumentaram com a combinação de três elementos:
- Glicirrizina, um composto extraído da raiz de alcaçuz, encontrado em alguns doces importados e balas fitoterápicas (comuns em lojas de produtos naturais);
- Sucralose, presente em diversos alimentos e bebidas industrializados, mesmo quando rotulados como “sem açúcar”;
Açúcar comum, abundante em doces, bolos, biscoitos, bebidas açucaradas e alimentos ultraprocessados em geral.
Esses achados indicam que os efeitos dos adoçantes podem variar de acordo com o sexo da criança, além de serem potencializados pela quantidade consumida no dia a dia.
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Como os adoçantes afetam o organismo infantil
O estudo indica que essas substâncias afetam diretamente dois fatores importantes: os hormônios e o equilíbrio das bactérias intestinais, conhecidos como microbiota intestinal.
Essas bactérias têm influência direta sobre o funcionamento do corpo, incluindo o sistema hormonal.
Em estudos anteriores, os mesmos pesquisadores já haviam observado que o acessulfame de potássio (Ace-K) pode estimular a liberação de hormônios ligados à puberdade precoce.
Já a glicirrizina foi associada a mudanças nas bactérias intestinais e até mesmo em genes que regulam o início do desenvolvimento puberal.
Ou seja, o que as crianças comem ou bebem pode ter um efeito muito maior do que apenas engordar ou causar cáries: pode interferir em fases fundamentais do crescimento e da formação do corpo.
Entendendo melhor o que é puberdade precoce
A puberdade precoce acontece quando o corpo de uma criança começa a se desenvolver mais cedo do que o esperado.
Normalmente, a puberdade começa entre 8 e 13 anos nas meninas e entre 9 e 14 anos nos meninos. Quando esse processo começa antes dessas idades, é considerada precoce.
O tipo mais comum é chamado de puberdade precoce central. Nesse caso, o cérebro envia sinais para os ovários ou testículos começarem a produzir hormônios sexuais antes do tempo ideal.
Apesar de parecer algo inofensivo, a puberdade precoce pode trazer consequências para a saúde física e emocional.
A criança pode parar de crescer mais cedo, ficando com uma estatura menor na vida adulta.
Além disso, estudos indicam que esse desenvolvimento acelerado está ligado a um risco maior de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e até alguns tipos de câncer no futuro.
Riscos maiores em crianças com predisposição genética
Um dos pontos mais importantes da pesquisa foi o cruzamento entre o consumo de adoçantes e a predisposição genética.
Os cientistas analisaram 19 genes ligados à puberdade precoce e perceberam que os riscos eram ainda mais altos em crianças que já tinham tendência a iniciar a puberdade antes do tempo.
Isso significa que o impacto dos adoçantes pode ser ainda mais forte em algumas crianças — o que reforça a importância de uma alimentação equilibrada desde cedo, principalmente para aquelas com histórico familiar de puberdade antecipada.
Diferenças entre meninos e meninas
O estudo também revelou que meninos e meninas reagem de forma diferente aos adoçantes.
Enquanto a sucralose foi o principal fator de risco para meninos, as meninas tiveram risco aumentado com uma combinação de sucralose, glicirrizina e açúcares adicionados.
Essas diferenças de gênero indicam que os efeitos dos alimentos adoçados não são iguais para todos.
Isso reforça a necessidade de olhar com mais cuidado para a alimentação infantil de forma individualizada, levando em conta fatores como sexo, genética e histórico de saúde.
O que os pais e responsáveis podem fazer
Embora o estudo ainda esteja em fase preliminar e não prove uma ligação direta de causa e efeito, os especialistas alertam para a necessidade de moderação.
Produtos com adoçantes, refrigerantes diet e alimentos ultraprocessados devem ser evitados na rotina das crianças, especialmente as mais novas.
Algumas ações simples podem ajudar:
- Reduzir o consumo de doces industrializados, balas e refrigerantes;
- Priorizar alimentos naturais e não processados, como frutas, legumes e refeições caseiras;
- Incentivar o consumo de água em vez de sucos prontos ou bebidas adoçadas;
- Consultar o pediatra em casos de sinais de desenvolvimento precoce, como pelos pubianos, crescimento das mamas ou acne antes da idade comum.
O que dizem os especialistas
Segundo o Dr. Chen, os resultados do estudo são especialmente úteis para pais, pediatras e autoridades de saúde pública.
Eles reforçam que a triagem genética e a moderação no consumo de adoçantes podem ajudar a prevenir a puberdade precoce e suas possíveis consequências a longo prazo.
Apesar de ser um estudo observacional (ou seja, que observa padrões, sem interferir diretamente), as descobertas devem servir de alerta.
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